[12] O que eu ganho em troca?

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Nada substitui o vigor das terras simples que os campos verdejantes do interior proporcionam, onde há mais árvores do que habitantes

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Nada substitui o vigor das terras simples que os campos verdejantes do interior proporcionam, onde há mais árvores do que habitantes. O ar fresco não denso, os gados sobre as estradas e bisbilhotando a rua pelas cercas, os enormes sítios e fazendas com milhares de detalhes e sonhos. Não havia nada que me fizesse sentir mais em casa do que um belo campo solitário ou uma praia tempestuosa. Encontrava abrigo na imensidão saindo da cidade grande sufocante, que quanto mais imerso em sonhos mais no fundo do poço se encontrava. Desejava imensamente ser dono de uma riqueza inigualável e viver o resto dos meus anos num sítio ao longe cuidado de éguas e potros, tartarugas e furões, do que me submeter a corriqueira vida das cidades grande. Já o mar, o mar era sem dúvida uma das maravilhas que encantava as pessoas de todas as idades e jeitos. Às Ondas atormentadas quebrando no banco de areia e os navios ao longe era uma das coisas que via quando viajava a longas distâncias de carro. E pensar que a maior parte da grandiosidade daquelas águas eram desconhecidas até mesmo para o mais velho e sábio dos homens. Menos, para os habitantes marinhos desengonçados que nadavam de jeitos diferentes no fundo de toda essa poluição de cidades acima. Às vezes imaginava o mar se revoltando e tomando posse das terras destruídas pelos homens. Meus avós sempre disseram que um dia o mar tomaria o que era dele, talvez já estivesse acontecendo.

Nas minhas buscas incessantes pelo passado e desconhecido das crenças humanas, foi parar na origem da criação de um pensamento que não existia somente um mas vários deuses de diferentes formas com objetivos diferentes. Talvez isso fosse uma forma de ter mais respeito na época, quando se acredita que o chão que pisa e o ar que respira são fruto de uma divindade bondosa, que poderia ficar enfurecida e mandar raios e tornados, fica mais fácil valorizar as coisas que se tem. Mas no mundo de hoje não há muita crença em um divino, o um Deus que os humanos servem é o dinheiro e a máquina, nada mais que isso.

Não quero dizer que minha vida é estupidamente patética, mas, onde eu errei? Qual foi o momento desde o colo da minha mãe com o bolo da Moranguinho no meu aniversário de um ano, com aquelas pessoas desconhecidas e presentes incríveis até os dias deploráveis de hoje. Qual foi o onusto momento que me senti tão vazio por dentro que nada, nem o mais infame tesouro dos sete mares seria capaz de preencher a imensidão esgotante e torturante de meu ser, quando foi o momento em que me senti tão estupidamente vazio que nem os mínimos detalhes da chuva, dos mares e rios, da área da praia nem dos campos floridos de margarina era capaz de sentir tamanho êxtase de euforia. Quando foi que eu me perdi nos meus estúpidos poemas delirantes?

No meio daquela névoa exorbitante, com tamanha sede de impetuosidade, me encontrei perdido e completamente sozinho.

Até ela aparecer em minha vida, tudo era pateticamente cinza. E não quero dizer de forma clichê : meu Deus, agora eu vejo cores! Isso soa romancista demais, e eu odeio livros de romances. Odeio qualquer coisa referente ao amor que eu sabia que nunca iria alcançar, mas tudo com Jungkook parecia perfeitamente incrível.

Talvez eu tenha encontrado o caos que sempre desejei, nunca gostei da calmaria. Me dá ansiedade, raiva, angústia. O clima propício a coisas boas, o bom é o caótico, aquele que não sabe o que vai acontecer, o medo incessante de que a qualquer momento sua vida possa virar de cabeça para baixo. Eu gostava de adrenalina, do vigor para saber que ainda estou vivo e que podia sentir alguma coisa. E eu senti.

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