(2) Memórias do Ouro

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Zhongli sentia-se a dormir nas nuvens. Parecia que todos os seus problemas tinham desaparecido naquela noite, como mais nada fosse mais seu problema. Mais parecia que tinha renascido, recomeçado do zero e que tudo o que estava para trás era de uma vida passada.

Do lado de fora do quarto, Tartaglia andava um tanto quanto ansioso, formulando questões que poderia fazer quando tivesse um pouco mais de intimidade com o habitante de Liyue. O Arconte parecia que tinha dormido do lado de fora do quarto, por se encontrar ali tão cedo e já há tanto tempo. Embora tentasse ter calma e deixar o seu desejo de lado, como o seu irmão lhe pedira, era impossível. Tartaglia queria tanto Morax, queria ele debaixo dos seus pés, queria a pele dele num casaco vistoso... Enfim, eram mil usos possíveis para o corpo do Dragão.

- O que é que estás a fazer aqui de manhã? - Teucer surgiu, já mais tardiamente, com roupas mais formais, num tom sério, mostrando a sua oposição contra o irmão.

- Estou à espera que ele acorde, mandei preparar um quarto para ele. Ficarei responsável pelo alojamento dele aqui, até ele recuperar e seguir o seu caminho seja lá para onde for - respondeu, sem parar de andar e ainda absorto nas perguntas que deveria fazer ao estrangeiro.

- Huh? De onde surgiu essa preocupação? - estranhou o irmão mais novo, uma vez que no dia anterior o comportamento do ruivo tinha sido antagónico.

- Eu... Eu estou muito obsessivo, não é? - Childe parou de andar, olhando para o irmão com medo da resposta. Teucer assentiu e cruzou os braços, ainda com um semblante sério - Eu prometi-te que seria melhor, mas juro... Eu não consigo parar de pensar naquilo. Eu só quero que o pai seja vingado! Foi tudo tão... Tão injusto! - exasperou, levando as mãos até aos seus fios ruivos e puxando-os levemente.

- Lembras-te do que me dizias? Sobre a mãe? Que eu não deveria sentir culpa e seguir a minha vida com ela no coração? - Teucer aproximou-se, abraçando Childe que rapidamente devolveu o abraço - A culpa também não foi tua, Ajax, tens de seguir. Nós não sabemos os motivos e, talvez, seja melhor nós não sabermos.

- Eu sei Teucer, eu sei! - suspirou pesadamente - Mas continua a não fazer sentido! Porquê? É essa pergunta que não quer calar - a voz de Childe falhou ligeiramente, mostrando a emoção que se fazia sentir no seu peito.

- Talvez eles tenham tido algum problema mal resolvido... Ajax, nós não somos o pai para saber - Teucer dirigiu o seu olhar para cima, por ser mais pequeno que o irmão, dando-lhe um sorriso caloroso e de conforto.

Childe odiava que lhe chamassem Ajax, uma vez que o remetia a um "eu" do passado, um "eu" que ele mesmo tinha deixado de ser. Porém, a forma como o irmão lhe chamara lembrava-lhe da mãe; a ternura, o carinho e a delicadeza na voz. Uma vez mais, Teucer era o reflexo perfeito da mãe e cada vez mais tornava-se mais óbvio. Totalmente amolecido, Childe não conseguiu repreender o irmão, apenas aceitou o seu primeiro nome.

- Eu adoro o jeito carinhoso que dizes Ajax - Childe riu, desajeitando o cabelo do mais pequeno, fazendo o irmão gargalhar - Fazes-me lembrar a mãe.

- É por isso que sou o único que tu permites que chame pelo teu nome? - Tartaglia não teve tempo de responder, visto que a porta do quarto onde Zhongli estava, se abriu, revelando o mesmo com um ar delicado, ainda que se notasse a sua face ligeiramente inchada de dormir.

Os dois irmãos se separaram do abraço e Teucer deu um grande sorriso a Zhongli - Bom dia senhor Zhongli! Como é que se está a sentir hoje? Já passou as pomadas que lhe deixei ontem nas costas?

- Como é que tu sabes o nome dele? - o ruivo perguntou, interrompendo a série de perguntas que o irmão fizera. Nem ele próprio sabia o nome do homem!

Incessantemente || Tartali - ZhongchiOnde histórias criam vida. Descubra agora