(11) Pedido de Um Arconte

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Não gostava lá muito de ser acordado por terceiros, odiava, na verdade. Foram inúmeras as vezes que atirou a almofada à cara do irmão. "Vamos, Teucer, a reunião vai começar", "Vai Teucer", "Fulano espera por nós"... Argh! Teucer odiava tanta burocracia. Era curioso que mesmo não sendo o Arconte, este era sempre arrastado para tudo o que era canto.

Porém, Teucer sabia que era necessário. Apesar de Tartaglia conseguir manipular bem as emoções - ou quase isso, na verdade ele varria as mesmas para debaixo do tapete e era uma questão de tempo até explodir com alguém -, o Arconte sentia-se seguro com Teucer. O seu lado emocional e racional chegavam num equilíbrio. Tartaglia reconhecia que o seu maior suporte era e sempre seria Teucer, pois, apesar de ser bem jovem, o moço tinha uma inteligência emocional incrível e invejável.

Todavia, não estava no Palácio e muito menos em Fontaine! Qual era a necessidade de acordarem-o a estas horas?

- Raios partam... - quando abriu os olhos assustou-se com o par de olhos amarelados à sua frente e pulou instintivamente para trás - Arcontes do céu!

Xiao ergueu-se e cruzou os braços.

- Pensava que estavas morto. Dormiste muito.

Teucer olhou em volta, com a visão meio baça e com o mundo ainda estava a girar muito. Estava a dormir tão bem, estava a descansar como bem merecia... A sua vontade era de dar uma lição naquele miúdo de metro e meio, até que se lembrou que aquele "miúdo" era uma criatura mítica e trabalhava para Morax.

- Hã? - questionou, confuso. Não conseguia processar nada.

Até que se lembrou que não estava ali para brincar, mas para achar o teimoso do irmão. Tentou procurar por um relógio, mas não o achou, então, tentou ignorar o corpo preguiçoso e cansado e levantou-se, esticando os membros. Bocejou umas quantas vezes e só depois sentiu-se finalmente acordado.

O Adeptus permaneceu quieto, como uma estátua, só ouvindo e observando o jovem como um pequeno gato a esforçar-se para acordar. Quando estava erguido, Teucer foi até a pia lavando a cara com água fria.

- Já estás acordado? - Alatus perguntou, impaciente. O estrangeiro olhou para o mais baixo e este continuou - Pega nas tuas roupas e depois vem ter comigo lá fora.

Teucer anuiu vendo o Adeptus abandonar o local. Logo depois, vestiu a camisa e os trapos todos que havia tirado no dia anterior. Calçou-se quando se dirigia à saída, não teve uma instância de segundo, sentiu-se levitar e uma luz forte o invadiu. Tudo isto durou uma fração de segundo, pois, logo depois, Teucer abriu os olhos e deparou-se com uma casa humilde.

Reconheceu-a. Não se lembrava bem de onde, mas aquela imagem havia surgido na sua mente várias vezes desde que chegou a Liyue.

- A minha missão está feita. Cuidado, miúdo - Xiao proferiu, evaporando logo depois, levado por uma rajada de vento.

Teucer sacudiu a cabeça, de facto, algo naquela casa era similar, não se lembra de quando a viu, mas teve a certeza de que era obra do Deus de Liyue, quando viu Zhongli a sair de casa com o irmão manquejando apoiando no mais velho. Ficou estático e, após o seu momento de choque, ajoelhou-se no chão e levou as mãos em direção ao céu, agradecendo mentalmente ao Arconte por ter protegido aqueles dois.

A figura de Teucer não passou despercebida a Tartaglia que notou e cutucou o ombro de Zhongli freneticamente. O seu coração quase saiu pela boca ao ver o irmão ali e, mesmo que estivesse com algumas dores, ainda que leves, o mais velho arrastou-se para junto de Teucer.

- Oh santo Achelous, Teucer, o que fazes aqui? Como vieste parar aqui? Como sabias que-

Antes do mais velho encher o outro de perguntas, Teucer cortou-o levantando-se de de pulo e abraçando-o com toda a sua força.

Incessantemente || Tartali - ZhongchiOnde histórias criam vida. Descubra agora