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entro em casa estranhando o silêncio absurdo já, pego uma 38 que fica escondido no jarro de planta e me sento na poltrona da sala segurando minha arma.

se o galego achou que eu ia deixar ele aí sem uma ajuda, ele tá muito enganado. Escuto barulho de pessoas andando e fico mais retraída do que já estava

ela não tá em casa- ouço o galego falando

é o que vamos descobrir- alguém responde pra ele e abre a porta em seguida

arregalei os olhos assim que eu vi nada mais nada menos do que o diabo do marechal piergas, olhei assustada pro galego e o mesmo me olhou com os olhos marejados negando com a cabeça.

o piergas abriu um sorriso enorme ao me ver, esse sádico do caralho. galego veio correndo na minha direção e me abraçou como se realmente fosse a última vez.

eu enviei os alertas, era pra você ir embora com eles- ele Sussurrou no meu ouvido

eles estão bem e eu nunca iria te deixar, se eu fosse embora sem te ajudar seria uma frouxa e estaria colocando eles em um risco maior ainda comigo na pista- sussurro de volta retribuindo o abraço dele

nos soltamos e ele se afasta um pouco de mim me dando um beijo na testa

o piergas senta no meu sofá e suspira como se fosse contar algo ensurdecedor...

Sabe Mirela... eu tive muita dor de cabeça por sua causa, o que acabou não valendo tanto a pena o que eu te fiz passar- ele cruza as pernas e acende um charuto- você era uma policial impecável que por um deslize teve a vida virada de cabeça pra baixo, e sinceramente, não me arrependo de ter sido o causador desse inferno. Eu estava lá em todos os momentos, mesmo sem você me ver- marechal

do que você tá falando- falo entre os dentes

na sua formação na polícia, no seu estupro, na minha primeira missão, eu sempre estive ali. Só que eu precisa de mais, precisa me divertir com você, eu via que você tinha garra pra sobreviver a qualquer circunstância, então fiz questão de te mandar pra sua primeira missão a qual acabou com a sua vida- gargalha- não foi tão difícil mexer uns pauzinhos aqui e outros ali para poder ver as coisas acontecendo, no começo confesso que fiquei relutante ao apostar em você e não em uma branca do olho claro que também trabalhava junto a ti- ele diz pensativo- nós do alto escalão fazemos  isso a cada 5 anos, e esse ano a sortuda foi você- marechal

a cada palavra desse homem eu ficava mais horrorizada e enojada

do que você tá falando- eu

não tem muita mistério, você só precisa ligar alguns pontos... seu amigo morto no confronto, sua amiga que te avisava das missões- ele joga no ar

eu não tô entendendo- falo me irritando

nada aconteceu com você por acaso, foi tudo de propósito para vermos até aonde você aguentaria, óbvio que algumas coisas eu não tinha nada a ver, mas outras eu fui o mandante. É uma forma prazerosa de poder brincar com as pessoas e poder dar mais emoção a nossa vida a partir da vida dos outros- marechal

você é um lunático- digo desacreditada

galego não fala uma palavra, só olha pra baixo negando com a cabeça

em uma dessas minhas apostas eu conheci uma mulher incrível que me deu um filho que eu nunca poderia assumir por conta do meu cargo e da minha vida. A mãe do Alef era igualzinha a você, batalhadora, cheia de sonho e garra pra conquistar tudo na vida- marechal

galego me olha chorando e eu não consigo acreditar, como ele pode fazer isso comigo, eu me sinto despedaçada.

ah não, não se preocupar pq ele também não sabia que eu sou o pai dele, foi um acordo que eu e a mãe dele fizemos quando ela ainda era viva, infelizmente tive que recorrer a ele para poder chegar a você sem ter que matar alguém ou fazer coisa pior. A mãe do Alef me ensinou muita coisa boa nessa vida e uma delas foi o amor, eu também sempre estive acompanhando o meu filho de perto e fiquei surpreso que mesmo depois de tudo ter dado certo pra ele, ele quis se envolver com o tráfico- fala frustrado- invadi a vida do Alef de uma fora bruta e prepotente apenas para que eu pudesse chegar até você e que pudesse te parabenizar por ter consigo resistir a tudo- Marechal

o que eu faço com a porra do seu parabéns- grito em cima dele- enfio na porra do meu cu caralho? você tem noção de que você é uma pessoa horrível que acaba com a vida dos outros por pura diversão, você é um psicopata, você me acompanhou por anos pra poder apostar em mim na porra de uma aposta de gente lunática e maluca- agarro na paletó dele o balançando- Eu quase morri por sua causa e quando eu tenho um momento de paz na minha vida você me vem contando que tudo não passou da porra de uma aposta pra você poder brincar e se divertir através da minha vida? é isso mesmo? você não tem vergonha disso não? seu porco imundo do caralho- jogo ele de volta no sofá

galego continua sentado sem uma reação mas ainda atento

eu passei o pão que o diabo mastigou e cuspiu na minha cara, tudo por um mero entretenimento- começo a chorar de ódio e destravo a arma- eu vou atrás da sua família e eu vou matar todo mundo, você até pode ser pai biológico do galego, mas ele nunca vai ser o lixo de pessoa que você é, essa pessoa sem escrúpulos, sem empatia e um pingo de humanidade- Aponto a arma pra ele- não se ilude não marechal piergas, você vai morrer só depois de ver eu matando cada um da sua família na sua frente- chego bem pertinho dele e o mesmo arregala os olhos- eu vou matar pessoa por pessoa, parente por parente, eu vou dízima a sua família todinha e depois eu vou fazer você cortar o pedaço de cada pra você mesmo poder fazer um enterro digno- gargalho- obviamente que você vai ser enterrado junto com eles, só que vivo... pra você poder agonizar e sentir na pele cada segundo da sua vida se esvaindo- falo

em um movimento rápido atiro no homem que estava em pé perto da porta e o Marechal se assusta

não precisa ficar com medo- sorrio- o único aqui que se diverte com a vida dos outros é você, só que eu vou fazer você pagar tintin por tintin- eu

eu não esperava menos de você, e eu já imagina isso- ele da risada negando com a cabeça- você é uma pessoa tão previsível Mirela, se eu quisesse te matar você já estaria morta, o intuito é que você viva e sobreviva a todos os seus limites- ele se levanta ajeitando seu paletó- caso você queira o seu cargo na polícia novamente você ainda subirá de patente por ter passado em todos os testes- marechal

olho pra ele toda me tremendo

e alef, nunca me fiz presente em sua vida e não vai ser agora que irei fazer, viva sua vidinha pacata e não se incomode comigo, tudo que eu já tinha pra fazer e que queria fazer já foi feito- marechal

assim que ele se levanta do sofá e vai em direção a saída atiro nas suas duas pernas e nos seus dois braços, chamo os vapores e mando jogarem ele em frente ao batalhão

olho pro galego ainda aterrorizada e ele levanta vindo ao meu encontro

você realmente não sabia disso né- pergunto esperançosa

eu nunca menti pra você Mirela, eu tô sem ação até agora por descobrir uma porra dessa e desse jeito, meu mundo caiu quando ele me falou essa porra mais cedo- galego diz chorando de cabeça baixa

levanto a cabeça dele e olho nos seus olhos

eu te amo muito- falo agarrando ele

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que isso, um filme?

Será que isso foi um sonho ou realmente aconteceu?!

Uma Policial da PesadaOnde histórias criam vida. Descubra agora