Capítulo 15

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IAGO HÉRNANDEZ

O mês tinha passado desde a morte de Leonardo, e a atmosfera ao redor do poder se tornava cada vez mais carregada. Eu e meus primos, estávamos voltando de uma reunião com o presidente, um evento que sempre parecia se arrastar e pesar sobre os ombros como uma pedra. O carro blindado que nos transportava rolava pela estrada escura da Espanha, suas luzes iluminando a paisagem noturna em uma dança de sombras.

— Adrian, você já pensou em quem será o próximo a se casar? — Martim perguntou, inclinando-se para frente no banco de trás. Seu tom era brincadeira, como se estivesse se preparando para uma das suas tiradas habituais.

Adrian olhou para Martim através do espelho retrovisor.

— Não tenho planos de me casar tão cedo. Além disso, o que você acha, Martim? Vai ser você o próximo?

Martim soltou uma risada seca.

— Prefiro morrer a me casar. A ideia de uma esposa é simplesmente insuportável.

A conversa estava em um tom leve, quase divertido, até que a tranquilidade foi abruptamente interrompida. Um som de tiros ecoou ao nosso redor, fazendo o carro tremer e o vidro blindado se estilhaçar com uma força que fez a adrenalina subir instantaneamente. Eu me inclinei para frente, meu olhar se encontrando com o de Adrian e Martim, cada um com uma expressão de choque e compreensão imediata.

— Estamos sendo atacados! — gritei, o som da minha voz se misturando com o barulho dos disparos. Martim tentou aligerar o clima, mesmo no meio do caos.

— Parece que minhas palavras têm mais poder do que eu imaginava. Pede por mulheres bonitas agora, Adrian!

Antes que eu pudesse responder, o carro foi atingido por uma bomba, e o impacto fez o veículo girar descontrolado. O calor e a fumaça preencheram o interior. Sem pensar duas vezes, nós três saímos do carro, correndo em direções opostas.

A pista estava escura, as árvores ao redor se estendendo como sombras ameaçadoras. Ouvíamos os gritos e os disparos enquanto tentávamos encontrar uma cobertura segura na mata.

— Adrian, fique atento! — gritei enquanto me movia rapidamente, a umidade do solo e a vegetação densa tornando a corrida ainda mais difícil.

A troca de tiros se intensificou. Eu me escondia atrás de uma árvore robusta, espiando ocasionalmente para identificar a localização dos inimigos. As balas zuniam ao meu redor, e a vegetação ao meu lado era dilacerada pelos tiros inimigos.

Martim e Adrian também estavam em seus respectivos esconderijos, atirando com precisão e mostrando a eficácia de sua experiência em combate.

— Eu vejo mais dois! — Martim gritou através do rádio comunicador, sua voz carregada com um tom de desprezo. — Cuidado, eles estão se aproximando.

A luta parecia interminável, com o som dos tiros misturado com os gritos de dor dos adversários. A noite estava repleta de caos e o cheiro de pólvora queimava no ar. Quando a poeira começou a assentar, eu avistei um inimigo se aproximando de Adrian. Antes que eu pudesse alertá-lo, um grupo de inimigos estava prestes a atacar, e os tiros começaram a ser disparados contra Adrian.

— Adrian! — gritei, correndo para a direção onde ele estava.

Adrian estava caído, seus gritos de dor se misturando ao som das balas. Ele tinha sido atingido no calcanhar, e o sangue estava manchando o chão ao seu redor. Eu me joguei ao seu lado, observando os inimigos ao longe, tentando determinar a melhor forma de protegê-lo.

— Fique aqui, Adrian! — ordenei, enquanto pegava meu rádio — Martim, preciso de cobertura!

Martim, com seu olhar enraivado, começou a fornecer cobertura pesada, suas balas acertando os inimigos que se aproximavam. Enquanto isso, eu me movi rapidamente, tentando estancar o sangramento de Adrian e garantir que ele estivesse em segurança. O combate estava longe de terminar, mas, ao menos, conseguimos neutralizar a maioria dos atacantes.

Depois de alguns minutos que pareceram horas, o silêncio começou a se instalar, e os inimigos estavam no chão. Eu me levantei, ofegante e com o coração acelerado, observando o estrago ao meu redor. Olhei para Adrian, que estava inconsciente, e me senti um misto de alívio e preocupação.

— Tudo bem, Adrian — eu murmurei, tentando acalmá-lo — Vamos cuidar disso. Só segure firme.

Martim se aproximou, suas roupas manchadas de sujeira e sangue.

— Não sei se podemos dizer que saímos vencedores, mas pelo menos estamos vivos.

— Sim — respondi, olhando ao redor — Agora precisamos levar Adrian para um lugar seguro e tratar desses ferimentos.

**Capítulo: No Coração da Tempestade**

O hospital estava repleto de movimento e agitação quando chegamos. As luzes brilhantes e o zumbido constante dos equipamentos médicos contrastavam com o caos desta madrugada.

Adrian foi levado de imediato para a sala de emergência, e eu me vi esperando na área de espera, tentando processar o que acabara de acontecer. A adrenalina ainda corria em minhas veias, e a ansiedade pelo estado de Adrian era palpável.

A nossa família logo chegou. Giordana estava entre os primeiros a chegar, e o olhar de pânico em seu rosto fez meu coração se apertar. Ela correu em minha direção assim que me viu, seus olhos brilhando com lágrimas contidas. Sem palavras, ela se agarrou a mim, seus braços envolvendo-me em um abraço apertado.

— Iago, estou com tanto medo — ela murmurou, sua voz trêmula — E se algo tivesse acontecido com você? Per Díos! Olha o que aconteceu com Adrian, temo por ele também.

Eu tentei acalmar seu desespero, colocando uma mão reconfortante em suas costas.

— Giordana, ele está recebendo o melhor atendimento possível. Os médicos são competentes, e vamos fazer o possível para garantir que ele fique bem.

— Eu só... não consigo lidar com isso
— ela disse, sua voz entrecortada pelo medo — Minha vida mudou completamente desde que você entrou nela. Eu não sei como lidar com tudo isso. Às vezes, sinto como se tudo ao meu redor estivesse desmoronando.

— Vamos dar um passo de cada vez — eu disse, tentando manter a calma — Por enquanto, vamos nos concentrar em ajudar Adrian e depois pensaremos no resto.

Levantei-me, guiando Giordana para fora da área de espera. Ela olhou para mim com uma mistura de gratidão e preocupação, e eu a conduzi até o meu carro, estacionado próximo ao hospital. O interior do veículo oferecia um refúgio temporário da correria do hospital. Quando entramos no carro, Giordana se sentou no banco do passageiro, e eu entrei do lado do motorista.

— Você sempre faz com que eu me sinta segura, mesmo quando tudo ao meu redor está desmoronando — ela disse, sua voz mais suave — Eu... eu não sei o que faria sem você.

Eu a observei, a expressão confusa no meu rosto.

— Giordana, o que você quer dizer com isso? Sua vida mudou desde que eu entrei nela. Como assim?

Ela hesitou, olhando para fora da janela por um momento antes de se voltar para mim.

— Desde que nos conhecemos, minha vida se transformou de maneiras que eu nunca imaginei. Você trouxe algo para minha vida que eu não sabia que precisava. Não é só sobre segurança, mas sobre como você faz eu me sentir. Eu me sinto... completa de uma maneira que nunca experimentei antes.

Eu estava prestes a responder quando uma batida abrupta na janela interrompeu o momento. Martim estava lá, seu rosto coberto de sujeira e sua expressão de alívio.

— Iago! — Martim gritou, sua voz carregada de emoção — Adrian acordou! Ele está bem, mas precisa de mais cuidados. Vem rápido!

O alívio foi instantâneo, e eu me virei para Giordana, tentando lidar com a mistura de sentimentos.

— Giordana, precisamos voltar. Adrian acordou. Ele vai precisar de nós.

Giordana assentiu, seus olhos ainda brilhando com lágrimas, mas agora de alívio.

— Obrigado por estar aqui para mim, Iago. Significa mais do que você imagina.

A Inabalável- Nova Era 6 - Conto Onde histórias criam vida. Descubra agora