Capítulo 12

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IAGO HÉRNANDEZ

Era uma manhã comum no galpão da organização, e a sala onde estávamos reunidos estava mais animada do que de costume. Eu estava sentado em minha cadeira de couro, os olhos fixos nos papéis à minha frente, enquanto meus primos Martim e Adrian jogavam conversa fora.

Martim, como sempre, era a alma da festa, cheio de piadas e comentários afiados. Adrian, mais sério, tentava manter alguma compostura, mas era evidente que até ele estava relaxado demais para o ambiente que normalmente exigia tanta seriedade.

— Caralho. Ela disse isso mesmo? — Martim se inclinou para frente, os olhos brilhando com o relato que eu acabara de compartilhar.

Eu apenas assenti, sem olhá-lo diretamente, ainda digerindo os acontecimentos. Era raro uma mulher enfrentar minha mãe daquela maneira, e ver Giordana fazer isso tinha despertado algo em mim, uma admiração inesperada.

— Já gostei dela, ela é foda. — Martim concluiu com um sorriso largo.

— Foda talvez não, mas é corajosa por enfrentar tia Cintia dessa forma. Um tanto... peculiar, não acham? — Adrian retrucou, sempre o diplomata, tentando encontrar um equilíbrio entre o que era apropriado e o que realmente pensava.

— Não venha com essa chatice de bons modos, Adrian. Sabe bem que isso ficou lá no tempo do ronca, essa mulher é incrível. É com uma assim que quero me casar um dia. — Martim disse com convicção.

Adrian e eu trocamos um olhar cético. Martim, o eterno solteiro convicto, falando de casamento? Era o tipo de coisa que só poderíamos levar a sério até certo ponto.

— Eu disse um dia, que está bem distante. — Martim se defendeu, levantando as mãos em sinal de rendição.

Eu revirei os olhos, voltando ao que estava fazendo, mas não pude evitar um sorriso. Martim sempre foi um exagerado, mas também tinha uma maneira única de animar qualquer situação.

— Falando em casamento, já está quase na hora de Adrian arranjar uma noiva. Não acham? — Martim provocou, lançando um olhar malicioso para nosso primo mais sério.

Adrian lançou-lhe um olhar fulminante.

— Por que você não toma conta da sua vida, irmão?

— Porque, querendo ou não, mesmo a sua sendo um porre de tão chata, é mais legal. — Martim respondeu como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. — Eu quero sobrinhos para ensiná-los a ser como eu.

— Mais um motivo para mantê-lo longe dos meus possíveis futuros filhos. Você os estragaria antes mesmo de nascerem. — Adrian resmungou, me fazendo rir.

— Martim tá um pé no saco hoje, hein? O que aconteceu? Sua prostituta está naqueles dias? — perguntei, finalmente me voltando para ele, que me devolveu com um dedo do meio erguido.

— Assim você me ofende, Iaguinho. Não sou esse libertino que dizem, eu tenho um coraçãozinho. — Martim fez um coração com as mãos e o posicionou no peito, assumindo uma expressão ridiculamente desolada.

— Sei bem o coração que você gosta de ter. — Adrian murmurou com um sorriso irônico, referindo-se à velha piada interna sobre bundas que cultivávamos desde a infância.

Martim nos encarou por um momento antes de explodir em uma risada.

— Haha, vá se foder, Adrian.

Todos nós rimos juntos, e a atmosfera leve era um alívio bem-vindo no meio de tantos compromissos sérios e pesados.

A porta se abriu de repente, e Isaac entrou, um sorriso largo no rosto. Ele era nosso primo norueguês, filho da irmã do meu pai, e sua chegada sempre trazia uma energia boa. Levantamo-nos para recebê-lo, e Martim não perdeu tempo em envolver o novo chegado em um abraço de lado.

A Inabalável- Nova Era 6 - Conto Onde histórias criam vida. Descubra agora