Capitulo 18

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IAGO HÉRNANDEZ

As luzes do salão refletiam de forma elegante sobre o chão de mármore polido, criando um ambiente perfeito para o evento que Giordana estava organizando com tanto cuidado. Eu caminhava ao lado dela, orgulhoso de como tudo estava acontecendo conforme o planejado.

Não era apenas um evento de caridade, era um encontro estratégico de poder e influência, onde cada palavra dita e cada gesto realizado carregava significado. Os Savóia e os Hérnandez estavam presentes em peso, conversando e interagindo como se tudo estivesse normal, como se nosso mundo não fosse cercado de maldade.

Giordana estava deslumbrante em um vestido marfim que caía perfeitamente sobre suas curvas, exalando elegância e autoridade. Cada passo que ela dava ao meu lado parecia ecoar a confiança que ela carregava.

Eu via nos olhos dos outros a admiração por ela, e isso só aumentava meu orgulho. Ela não era apenas minha esposa, mas também uma aliada formidável, a mãe do meu filho ou filha e a primeira-dama da máfia espanhola.

O único ausente era Adrian. Eu sabia que ele preferia o isolamento, se recusando a participar de eventos como esse. Parte de mim entendia sua relutância, mas outra parte desejava que ele estivesse aqui, ao nosso lado, mostrando a força da nossa família.

Enquanto Giordana e eu circulávamos pelo salão, cumprimentando aliados e figuras importantes, notei Martim conversando com Hope. Ele sempre teve um jeito fácil com as mulheres, e Hope parecia estar se divertindo com sua atenção. Ela riu de algo que ele disse, jogando a cabeça para trás de forma simples, antes de sussurrar algo no ouvido dele.

Martim, com um sorriso malicioso, a conduziu discretamente para um canto mais reservado do salão. Eu balancei a cabeça, sabendo que ele estava apenas sendo ele mesmo, mas uma parte de mim sabia que essa aproximação poderia trazer problemas mais tarde.

— Amor, vamos cumprimentar o embaixador agora — disse, fazendo minha esposa sorrir abertamente. Eu sabia que ela estava ansiosa para fazer boas conexões, e a presença de figuras políticas importantes como o embaixador poderia ser crucial para nossos planos futuros.

Antes que pudéssemos dar mais um passo, senti um movimento brusco ao meu lado. Giordana tropeçou levemente, e quando olhei, vi que Afrodite estava ali, um sorriso de satisfação no rosto enquanto segurava um copo de bebida.

Em um movimento calculado, ela derramou o conteúdo do copo no vestido marfim impecável de Giordana. O líquido escorreu pela seda, manchando o tecido com uma rapidez irritante.

Por um momento, o salão pareceu parar. Todos os olhares se voltaram para nós, esperando ver como reagiríamos. Giordana congelou, seus olhos focados na mancha que se espalhava pelo seu vestido. Eu podia sentir a tensão crescer ao nosso redor, e o que veio a seguir foi um lembrete brutal do mundo em que vivíamos.

— Olha só, Giordana, que falta de jeito — Afrodite comentou, o tom de voz carregado de sarcasmo. O desdém em seus olhos era claro, um desafio direto à autoridade de Giordana.

Eu sabia que Giordana não deixaria isso passar. Ela não era do tipo que abaixava a cabeça diante de uma provocação, especialmente em público. Ela ergueu o queixo e deu um passo à frente, sua postura imponente e cheia de poder.

— Se está tentando chamar a atenção, Afrodite, conseguiu — Giordana disse com uma calma gélida. — Mas vou te dar um conselho: da próxima vez, pense duas vezes antes de tentar me humilhar em público. Pode não gostar das consequências.

Afrodite abriu a boca para responder, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, Cintia entrou em cena, colocando-se entre as duas. Eu sabia que ela faria isso. Ela sempre protegeu Afrodite, mesmo que isso significasse se meter em problemas maiores.

— Afrodite não fez nada que merecesse essa resposta, Giordana. Talvez você esteja exagerando — Cintia disse, tentando manter o tom conciliador, mas eu via a tensão em seus ombros.

Antes que a situação pudesse piorar, meu pai, se aproximou rapidamente e segurou o braço dela com firmeza.

— Deixe isso, Cintia. Não é o momento, nem o lugar. — o tom dele era autoritário, um aviso de que ela estava prestes a cruzar uma linha perigosa.

Cintia hesitou por um momento, seus olhos indo de Afrodite para Giordana e depois para meu pai. Ela sabia que ele estava certo, mas a raiva em seus olhos mostrava que não estava feliz com isso. Ela deu um passo para trás, mas o olhar que lançou para Giordana prometia que essa história ainda não tinha terminado.

Eu me aproximei de Giordana, colocando minha mão em suas costas em um gesto de apoio. Ela olhou para mim, seus olhos ainda cheios de fogo, mas também de uma determinação silenciosa. Eu sabia que isso não iria desestabilizá-la. Ela era mais forte do que isso, e sabia que, naquele momento, manter a compostura era crucial.

— Vamos sair daqui e cuidar disso — sugeri, minha voz baixa o suficiente para que só ela pudesse ouvir.

Giordana assentiu, mas antes de sair, ela lançou um último olhar para Afrodite, que ainda estava parada com um sorriso satisfeito no rosto. Eu sabia que aquilo não terminaria ali.

Enquanto observava Giordana com o vestido manchado de bebida, não consegui deixar de pensar em como essa noite, que deveria ser tranquila e cheia de aparências, tinha dado uma reviravolta.

Eu sabia que o temperamento de Giordana não era dos mais fáceis, e ver Afrodite agir daquela forma era como acender um pavio curto. Quando Beatrice se aproximou, vi no semblante dela a preocupação mista com a tensão do momento.

— Gio, vamos ao banheiro arrumar essa bagunça, antes que eu mate aquela vagabunda! — Beatrice sugeriu, pegando levemente no braço de Giordana, tentando tirá-la do centro das atenções. Giordana olhou para mim por um segundo, e eu percebi a fúria em seus olhos, mas ela sabia que aquela não era a hora nem o lugar para um escândalo maior.

Com um aceno, ela deixou Beatrice guiá-la pelo salão até o banheiro, enquanto os murmúrios das pessoas ao redor ecoavam pelo ambiente. Assim que Giordana e Beatrice desapareceram pela porta, Martim se aproximou com seu habitual sorriso travesso, mas eu conhecia aquele olhar. Ele estava curioso, talvez até pronto para provocar.

— O que foi aquilo, Iago? — Martim perguntou, claramente interessado no que acabara de acontecer.

— Afrodite — eu disse entre dentes, minha raiva quase palpável — Ela derramou a bebida de propósito no vestido de Giordana.

Martim levantou uma sobrancelha, mais surpreso do que deveria estar.

— Quer que eu faça algo a respeito?— perguntou, o tom despreocupado contrastando com a seriedade da situação.

— Sim. Quero que você dê um sumiço nela. Ainda essa noite. Ela foi longe demais. Quero a cabeça de Afrodite.

Martim soltou um assobio baixo, mas não discutiu. Ele sabia que quando eu tomava uma decisão, especialmente uma como essa, não havia volta.

— Considere feito, Iaguinho — ele disse, antes de me dar um leve tapinha no ombro e se afastar, pronto para executar a ordem.

Enquanto Martim se afastava, meu olhar se fixou na porta do banheiro onde Giordana e Beatrice tinham entrado. Essa noite não acabaria como Afrodite pensava. Não havia espaço para desrespeito na nossa vida, e ela acabaria entendendo isso da maneira mais difícil.

A Inabalável- Nova Era 6 - Conto Onde histórias criam vida. Descubra agora