Capitulo 2 - De volta ao passado

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Para explicar o olhar de ódio de Andrês, temos que voltar ao passado. Mais especificamente a cinco anos antes dos meus dezesseis anos.

Na minha antiga escola eu era bem popular e meio que "líder" de um grupinho de garotos e garotas populares. Nós não erámos de fazer coisas cruéis como colocar pessoas em armários, enfiar cabeças em vasos sanitários e tampouco ficamos pegando no pé de uma pessoa só, mas sim zoavamos todo mundo e dificilmente alguém entrava no nosso grupinho fechado.

Certo dia um nerd magrelo e espinhento chegou a nossa classe. Ele entrou na sala em seu primeiro dia de aula e parece que seu olhar grudou ao meu. Eu sorri amarelo. Eu não queria que ele pensasse que eu queria ser simpática com ele, então virei para minha melhor amiga, Rose, uma moreninha de cabelo enrolado, e comecei a conversar com ela, ignorando-o. Esse garoto não era outro se não Andrês. Ele logo mostrou ser bastante inteligente tirando o meu primeiro lugar na sala, que me deu tanto trabalho para conseguir.

Eu não era nerd nem nada, mas eu estudava bastante e preferia ler ao assistir televisão. Isso quando eu não estava saindo com os meus amigos. Quando em casa sozinha, os livros eram minha companhia. Os meus livros prediletos eram de fantasia, com os quais eu podia viajar por mundos mágicos e imaginar que eu pertencia a outro mundo. Vampiros, lobisomens, deuses, fadas e outros povoavam a minha mente.

Um dia na escola, nós estávamos na aula de ciências. O professor não estava na sala e era dia de entrega das maquetes do projeto de ciências. O meu era o sistema solar. Dentre os outros, o de Andrês chamou minha atenção. Era uma bela representação de uma cadeia de DNA, que parecia bastante frágil e quebrável. Foi quando dois garotos da minha turma o pegaram e começaram a jogar o projeto de Andrês de um para o outro fazendo de Andrês o bobinho, já que ele era mais baixo e não conseguia alcançar.

Aquilo estava começando a me cansar. Levantei-me.

- Daniel e Vitor, (eram como eles se chamavam), devolvam o projeto para o coitado, o professor já está vindo. Avisei.

Eles olharam um para o outro, deram de ombros e rindo jogaram a maquete para Andrês que a segurou como se fosse um tesouro.

Como se chamado pelas minhas palavras o professor entrou na sala.

As vezes eu tinha umas premonições, uns pressentimentos estranhos como esse.

A partir daquele dia Andrês começou a andar atrás de mim. Perguntava se podia carregar meu material, se podia me ajudar com os trabalhos escolares, pagar meu lanche na cantina, (os dois últimos às vezes eu aceitava. Era bom não ter que gastar meu dinheiro e ter alguém inteligente para fazer meus trabalhos), ficava piscando e sorrindo toda vez que eu olhava e me chamando de princesa. Depois de um tempo esse grude todo começou a me cansar demais.
"Eu não fiz nada por ele mesmo. Só chamei a atenção dos garotos porque aquela agitação toda estava me incomodando".

Em uma segunda feira, eu cheguei mais cedo na escola. Meu pai havia passado mais uma noite fora e eu sozinha em casa, dormi abraçada com a foto da minha mãe me sentindo a pessoa mais solitária do mundo. Quando amanheceu, cansada da solidão,  resolvi ir mais cedo para a aula. Chegando à classe sentei na cadeira, chateada. Andrês chegou logo em seguida.

Bufei. "Só podia ser nerd mesmo para chegar tão cedo na escola".
Pensei.
Ele me olhou e sorriu todo feliz, mas seu sorriso murchou quando fiz, propositalmente, cara de poucos amigos. Eu não estava com paciência para aguentar ele. Em vez de entender a deixa e me deixar em paz, ele puxou uma cadeira e sentou-se ao meu lado.

- Aconteceu alguma coisa com você? Perguntou aparentado preocupação enquanto ajeitava os óculos sobre o nariz.

- Nada de mais. Respondi aborrecida.

A filha da rainha - contos dos medium fairy. (Em Revisão) Onde histórias criam vida. Descubra agora