Capítulo 82 - Luz x Trevas

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*Ariana

Parecia que aquele pesadelo não iria terminar nunca.
"Por quê eu tinha que sofrer por causa daquele homem? Por que todos tinham que sofrer por causa de suas ambições egoístas?"
Tantas pessoas enfrentaram problemas por causa dele.
Desde que eu era apenas um bebê, ele já fazia mau a minha família. Por causa dele passei anos sem conhecer minha mãe, por causa dele meu pai perdeu a vida.
Não pude impedir meus olhos de expulsar as lágrimas de frustração que teimavam em se mostrar.
- Você está bem? Perguntou Andrês com o rosto cheio de preocupação.
Levantei a mão para impedir que ele continuasse a falar.
- Eu estou bem. Respondi tentando disfarçar a dor.
- Então por que essas lágrimas? Perguntou recolhendo uma lagrima em seu dedo indicador.
- É só que... Eu me sinto tão frustada. Revelei.
- Não fique. Olhe. Pediu Andrês com o dedo apontado para o céu.
Os faes que antes estiveram comemorando abriram suas asas e aos poucos  cercaram o líder dos tenebris. Centenas de asas batiam em sincronia como se me dissessem que estavam ali, que me apoiavam.
Sharona abraçou meu pescoço.
- Nós estamos aqui com você. Todos nós. Disse Sharona ao meu ouvido.
Aquela visão dos faes reunidos e as palavras de meus amigos aqueceram o meu coração apagando quaisquer medos e incertezas que ainda habitavam em meu interior.
Enxuguei as lágrimas de meu rosto e sorri para eles.
- Obrigada. Sinto que com vocês eu posso vencer qualquer batalha.
Sharona me soltou de seu abraço e se postou ao meu lado.
- Claro que pode. Com uma equipe forte como a nossa, não é um único tenebrezinho que pode vencer. Bradou ela.
Greta e Rose se apressaram a ficar ao lado de Sharona.
- Ordene majestade e nós faremos. Disse Greta.
- É isso aí. Completou Rose.
Andrês se postou do meu outro lado.
- Como seu guardião estou pronto para servi-la. Disse ele com a mão ao peito.
- Obrigada pessoal. Eu só peço que me emprestem sua força. Pedi.
- Sim. Disseram os quatro ao mesmo tempo.
- Amara, a pedra. Pedi estendendo a mão para Amara que estava a segurando em suas mãos.
- Aqui majestade. Disse ela me entregando o objeto.
- Obrigado Amara.
Com a pedra já ativada contemplei meu povo e o tenebris no meio dele.
- Alberon é sua última chance de se render. Falei o olhando fixamente.
- Por que eu faria tal coisa? Perguntou com desdém.
- Olhe ao seu redor. Não vê que está cercado? Acha que pode derrotar a todos nós?
- Tenho certeza. Disse ele com um sorriso perverso.
- Não seja tolo, nós somos centenas você é só um. Retruquei
- Ah, não têm problema. Mas melhor do que falar de meus poderes é mostrar. Ordene que todos me ataquem. Pode ser ao mesmo tempo, eu não me importo.
Ele parecia tão confiante que minha confiança ficou meio abalada.
Respirei fundo.
- Se é assim que quer. Eu preferia que se entregasse, pois apesar de tudo, você ainda é irmão de minha mãe e não desejo que se fira gravemente. Mas se não há outro jeito...
- Não se preocupe querida sobrinha, os únicos que se ferirão serão vocês. E digo mais, você e minha irmã não escaparão com vida. Ameaçou
- Que pena que escolheu esse caminho. Retruquei.
Em seguida levantei meus olhos para os faes que nos rodeavam.
- Povo de Aurór, lutem! Por Firy! Gritei.
- Por Firy! Repetiram em uníssono partindo para cima do tenebris.
Alberon por sua vez, se fechou em uma bolha negra transparente. Os ataques mágicos dos faes não conseguiam atravessar a barreira. Cientes disso, alguns puxaram suas espadas, punhais e flechas e saíram a atacar, porém, aqueles que encostavam na barreira eram imediatamente lançados para longe e as flechas ricochetiaram acertando outros faes que despencavam feridos.
- O que está acontecendo? Perguntei aflita.
- A barreira é forte demais. Muita mais forte do que aquela que Volk usou. Disse Greta.
- O que podemos fazer? Perguntei cheia de preocupação.
- Talvez se atacarmos sem parar a barreira enfraqueça. Ponderou Rose.
- Vamos até lá. Disse Sharona puxando Rose e Greta consigo.
- Eu vou com vocês. Falei dando um passo a frente.
- Não. Você fica aqui. Disse Sharona com as mãos a minha frente me impedindo de prosseguir.
- O quê? Por quê?
- Você é a rainha. Caso todos nós falhemos você será nossa última esperança. Então fique aqui e se prepare. Respondeu Greta.
- Mas eu não quero ficar aqui parada enquanto vocês arriscam suas vidas.
- Por favor Ariana. Se manter segura pelo bem do reino também é dever da rainha. Retrucou Rose com carinho. Abri minha boca, mas não pude dizer nenhuma palavra... Por alguma razão, eu sentia que as palavras dela de algum modo eram acertadas.
- OK, eu ficarei aqui por enquanto, mas por favor tomem cuidado. Pedi.
- Nós vamos. Respondeu Sharona apertando minha mão.
- Por favor Andrês, cuide dela. Pediu Rose.
- Com minha vida. Respondeu ele com voz firme.
- Até logo. Despediu-se Sharona soltando minha mão.
Em seguida elas partiram. Enquanto eu as observava, raios que antes serpenteavam ao redor descontraidos começaram a acertar faes aleatoriamente. Os feridos abandonavam a luta.
Minhas amigas começaram a orientar os faes e juntos eles começaram a atacar Alberon sem descanso. Mas a barreira não cedia e os raios aumentavam fazendo novas vítimas.
- Não está dando certo! Gritei em meio ao som da luta levanta as mãos ao rosto.
- Espere, talvez eles consigam cansa-lo. Disse Andrês segurando meu braço.
- Mas tanta gente está sendo ferida. Falei nervosa a ponto de roer as unhas.
- Majestade! Gritou uma voz por detrás de mim.
Me virei para encontrar o interlocutor e vi Mercúrio pousar e correr em minha direção.
- Mercúrio, onde estava? Perguntei dando um passo a frente.
- Me perdoe por não ter vindo antes, mas Dracon me mandou vigiar o quarto da rainha. Ele temia que ela fosse atacada. Informou ele.
- Por Firy! Com tanta confusão acontecendo eu nem ao menos pensei na segurança da minha mãe. Que filha desnaturada que eu sou.
- Não se preocupe, agora ela está segura. Vossa majestade não precisa pensar em tudo. Há pessoas ao seu redor para auxiliá-la.
- Ainda bem. Eu não daria conta sozinha. Obrigada Mercúrio, por cuidar de minha mãe. Agradeci segurando sua mão.
Ele colocou sua outra mão sobre as nossas unidas.
- Eu fiz só a minha obrigação. Respondeu com humildade.
- Mesmo assim obrigada. Insisti soltando sua mão.
- Mas o que queria me dizer? Me chamou com tanta urgência. Continuei.
- É sobre Alberon. Lembra-se que eu fui um dos seus generais?
- Claro! Como eu poderia esquecer?
- Bem acho que conheço o bastante da magia negra de Alberon para encontrar um ponto fraco em sua barreira.
- Verdade?! Como podemos vencê-lo? Perguntei empolgada.
- Agora todos os elementos estão atacando juntos. Assim a água apaga o fogo, o vento espalha a terra e assim por diante. Um atrapalha o outro. Se alguém os pudesse guiar fazendo cada fae atacar junto a companheiros de mesmo elemento podíamos mudar o cenário e usar o número a nosso favor. Explicou Mercúrio.
- Faz sentido. Concordei.
- Se me permite opinar majestade. Quem melhor que Mercúrio para coordenar essa operação? Disse Andrês.
- É verdade. Me virei para Mercúrio - Você fará isso?
- Como ordenar majestade. Disse ele fazendo uma reverência.
Ativei a pedra novamente
- Povo de Aurór, me desculpem por atrapalha-los em meio a uma luta, mas preciso que sigam as ordens desse fae que está aqui ao meu lado. Falei mostrando Mercúrio.
- O nome dele é Mercúrio. Peço que sigam todas as instruções dele. Por Aurór. Posso contar com vocês?
- Sim, majestade! Responderam em uníssono.
Respirei aliviada.
Entreguei a pedra a Mercúrio.
- Conto com você.
- Espero responder a altura. Respondeu ele lançando-se ao ar.
Enquanto eu acompanhava-o, vi o olhar de ódio de Alberon direcionado a Mercúrio.
Se ele tinha esse olhar nessa hora, talvez ele temesse o que Mercúrio pudesse fazer. Se não, por que se preocupar?

Mercúrio organizou os grupos de acordo com seus elementos. De acordo com seus comandos um grupo após o outro atacava de forma consistente.
Aos poucos um buraco foi se abrindo na tal barreira de Alberon.
Enquanto os faes mantinham aberta essa rota, Mercúrio entrou como um raio na barreira e atacou Alberon com espada atravessando seu ombro.
Alberon o empurrou lançando para longe, de modo que ele sumiu de vista.
Desconcentrado, Alberon deixou a barreira se desfazer. Aproveitando do descuido os faes começaram a ataca-lo.
Irado, Alberon soltou um grito sombrio. Um raio negro o atingiu percorrendo todo o seu corpo. Longe de sentir dor, Alberon começou a rir desvairadamente.
- Vermes! Acham que podem me ferir? Gritou com um olhar de louco.
Raios começaram a sair de suas mãos atingindo vários faes que caiam como moscas abatidas. Em dado momento, um desses raios atingiu Rose. Ela gritou e caiu, mas felizmente foi salva por Sharona.
- Rose!!!! Gritei preocupada a ponto de ir até lá.
Andrês me segurou com firmeza.
- Calma. Ela está bem. Disse ele tentando me acalmar.
- Mas ele vai matar a todos. Retruquei nervosa.
- Lembre-se do que elas falaram. Se todos falharem você será a última esperança de Aurór. É seu dever como rainha. Aconselhou.
Me virei de frente para ele, tomei seu rosto em minhas mãos e o aproximei a centímetros do meu. Olhei dentro de seus olhos verdes como mar, anuviados por preocupações agora.
- E o que adianta ser rainha se eu não tiver um povo para governar? Falei com lágrimas nós olhos.
- Mas, Ariana...
Encostei minha testa na dele.
- Cada vez que um deles é ferido, eu sinto a dor. Meu coração está ligado a essa terra e seus moradores. Que espécie de rainha eu seria se visse meu povo sofrer e não fizesse nada para ajudar?
- Eu entendo, mas me preocupo com você. Disse acariciando meu rosto.
- Você acha que eu não sou forte o bastante? Perguntei me afastando para poder olha-lo.
- Longe disso. Você é a pessoa mais forte que eu conheço, mas por te amar é que me preocupo.
Aproximei meus lábios dos dele e nos beijamos brevemente.
- Você virá comigo? Perguntei já sabendo a resposta.
- Sempre. Respondeu prontamente.
Sorri e entrelacei minhas mãos nas dele.
Minha vontade de ajudar a todos se juntou com a luz em mim. Assim como as trevas tomaram o corpo de Alberon, a luz cobriu o meu. Abrindo minhas asas de luz e com as mãos ainda juntas a de meu guardião segui em direção a Alberon para dar fim a essa guerra. Ou venceriamos ou morreriamos tentando...

A filha da rainha - contos dos medium fairy. (Em Revisão) Onde histórias criam vida. Descubra agora