*Ariana.
A rainha ficou lá de braços abertos por alguns instantes.
" O que ela esperava? Que eu corresse para os braços dela depois de tudo o que aconteceu"?
Vendo que eu não me mexi, ela veio a passos rápidos ao meu encontro. Parou a centimetros de mim me olhando dos pés a cabeça como se me avaliasse e então me abraçou forte. Um cheiro de jasmim exalava de seus cabelos negros. Não me mexi para retribuir o abraço. Ela me soltou e me deu um beijo na bochecha. Dei um passo para trás me afastando dela.
- Filha como você cresceu. Está tão linda. Ah, filha se você soubesse o quanto eu senti saudade de você. Eu te amo tanto. Tagarelou sem deixar morrer seu sorriso.
Ela veio com intensão de abraçar de novo, mas eu me afastei ainda mais dela.
- Que bela maneira de demostrar amor. Falei sarcástica.
- Ah, você diz isso pela prisão? Querida isso foi um grande engano. Eu jamais mandaria prendê-la.
- Que conversa fiada é essa? Eu ouvi nitidamente você gritando para seus guardas prenderem a mestiça!
- Filha você tem que entender. Eu só queria te manter segura.
- Me prendendo?!
- Quando eu te vi ali, naquela multidão, me veio a memória o dia que tentaram te matar quando bebê. E ao vê-la ali desprotegida me veio um pavor, um medo que alguém pudesse te fazer mal... Eu só queria que os guardas te trouxessem para perto de mim. Uma ordem assim seria a maneira mais rápida...
- Bela maneira. Interrompi cheia de sarcasmo - E ainda me chamou de mestiça.
- Era a única maneira de te identificarem rapidamente. Você era única mestiça ali perto de mim os outros eram apenas faes. Por isso gritei daquela maneira, apenas por isso.
- Sei.
- Me desculpa querida. Com toda emoção que eu senti eu acabei desmaindo e não pude explicar a eles. Você me ouviu mandar prendê-la? Perguntou com sua voz aveludada.
- Não exatamente. Respondi incerta.
- Então filha, a minha única intenção era te proteger. Disse ela acariciando minha bochecha.
Tirei a mão dela do meu rosto.
- Isso não faz sentido. Eu estava em Aurór a tanto tempo...
- Mas eu não sabia querida. Dracon não havia me dito nada. Só hoje, depois que acordei, ele disse que tinha a autorizado a vir para cá com o filho dele e com Linus. Contou ela.
- A senhora não sabia mesmo que eu estava em Aurór? Perguntei desconfiada.
- Juro por Fyri que não sabia.
- Não sabia também que nós fomos atacados no portal?
- Soube apenas que tiveram problemas na passagem.
- Soube que fomos atacados por vários generais tenebris?
- Por Fyri! Disse ela cobrindo a boca - Isso é verdade?
- Eu lembro de todos. Volk, Ofidio, Chidreman, Afrodite, os irmãos de fogo. Eu fui atacada tantas vezes, não faz sentido você querer me protejer agora. Afirmei.
- Eu não sabia de nada disso. Vou ter que ter uma boa conversa com Dracon. Em primeiro lugar ele e Linus não deviam ter te trazido para cá...
- A culpa não foi deles. Eu é quem quis vir. Você sabe o que aconteceu com meu pai, né? Perguntei abaixando a voz conforme as cenas daquele dia voltavam a memória.
O rosto da rainha perdeu um pouco do brilho.
- Sim eu soube.
- A senhora soube que por sua culpa eles o mataram? Acusei amarga.
Ela não tentou se defender, uma lágrima de tristeza rolou por seu rosto.
- Se ao menos a senhora tivesse posto guardas para o protejerem. Lágrimas acumulavam em meus olhos turvando minha visão.
- Se eu soubesse... Eu nunca pensei que iriam atrás dele. Me desculpa querida... Disse ela estendendo a mão para mim.
Dei um passo para trás.
- Desculpas não vão trazer meu pai de volta. As lágrimas agora rolavam livremente por meu rosto.
- Ariana... Balbuciou ela.
Remexi na minha mochila e peguei o pote que continha as cinzas de meu pai.
- Eu vim a Aurór pra te trazer isso. Estendi o pote - São um pouco das cinzas de meu pai.Ela estendeu uma mão trêmula para mim arrebatando o pote. Ela ficou olhando para ele sem nada dizer.
- Ele me disse pra te encontrar. As últimas palavras dele foram pra você, sabia? Ele disse que nunca deixou de te amar. Me forçei a dizer apesar no nó em minha garganta.
- Oh, Augusto meu amor! Soluços sacudiam seus ombros enquanto ela chorava abraçada ao pote.
Repentinamente ela caminhou até a penteadeira fez um gesto com a mão e vários portas retratos que pareciam estar invisíveis se revelaram. Pegou um que tinha duas pessoas e uma pequena foto de um bebê junto. Me esforcei para ver por cima de seu ombro. O homem com certeza era meu pai mais novo, a mulher era ela e o bebê provavelmente era eu. Caminhei até as móvel. Havia várias fotos de uma menina morena de olhos azuis, desde bebê até a adolescência. Eu.
Passei a mão por cada foto.
- Eu nunca esqueci vocês querida. Disse ela me entregando a foto que segurava. Contornei o rosto de meu pai no retrato sentindo uma saudade esmagadora.
- Como a senhora conseguiu essas fotos?
- Seu pai as mandava para mim através de sua guardiã fae. Apenas uma vez por ano, pra que ninguém te descobrisse e você pudesse ficar segura.
- Quem era minha guardiã? Perguntei com uma curiosidade cautelosa.
- Rose.
- Rose? Não pode ser. Ela cresceu comigo. Disse sem poder acreditar.
- Ela teve que usar muita magia para se disfarçar.
- Mas, se o fae não podem ficar todo tempo na Terra, como...
- A cada três semanas ela atravessava o portal.
- Ah, quando ela dizia que ia visitar o pai.
A rainha concordou com a cabeça.
- Aff. Parece que minha vida inteira foi uma mentira. Até minhas amizades eram de mentira.
- Não diga isso. Rose gosta muito de você. Ela sofreu muito quando teve que te deixar. Disse ela alisando meu cabelo.
- Onde ela está agora? Me virei para ela.
A verdade é que apesar das revelações, eu estava com muita saudade dela. Ela era a única ligação com minha vida antiga, antes de virar essa confusão.
- Ela ainda está na Terra, resolvendo alguns problemas.
- E ela vai vir para cá?
- Sim. Se você quiser, ela pode ser sua dama de companhia.
- Seria legal. Respondi embora eu não soubesse, com certeza, o que uma dama de companhia fazia.
Voltei a foto de meu pai o olhando com carinho.
- Filha vem comigo até a varanda. Pediu com um sorriso triste.
- Pra quê? Perguntei arisca.
- Venha, por favor. Insistiu.
Cedi e a acompanhei. Ela parou para fitar o céu por uns intantes.
Então ela voltou seus olhos para mim.
- Queria ter podido me despedir do seu pai em vida. Ela parou e engoliu em seco, uma lágrima solitário rolou pelo seu rosto
- Mas ainda posso me despedir de sua alma.
Ela olhou para o pote.
- Augusto meu eterno amor, a tua alma ofereço essa canção.
Então ela começou a cantar em latim.
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A filha da rainha - contos dos medium fairy. (Em Revisão)
FantasyQuando uma adolescente de 16 anos encontra um desafeto do passado, agora totalmente mudado, e descobre que ela na verdade é uma meio fae, sua vida muda totalmente, e ao lado de Andrês, Ariana vai descobrir um novo mundo, enfrentar o terrivel grupo t...