Capítulo - 43- Encanto real

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*Ariana

Quando me virei de volta para Afrodite, ela tinha um sorrizinho besta no rosto.
- Parece que você se importa muito com essas criaturas. Disse ela se referindo aos cavalos d'água e seus amigos.
Não respondi. Não queria dar mais combustível para as graçinhas dela.
- Não responde? Disse com um olhar malvado no rosto - Vamos ver o que você irá falar quando eu cozinha-los vivos. Ameaçou ela.
Engoli em seco.
- Você não se atreveria. Retruquei com o queixo erguido.
- Não? Riu ela em deboche.
- Seus demónios aquáticos também morreriam. Avisei.
- E você acha que eu me importo com tais criaturas? Eles são  ferramentas descartáveis.
Fiquei horrorizada, por mais que eu odiasse essas criaturas, me surpreendeu que ela não tivesse ao menos pena delas.
- Você também pode se cozinhar junto. Tentei.
- Claro que não. Sou uma usuária da água, controlo a água em volta de mim.
Então ela se abaixou e a água em redor dela começou a ferver. Subi numa pedra para escapar da fervura, mas meus amigos não tiveram a mesma sorte. Eles e os demónios aquáticos hurraram de dor.
- Você não vai fazer isso! Gritei. Coloquei a mão na água fervente. No meu reflexo na água meus olhos brilhavam em azul mais intensamente, como em todas as vezes que eu usava grande quantidade de poder.
Congelei a água toda ao nosso redor, inclusive os animais e a própria Afrodite. Eu não poderia deixar meus amigos cavalos congelados, então descongelei tudo rapidamente. Cambaleei um pouco, mas não caí dessa vez eu fui esperta e usei a reserva de energia do meu pingente de safira.
Afrodite saiu de seu congelamento furiosa.
- Maldita! Você e aquela sua mãe vão morrer! Ameaçou criando dezenas de tentáculos para me atacar.
Eu rebatia com os meus, mas os dela eram muitos e vários estavam me acertando. Em dado momento um se enrolou no meu corpo, prendendo minhas mãos, o que fez meus tentáculos de água se dissolverem.
- Agora você está em minhas mãos ou mais especificamente tentáculos. Então ela deu forma a um grande punhal em sua mão e andou a passos lentos até mim, levantou o punhal a centimetros do meu rosto.
- Quais são suas últimas palavras?
Antes que pudesse falar algo, ouvi alguém gritar.
- Anaaaaaa! Era uma voz de criança. Então uma onda derrubou Afrodite  e os tentáculos que me prendiam, se dissolveram.
Fiquei pasma diante de quem eu via. Isadora se abaixou perto de mim.
- Você está bem Ana? Perguntou a criança preocupada.
- Isadora, o quê faz aqui? Como chegou aqui? Perguntei estupefata com a sua presença.
Antes que pudesse responder, a tenebris a agarrou por trás e voou para pedra mais alta a beira do Mar de Prata.
Isadora soltou um grito de susto.
- Isadoraaaa! Gritei me pondo em pé.
- Veja só como são as coisas, ganhei outra refém. Riu a tenebris segurando Isadora fortemente.
- Me solta sua bruxa. Xingou Isadora mordendo a mão de Afrodite.
- Ai, sua pirralha. Revidou a tenebris dando um tapa na garotinha.
- Não toque nela! Gritei preparando um ataque.
- Nem pense nisso. Gritou a tenebris estreitando ainda mais o aperto em Isadora.
Deixei minhas mãos penderem derrotada.
Vi uma movimentação a minha esquerda, então surgiu Red correndo, ele parou assustado quando me viu.
- Ariana?
- Ângelo, o quê faz aqui? Você me prometeu que não viria. Disse eu sem conseguir disfarçar a tristeza.
- Eu prometi que não enfrentaria a tenebris. Só isso. Retrucou. Balancei a cabeça desolada.
- E ainda trouxe a Isadora.
- Eu não a trouxe. Ela me seguiu sem permissão.
- Então você trouxe mais ajuda de fora! Gritou a tenebris.

Red e eu nós viramos para ela. Red ficou tenso quando viu Isadora. Coloquei a mão em seu ombro.
- Não faça nada. Sussurrei para ele.
- Mas, Isadora... Disse ele.
- Você já fez o suficiente arrastando ela para o perigo. Disse eu ríspida. Ele abaixou a cabeça consternado.
- Ariana, Ariana. Você por acaso se esqueceu da regra de não trazer ajuda de fora do Mar de Prata? Perguntou a tenebris.
- Eu... Eu não os trouxe. Eles me seguiram sem eu saber. Tentei explicar.
- Não importa. Você quebrou a nossa regrinha e deve pagar por isso.
Então ela formou um punhal de gelo e abriu a mão de Isadora.
- Não! Chorou a menina.
Red se mexeu, a tenebris olhou para ele.
- É bom ficar bem quietinho, se não eu vou cortar é a garganta dela. Red engoliu em seco e fechou seu punho com força. Segurei sua mão para confortá-lo, seus olhos ficaram marejados enquanto sua boca formou uma linha rigida.
A tenebris fez um corte na palma mão de Isadora que chorava copiosamente. Depois pegou a outra mão da garota.
- Isso é culpa sua. Disse tenebris fazendo um corte na outra mão de Isadora - Agora não só você, como também essas crianças e o Andrês morrerão. Disse ela. Isadora caiu de joelhos olhando para as mãos machucadas. Vê-la assim ferida, era como levar uma facada no peito.
Postei-me a frente de Red.
- Não, eles não. Eles não têm nada a ver com isso.
- Agora tem.
Então ela pegou Isadora e lançou-a lá de cima da pedra. Estaria tudo bem se ela caísse na água, mas havia havia rochedos pontuados lá embaixo. Fiquei olhando horrorizada, paralisada pelo horror e crueldade daquela fae. Então Red passou voando a toda velocidade e pegou Isadora nos braços antes que caísse sobre os rochedos, ele deu a volta e pousou com ela atrás de mim.
Abracei os dois com força.
- Nada mau, filhote de fae, mas agora é o fim de todos vocês. Ameaçou a tenebris.
Me endireitei. Afrodite fez uma grande quantidade de água flutuar acima de sua cabeça, mas não era uma água normal. Era preta como piche. Afrodite a controlava com as duas mãos levantadas.
- Magia negra. Murmurei.
Red abraçou Isadora com força.
- Essa água que consegui graças ao poder do meu mestre, é ácida. Vai derretê-los quando entrar em contacto com sua pele. Riu a tenebris, com uma risada cavernosa.
Enquanto a tenebris ria, eu senti um vento suave balançar os meus cabelos, então uma rajada de vento assoprou para cima da tenebris a lançando da grande pedra. Eu não precisava nem olhar para saber quem fizera isso. Andrês voava acima de nós montado em Diamante. Afrodite, na ânsia de controlar a água abaixo de si para não cair no rochedo, desfez a magia negra. Não perdi tempo, dessa vez eu não iria ficar parada. Corri e a envolvi com meus tentáculos, mantendo suas mãos bem coladas ao corpo para não usar magia. É agora, eu tinha que usar aquele encanto.
- Me larga. O quê você pretende fazer? Gritou a tenebris.
Eu não ia conseguir me concentrar com ela gritando assim. Virei-me para Red.
- Ângelo, me dá alguma coisa pra tapar a boca dela. Pedi.
- O quê? Perguntou ele olhando em volta.
- Não sei. Qualquer coisa.
Então Ângelo tirou a botina, arrancou a meia e lançou-a para mim. Peguei com a ponta dos dedos. Olhei para ele e para a meia com uma careta.
- É a unica coisa que eu pude pensar. Disse Red dando de ombros.
Enrolei a meia.
- Desculpa aí, Afrodite. Depois você escova os dentes. Falei.
- Você não vai fazer isso. Disse ela arcando a cabeça para trás.
Em resposta enfiei a meia na boca dela. Ela tentou evitar mas não conseguiu.
- Agora Afrodite, eu declaro que você não merece o poder dos elemento e pelo antigo encanto da familia real você será destituída de seus poderes.
Então com uma agulha de gelo fiz um furo no indicador da mão direita, e fiz um semicírculo na testa de Afrodite. Depois toquei as mãos dela com o dedo com o meu sangue. Fiz as diversas posições de mão que eu havia decorado, assim dei um profundo suspiro e comecei a recitar o encanto.
Oh, Fari. Ego de semine regni ferietque, existimavi indignum fae quali elemento virtutem. O regina existimat naturae est iudicium meum, et in me virtus fluere Vos. Oh magno verba dedisse deo.

A filha da rainha - contos dos medium fairy. (Em Revisão) Onde histórias criam vida. Descubra agora