Capítulo 55 - Presa

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*Ariana

Abri meus olhos devagar. Eu estava em um lugar onde imperava a penumbra. Pisquei meus olhos para me situar.

Onde estou? Pensei em meu intimo.
Uma lembrança abriu caminho em minha mente ainda grogue de sono. Eu me levantei de supetão, quando recordei a situação ocorrida anteriormente.
Uma dor de cabeça quase me obrigou a deitar de novo. Massageei minha têmpora para aliviar a dor, amaldiçoando o guarda que me lançara aquele feitiço de sono.
E a minha mãe....
Jamais esperava isso dela. Por que ela fez isso? Será que me odiava tanto assim?
Lágrimas ameaçaram rolar pelo meu rosto, mas eu as contive. Suspirei fundo para recuperar o controle de mim mesma.
"Só sei que se eu a odiava antes, agora eu a odeio duas vezes mais".

Olhei ao redor para ver onde eu estava. Paredes cinzas, ambiente escuro, grades.
É isso aí, eu definitivamente estava em uma cela. Eles realmente me prenderam. Sem jugamento. Sem direito a defesa.
E onde estavam meus amigos? Por que não me ajudaram? Por que não estavam ali comigo?
- Andrês, cadê você? Balbuciei baixinho.
Eu estava sozinha.
Me levantei devagar com medo que a dor de cabeça voltasse, caminhei até as grades e enfiei meu rosto entre duas barras de ferro tentando ver naquele lugar escuro. Somente uma tocha iluminava um longo corredor cheio de celas. Não havia janelas, o que me levava a crer que estavamos no subsolo. Um medo de ser deixada ali sozinha para sempre assomou em meu ser.
- Ei, tem alguém aí? Bati nas grades - Alguém, qualquer um. Me soltem! Gritei desesperadamente.
Um movimento bem perto da minha grade, quase me fez cair de susto. Olhei melhor e através da parca luz da tocha visualizei o contorno de dois faes que montavam guarda de cada lado de minha cela.
- Ei vocês, guardas. Podem me soltar? Pedi mansamente.
Um deles virou o rosto para mim, não que eu pudesse realmente ver seu rosto naquela semi-escuridão.
- Não. Respondeu secamente.
- Mas... Por que me prenderam?
- Ordens da rainha. Respondeu curto e grosso.
- Mas eu não fiz nada. Que provas ela apresentou contra mim?
- Nenhuma. Somente sua palavra. Respondeu impassível.
- E a palavra dela é suficiente pra se jogar uma pessoa na prisão?
- Sim. Desde que seja a palavra de sua majestade.

Dei um chute na grade indignada. Fiquei andando de um lado para o outro tentando pensar no que fazer. Lembrei que Linus era um oficial do palácio. Talvez ele estivesse por ali e pudesse me ajudar de alguma forma.
Me aproximei da grade novamente.
- Ei guarda. Chamei.
Ele se virou de novo para mim.
- Pode me chamar o senhor Linus, por favor? Pedi com um mínimo de esperança.
- O senhor Linus tutor de elite do palácio? Perguntou com a voz demostrando surpresa.
- Sim. Esse mesmo! Falei entusiasmada.
- Não é permitido aos encarcerados chamar ninguém as celas. Explicou com voz monótona.
- O quê? Eu não posso ver ninguém? Gritei estressada.
- Não. Disse secamente.
- Você sabe quem eu sou?
- Quem? Perguntou sem se virar.
Olhei ao meu redor entristecida.
- É. Acho realmente eu não sou ninguém. Respondi, caminhando de volta a minha cama.

Me deitei e fiquei olhando para o teto. Uma aranha passeava preguiçosamente por sua teia a espreita de uma mosca que zumbia por ali. Cansada da novela aracnídio e inseto, resolvi adormecer.
Dormi pelo que eu achei que foram poucos minutos.
Então uma batida na cela me acordou. Esfreguei meus olhos e me sentei em meu colchão.
Um fae estava parado alí com uma espécie de lamparina com luz prateada na mão.
- Posso entrar? Perguntou uma voz que não me era estranha, mas eu não podia ver seu rosto, o lampião estava baixo, não dava para ver a parte de cima de seu corpo.
- Quem está aí? Perguntei curiosa.
- Sou eu, Dracon Blackwood. Respondeu ele levantando a lamparina até seu rosto revelando assim a feição conhecida por mim através do encantamento da comunicação.
- Senhor Dracon. Falei me levantando - Entre. Pedi.
- Guarda, abra a cela. Disse ele para o guarda que conversara comigo anteriormente. O guarda prontamente obedeceu. Dracon entrou trazendo um pacote em suas mãos que depositou no chão.
- Ah... Sente-se. Ofereci a cama sem jeito.
Ele se sentou. E bateu no colchão me oferecendo assento ao seu lado. Relutante, aceitei.
- Como está senhorita? Perguntou realmente interessado.
- Bem, na medida do possível. Respondi apontando a cela ao redor.
- A senhorita já comeu?
- Não, estou sem fome. Onde estão Andrês, Linus e o Mercúrio? Perguntei ansiosa por saber dos meus amigos.
- Andrês está bem. Está descansando em meu quarto.
- Por que ele não veio me ver? Pergunteu pensando que enquanto a namorada dele esta aqui nessa cela chechelenta, ele está pagando de hóspede no castelo.
- Ele não pode. Na verdade nem eu deveria estar aqui, ninguém deveria vê-la antes da rainha lhe chamar para a audiência.
- Isso quer dizer que o senhor não veio para me tirar daqui?
- Desculpe. Minha ordens não ultrapassam as ordens da rainha. Mas eu trouxe cobertores, comida...
O interrompi.
- Por que aquela mulher mandou me prender? Perguntei irritada.
- Deve ter sido algum engano. Ela não iria mandar prender a própria filha.
- Mas mandou. Ela não disse o motivo?
- Ela não pôde. Disse abaixando os olhos.
- Logo depois que gritou para pegarem você, ela desmaiou e ainda não voltou a si. Ela está doente. Continuou.
Engoli em seco, me lembrando de tudo que Afrodite me disse, mas espantei esses pensamentos. Eu não devia mostrar compaixão por ela.
- Desmaiou é, que pena. Mas aposto que ela está melhor do que eu. Disse com sarcasmo.
- Senhorita não a julgue antes de ouvi-la.
- Se o senhor já terminou, já pode ir. Falei me levantando e apontando a porta da cela.
- Está bem senhorita. Nos vemos mais tarde.
Ele se levantou , fez uma reverência rápida e saiu em seguida.
Me deitei e soquei o travesseiro.
- Droga! Esqueci de perguntar dos outros.

A filha da rainha - contos dos medium fairy. (Em Revisão) Onde histórias criam vida. Descubra agora