O valor das coisas não está no tempo quem que ela duram...

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Querido Diário,

Esses dias, despretensiosamente assisti "Antes do Adeus", e me surpreendi demais. O filme é leve e doce, repleto de diálogos rápidos e cheios de sentido, capazes de nos transportar para situações corriqueiras de nosso próprio universo, dando um significado diferente ou pelo menos mais reconfortante aos encontros que tivemos pela vida — tanto aqueles que permaneceram quanto os que tiveram breve passagem, mas acabaram modificando tudo, injetando ânimo novo em nossa existência. 

E descobrimos que a importância de alguém não é definida pelo tempo que ela permaneceu em nossas vidas, e sim pela forma como ela nos transformou. Não se trata de duração, e sim de sutileza. A linha tênue entre presença física e habilidade de tocar uma alma.

Alguns encontros têm curta duração, mas deixam a percepção de que "estavam escritos para acontecer". São aqueles que iremos nos lembrar para sempre, não importa quanto tempo passe. E que, de alguma forma, despertaram uma versão nossa que desconhecíamos, mas que tinha que vir à tona para amadurecermos, para sermos mais autoconfiantes, para descobrirmos que nosso coração consegue amar de diversas formas.

Uma das frases mais marcantes do filme é: "Você irá conhecer alguém. Você saberá na hora que ela é problema. No fim da noite você quererá falar algumas coisas, mas não diga. Não estrague tudo. Apenas beije-a. Deseje-lhe boa sorte. Agradeça-a. Por te mostrar que você pode amar mais do que uma pessoa nessa vida".

Acho lindo esse trecho principalmente devido à última parte. Às vezes ficamos tão tristes e frustrados por uma relação ter acabado, que deixamos de prestar atenção no quanto ela foi importante para nós, ainda que tenha chegado ao fim. E muitas vezes, em vez de desejarmos sorte e sermos gratos a tudo o que ela nos proporcionou, preferimos focar somente na dor e no rancor.

Ninguém entrará em sua vida por acaso. Ninguém sairá dela se o tempo de vocês não tiver se esgotado. Ninguém retornará se não houver nada pendente a resolver. Ninguém permanecerá se não tiver um caminho comum para percorrer.

Há muito desencontro pela vida e muita falta de entendimento acerca desses desencontros. Há também mais coisas entre o céu e a Terra do que conseguimos compreender, e por isso deveríamos apenas fechar os olhos e confiar. Deixar ir. E, se um dia tiver que retornar, simplesmente aceitar que nem tudo tem explicação lógica, a maioria das coisas não tem.

Porém, o que é a vida senão um grande ponto de interrogação? Apesar de nossa mania de controle, não temos a mínima ideia do que virá no dia seguinte, na próxima página, na dobra de esquina, na escolha despretensiosa, no aniversário adjacente. A única coisa que podemos realmente controlar é o momento presente. E por isso é primordial reconhecer a felicidade hoje, e sugá-la da melhor maneira possível. Pois dores passam, e momentos não voltam.

Kate Miller.

O Diário De Bordo De Kate MillerOnde histórias criam vida. Descubra agora