Onde o coração estiver...

12 3 21
                                    

Querido Diário, 

Já sentiu em seu coração que o lugar da qual você mora ou está no momento nunca pertenceu aquele lugar, e que talvez exista algo que esta o puxando ou até o chamando para algum local?
Pois sinto isso.  

Casa só se torna lar quando comporta marcas na parede registrando o crescimento, xícara com asinha lascada de tanto que caiu no chão, panela queimada no clássico almoço de domingo, saudade estampada no porta-retrato da sala, do cheiro do perfume da casa da avó, ou de quando sentimos um aroma familiar.

O desejo de estar nas lembranças e memórias que outrora eram boas, sentir que pertence a um lugar da qual só se é possível fazer turismo. Ele segue com você e não é preciso ser como Carl, personagem do desenho "Up Altas Aventuras" _ viúvo de 78 anos que para manter uma promessa feita à falecida esposa, sai com a casa pelos ares amarrada a balões de gás, para entender que nos livramos de telhas e tijolos, mas ficamos atados àquilo que um dia transformou toda essa arquitetura num lar de verdade.

Começamos a imaginar como nossa vida foi, ou teria sido como se tivéssemos vivido lá. Talvez tenha sido real, e é por isso que o coração o tempo todo clama para voltar para onde ele realmente pertence. É para lá que nosso coração se dirige quando se encontra perdido, exilado, estafado. Não importando a mobília, a decoração, a sofisticação, ou a destruição, as ruínas, ou até o grão de areia que a séculos esteve ali, o coração não tem memória palpável, mas reconhece o que é verdadeiramente seu lar. E, no fundo, queremos apenas nos sentir seguros simplesmente "em casa".

Deixe que o coração possa ir onde quer, afinal podemos nos arriscar algumas vezes, e não tem nada de errado em deixar isso acontecer.

Kate Miller.

O Diário De Bordo De Kate MillerOnde histórias criam vida. Descubra agora