Capítulo 1

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"Oi! Eu sou Pandora, tenho 17 anos, hoje é dia 6 de novembro de 2016, moro em Berlim, na Alemanha. Acabei de comprar essa caderneta e decidi usá-la como um diário...expressar e dizer coisas que normalmente não posso dizer a ninguém.
Quero começar registrando que quando eu tinha 10 anos minha mãe me abandonou e eu nunca irei perdoa-lá, pois se ela realmente me amasse, ela não teria me deixado por  falta de dinheiro. Ela daria um jeito...
Hoje eu vivo na casa de uma família que cuidou de mim depois disso, mas eu nunca gostei deles...odeio eles na verdade, eu poderia matá-los. Não me orgulho disso..eu sou muito amargurada, nunca sorrio. Eu tenho meus motivos, sabe?
Eu queria tanto que as coisas fossem diferentes..."

Termino de escrever em meu diário e guardo de baixo do meu colchão. Desço as escadas e vou até a sala onde está Mirian.

-Bom dia Dora, o jantar está pronto.

-Já disse que meu nome não é Dora.

-Nossa, é uma forma carinhosa de te chamar minha filha.

-Mas eu não gosto, e eu não sou sua filha.

Mirian se sente mal, se cala, e vai até seu quarto. Pego uma lata de refrigerante na geladeira e logo saio de casa.

-Pandora, onde você vai?- Bartolomeu pergunta, meio confuso.

Me retiro sem dar satisfações, e bato a porta. Caminho sozinha, em lentidão. Chego em uma praça, onde adorava brincar quando era criança. Me sento em um banco, começo a meditar sobre a vida, ainda quero entender o porquê de minha mãe nunca voltar, quero descobrir qual é o propósito de existir, já que a vida toda eu conheci apenas o sofrimento. Nunca entendi porque me sentia tão só, tão triste, tão irritada.
Enquanto eu estava sentada, acabo cochilando e nem percebo. Foi quando tive um sonho.

"Eu estava na faculdade, Berlinde Schule (Faculdade de Berlin), que é localizada na rua GortenstraBe. Já estava na última aula, e em poucos segundos toca o sinal, indicando o fim. Pego minha mochila e me retiro da sala. Ao caminhar até minha casa, passo perto da rua Bernauer StraBe, a rua onde ficava o Muro de Berlim. É quando um garoto vem atrás de mim, e começa a me abraçar e me beijar.

-Você está bem, meu amor?

-Sim, estou sim, não precisa se preocupar.

-Vem, vamos embora, Pandora.

Esse garoto me leva para para a casa.
E ela acorda."

Acordo com um garoto me cutucando.

-Que isso?

-Oi...Pandora.

-Como você sabe o meu nome? Quem é você? Te conheço? Tira as mãos de mim. -Ela diz, totalmente assustada e incomodada.

-Está bem, calma. Eu sou Oliver, da escola. Você não lembra de mim? -Ele abre um sorriso.

-Não. Eu não reparo nas pessoas, desculpe.

-O que você está fazendo na rua essa hora da noite, e...dormindo na praça? Isso é meio estranho.

-Ah, eu só estava sentada aqui, pensando. Acabei dormindo, não percebi.

-Quer que eu te leve para a sua casa? Eu estou de carro.

-Não. Não precisa.

-Vamos Pandora, a sua casa é a caminho da minha.

-Não quero! Caramba. E como você sabe onde eu moro?

-Eu sempre pego a mesma rota que a sua, e sempre vejo você entrando em sua casa.

O Segredo de PandoraOnde histórias criam vida. Descubra agora