Vesti um coldre na perna e nele está a pistola de Demi. Estou levando quatro pentes com quinze balas cada um. Nas minhas costas, o meu arco profissional e uma aljava com trinta flechas. Olho-me no espelho do banheiro antes de sair. Vejo o meu rosto no centro da rachadura que eu fiz com o meu punho naquele dia. Aquele dia.
Faço carinho em Andy. Coloquei bastante comida no pote dela. Não sei quando vamos voltar. É uma viagem longa e perigosa. Talvez nem vamos voltar.
Espanto o pensamento e saio do apartamento. Corro para a enfermaria. Ainda tenho tempo para dar uma visita a Demi. Bato uma vez na porta e espero um dos médicos abrirem. Então, ouço um clique e a porta se abre. Devem ter me visto pelo olho mágico. Sorrio ao ver Marcus me dando espaço para entrar.
Cumprimento ele e entro. Vou até Demi, que está acordada, conversando com alguém. Ouço sua voz e a voz de outra pessoa. Mas não consigo ver quem está com ela, tem uma cortina na frente da cama dela. Deve ser Niall...
Assim que eu ultrapasso a cortina, vejo Zayn sentado a uma cadeira ao seu lado. Levo um susto. A primeira coisa que lembro é da foto que ele tirou minha escondido. Não posso confiar nele. Ele pode estar trabalhando com aquele laboratório. Meu coração aperta.
— Claire! — ele diz, abrindo um sorriso enorme. Não consigo sorrir. — Que bom que está aqui!
— Oi... — falo, não muito animada.
— Claire!! — diz Demi, entusiasmada. — Pensei que os Sinistros já tinham partido...
Normalmente, partimos nesse horário, mas os que vão ao hospital partirão mais tarde.
— Eles partiram, mas eu vou no hospital buscar o remédio que você precisa. — Digo, abrindo um sorriso para ela.
Demi arregala os olhos, surpresa.
— É hoje?! — pergunta ela.
— Sim!
Ela sorri. Parece extremamente feliz. Zayn se levanta e me encara, o que faz meu sorriso ir embora. Ao contrário de mim, ele abre um sorriso maior, mas não parece ser tão sincero. Nada mais que venha dele parece ser sincero.
— Sabe... — ele diz. — Você é muito corajosa, Claire. Se arriscando ir lá fora para salvar sua amiga... Mas a coragem é perigosa. Principalmente para você, que fica fuçando em coisas que não devia. — Meu coração acelera. — Se isso continuar a missão... — sua mão toca a perna de Demi e eu sinto meu peito congelar. — Será em vão. Se é que você me entende. Então, cuidado.
Ele acena um tchau para Demi e vai embora. Ele sabe. Sabe que eu e Harry fomos até o estacionamento e descobrimos coisas.
"Se isso continuar, a missão... será em vão. Se é que você me entende"
O que ele quis dizer com isso? Talvez estivesse se referindo a missão de ir até o hospital. Mas se ela for em vão quer dizer que...
Ele está ameaçando matar Demi.
Se eu fuçar em mais alguma coisa... ele vai matar Demi!
— Do que ele estava falando? — pergunta Demi.
Engulo o seco.
— Não sei — minto.
***
Eu estou descendo as escadas para o estacionamento. Assim que chego, automaticamente tento encontrar a porta das escadas do prédio de Harry. Não sei qual é a porta certa. Mas preciso contar para ele que Zayn sabe que estivemos lá.
Não encontro Harry. São muitas pessoas por aqui. Vou passando espremida pelas pessoas e pelos carros para encontrar outra pessoa do prédio dele. Finalmente, o vejo saindo de trás de uma garota. Ele não me vê. Sorrio e quando estou indo em sua direção, sou parada pela voz de alguém:
— Silêncio!
Isso me faz levar um susto. Procuro quem disse isso e vejo o mesmo homem que estava no paintball, o Chefe Sinistro do prédio de Harry. Viro-me para procurar Harry de novo, mas ele não está mais lá. Merda!
— Para quem não me conhece, sou o Chefe Sinistro de um dos prédios. Os outros foram procurar suprimentos com o resto dos Sinistros.
Pensei que Louis fosse comandar essa missão. Não estamos nos falando desde o dia em que ele me viu beijar Harry. Será que está me evitando? Será que recusou essa missão por minha causa?
É muito egoísmo pensar desse jeito...
— Nós vamos para o hospital mais perto que encontramos. É uma missão bem perigosa, então acho melhor terem escolhido armas boas. Serão levados em três minivans que carregam sete lugares. Já escolhemos os motoristas... — Então, ouço o barulho de motor ligando atrás de mim e me viro rapidamente.
Três minivans vermelhas, uma do lado da outra, ligadas e com o farol aceso. Surpreendo-me de não ter reparado em três minivans iguais estacionadas perto de mim.
— Agora é a vez de vocês escolherem os carros. — Ouço o Chefe Sinistro dizer.
Nisso, todos começam a correr para um carro. Sou arrastada com três pessoas para frente. Olho para trás, bem a tempo de ver Harry me olhando, mas é empurrado para dentro de outra minivan. Então, eu entro na minivan e me sento no banco de trás. São sete lugares, três atrás, dois no meio e dois na frente.
Uma garota se senta em um dos lugares na frente e logo depois aparece outra pessoa e se senta ao meu lado. Olho para a pessoa. É Ariana.
— Claire! — ela diz.
Um garoto entra e eu ouço as portas se fecharem. O garoto se senta do meu lado — o único lugar que sobrou.
— Ari! — digo.
— Ah, ainda bem... — diz ela. — Pensei que ia entrar num carro só com essa gente estranha...
— Ei! — diz a garota do banco da frente.
Solto uma risada.
— Desculpa, mas vocês são estranhos para mim. — Ariana fala num tom sério.
Ouço alguém dizer um "pode ir" e meu coração dispara. Sinto uma empolgação muito grande. Mas também um pouco de medo. Não sei o que nos espera lá fora. Só tenho certeza de uma coisa:
Isso vai ser muito difícil.
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Sinistra
AçãoEm um futuro distante, um vírus consegue exterminar a América do Sul, transformando os infectados em mortos-vivos. Dois anos se passaram e agora os mortos-vivos tomam conta da cidade. Um enorme grupo de sobreviventes conseguiu criar uma sociedade e...