Capítulo Quarenta e Um

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Notas do Autor

Brigadu pelos comentários divos de vocês seus lindos >< continuem comentando e favoritando viu.

Capítulo 41 - Quarenta e um

Entramos pelas portas dos fundos de um bar. Várias bebidas empoeiradas estão erguidas nas prateleiras na parede. Minhas costas estão começando a doer com o peso de Harry. Ele é bem pesado.

Com dificuldade, eu fecho a porta atrás de nós. Atravesso o balcão pela portinha que tem no canto direito. Chuto uma das banquetas estofadas na frente do balcão e ela voa para o chão, espalhando pó por todo o ambiente. Coloco Harry no chão com as costas encostadas no balcão e me deixo cair no chão, encostando as costas na parede atrás de mim e deixo a dor me dominar.

Minha respiração está ofegante, assim como a de Harry. Ele olha para mim. Seus braços estão cheios de hematomas. Os meus também estão, mas logo irão desaparecer. Sinto dor em todas as partes do corpo, mas a dor do meu ombro é a maior. Parece que eu o quebrei na queda. Está doendo muito. Além disso, gastei todo o tipo de força carregando Harry até aqui. Estou muito machucada. Mas logo isso vai passar. Tenho que aguentar mais um pouco.

Cada vez que respiro, sinto meus pulmões rasgarem. Minha cabeça não dói tanto como as outras dores, mas também é horrível e insuportável. Cada segundo que passa, parece que estou mais dolorida. Não sei como consegui trazer Harry até aqui.

— Você está bem? — pergunta ele com dificuldade.

— Não — admito. — Mas logo eu vou estar... Lembra? Eu me curo...

Tusso um pouco. Estava me segurando para não tossir até terminar a frase.

— Essa sua mágica vai dar conta de tudo isso? — sua voz é rouca e ele se esforça muito para falar.

— Tomara que sim — digo contraindo o rosto por causa da dor no ombro. — Como você está?

Ele engole o seco e respira fundo, arranjando forçar para tentar falar. Queria estar ao seu lado, mas não consigo me levantar. Não consigo nem me mover. Queria ter sentado ao seu lado ao invés daqui.

— Estou com uma dor no braço, mas acho que não é nada sério... — ele puxa um pouco mais de ar. — Estou com tanta dor de cabeça, que não consigo nem falar e... — ele contrai o rosto e geme de dor. — Esses machucados estão doendo muito... Além de parecer que estou respirando pregos. Para finalizar, estou enjoado... Mas deve ser por causa da dor de cabeça... Eu posso vomitar a qualquer momento...

Dói meu peito vê-lo desse jeito. Ou eu devo ter o batido. Mas eu acho que é por causa de Harry mesmo. Coloco minha cabeça contra a parede, a descansando. A minha dor de cabeça já está indo embora. Talvez o processo de cura dentro de mim esteja se ativando ou sei lá.

Minhas pernas agradecem esse descanso e eu sinto a vontade de ficar aqui para sempre, igual a vontade que me veio quando eu estava deitada na rua.

— Acha que eles vão vir atrás de nós? — diz Harry, para puxar assunto.

Sua voz parece estar melhorando, mas ele ainda fala com muita dificuldade.

— Acho que eles nem nos viram sair de lá — digo.

Não parecia que tinham nos visto. Os únicos que sobreviveram estavam lutando por suas vidas com zumbis. Se tivessem nos visto, teriam atirado em nós. Me preocupo com zumbis. Devem ter zumbis de todo o canto do Brasil vindo para cá.

— Você foi esperta em usar a faca... — diz ele. — Ia usar a minha, mas eu acho que ela caiu enquanto estávamos vindo.

Eu estava certa então. Ele havia deixado a faca cair. Eu só demorei para usar a minha, pois tinha esquecido que ela estava no meu calcanhar.

A dor do meu ombro não melhorou nada, mas os meus machucados externos nem estou mais sentindo. Isso é bom, pois se Harry ainda estiver ruim quando eu me recuperar, posso levá-lo, para não termos que ir embora quando tudo já tiver escurecido.

— Obrigada... — digo. — Aprendi com você.

Sorrio para ele. Ele também sorri. Seu sorriso é tão bonito. Por que ele está comigo? Aposto que poderia ter quem ele quisesse. E ele me escolheu. E isso só está deixando ele com problemas. Ele poderia ter morrido aqui. Eu só o causo problemas. Eu coloquei ele no meio disso tudo e isso pode comprometer a vida dele. Não coloquei só ele. Coloquei todos os meus amigos. A vida de todos eles está em risco por minha causa.

Minha causa.

Todos que se aproximam de mim sofrem risco de morte. Justin foi castigado por minha causa. Foi eu que pedi para pegar o papel de Clarissa. Eu o meti em encrenca. Adam morreu tentando me ajudar.

Claire, pare... A morte de Adam não foi culpa sua... Tento me convencer disso. Mas nunca consigo. O pensamento de que ele está morto por minha causa me assombra. Eu tento me culpar por tudo que acontece. Parece que sempre sou culpada. Então outro pensamento me vem.

E se tudo que aconteceu tem envolvimento comigo? O vírus, a LPB... Tudo...

E se tudo for para me encontrar? Para encontrar a Escolhida?

O que é ser a Escolhida? Por que querem me encontrar? Por que fariam isso tudo para me encontrar? E se a LPB for do bem? Talvez ela teve que fazer isso para me encontrar, e não porque quis. E se eu for a esperança para alguma coisa?

Ao mesmo tempo que posso ser a esperança, posso ser a destruição. O que tem mais chances de eu ser. A LPB pode ser do mal. Ela pode me querer para criar um novo vírus ou para algo pior. Agora sim minha cabeça se torna uma grande confusão. Bem... Mal... Vírus... Cura... Eu não sei mais o que eu sou.

Só sei que eu sou a Escolhida.

— Minha cabeça já parou de doer um pouco... — diz Harry, quebrando o silêncio e me afastando dos meus pensamentos. — Se quiser continuar...

Eu o encaro. Sua voz já está de volta ao normal. Nem percebi que meu ombro já tinha melhorado. Olho para os meus braços e não encontro mais os machucados que eu havia visto antes.

— Tem certeza de que pode continuar? — pergunto.

Ele balança a cabeça positivamente. Eu me levanto e vou até ele.

— Quer que eu te dê apoio, ou consegue andar? — digo, estendendo minha mão para ele pegar.

Ele segura a minha mão e se levanta.

— Consigo andar sozinho... Não fiz nada na perna... Eu acho... — diz ele.

— Ok, então vamos.

***

Andamos de mãos dadas enquanto voltamos para o condomínio. A noite predomina e a lua ilumina as ruas por onde passamos. Nós estávamos planejando como voltar sem sermos percebidos. Mas nenhum plano batia bem. Quando chegamos no nosso bairro, nós optamos por escolher o plano que mais parecia que ia dar certo, ir pelos dutos de novo.

Nós caminhamos por uma rua totalmente quieta, a não ser por nossos pés que batem na rua de concreto rachado, fazendo um pequeno ruído. Não encontramos nenhum guarda no caminho até agora. A nossa sorte, é que esse bairro tem muitos becos e é fácil de se esconder dos guardas. Talvez nem tenham guardas por aqui de noite...

— Parados! — ouço uma voz atrás de nós.

Comemorei cedo demais. Eu e Harry nos viramos e então vejo um guarda com um walkie talkie na mão. Ele se aproxima apontando uma pistola para nós. A sua arma me faz lembrar do fuzil que Harry pegou do soldado lá no armazém. Agora que estou mais calma, eu reparo que nunca tinha visto armas iguais aquelas que eles estava usando...

Ignoro o pensamento e levanto as mãos, largando a mão de Harry. Ele faz o mesmo.

— Encontrei eles — diz o guarda no walkie talkie. Então ele se vira para nós. — Vocês estão bem encrencados...

Um calafrio me percorre. Olho para Harry. Ele parece estar com tanto medo quanto eu.

Algo irá acontecer com a gente. E seja lá o que for, não é bom.

Notas Finais

E aí? Acham que a LPB pode ser do mal? Acham que Claire e Harry estão muito encrencados?

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