Capítulo Vinte e Sete

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As ruas estão tão rachadas que o carro fica balançando cada segundo que passa. Tenho medo do pneu furar por causa dos cacos de vidro que estão espalhados pelo chão. Minha mente está perdida em milhares de perguntas e é a primeira vez que nenhuma delas me incomoda. O único pensamento que tenho agora é Demi. Zayn pode matá-la. Não posso deixar isso acontecer.

Começo a prestar atenção nos prédios. Milhares deles destruídos. Alguns nem foram terminados de serem construídos. Fico pensando em quanto dinheiro o governo gastou para construir esses prédios e hoje estão todos destruídos. Perto daqui, eu vejo um prédio que sempre chama a minha atenção de dentro do condomínio. Ele está caído sobre outro prédio que permanece firme segurando ele. Isso me afasta dos meus outros pensamentos. É melhor do que pensar que estou indo para o hospital pegar o remédio e quando eu voltar — se eu voltar — não precisar mais, pois Zayn vai ter matado Demi. Ele não pode fazer isso.

O carro para. Quando olho para a janela de novo, eu vejo um edifício bem alto com várias janelas — a maioria delas estão quebradas — e com um enorme buraco que pega o telhado e mais três andares abaixo, deixando visível a parte de dentro.

Olho para trás e vejo os outros carros vindo. Eles param um de cada lado do nosso.

— Chegamos — diz o motorista.

A garota da frente abre uma das portas e sai. Sou a segunda a sair. Não demora muito para as outras pessoas saírem. Vejo a porta do outro carro se abrir e Harry ser o primeiro a sair dele. Aproximo-me dele e o puxo para um lugar um pouco longe das pessoas.

— Zayn sabe — digo.

Ele levanta as sobrancelhas, confuso.

— Ele sabe que nós fomos na garagem. Sabe que nós vimos aquele mapa e ameaçou matar Demi se continuarmos mexendo nessas coisas.

O queixo de Harry cai e ele esbugalha os olhos.

— Como? — pergunta ele.

— Eu não sei... — digo. — Mas ele me falou que sabe. Ele deve trabalhar para a LPB junto com todos naquele prédio, não podemos mais confiar em ninguém!

Harry abre a boca para dizer algo, mas a voz do Chefe Sinistro o corta:

— Pessoal, atenção! — olho para onde vem a voz e vejo as pessoas se reunindo em volta do Chefe Sinistro. Nós nos juntamos a elas. — Se armem. Aquele prédio pode estar ou vazio, ou cheio de criaturas. Vamos tentar ficar todos juntos.

Ele aponta para um cara e faz um sinal para se aproximar. O homem vai até o Chefe Sinistro e o entrega um coldre com uma pistola. Ele o prende na perna.

— Obrigado, Foster!

Rapidamente me lembro de um nome. James Foster. O homem que Harry falou ter quase a mesma porcentagem que eu. Analiso o homem que entregou o coldre para o Chefe Sinistro. Tem pele escura, olhos castanhos e bem pouco cabelo negro. Será que é ele que tem 94%?

Ele volta para as pessoas com quem estava e o Chefe anuncia para começarmos a missão.

Pego o meu arco e já ajeito uma flecha nele. Nós andamos até a entrada do hospital. Nem precisamos ir até a porta, sendo que uma janela do tamanho de uma pessoa está quebrada e dá para passar tranquilamente por ela.

Nós entramos em um lugar escuro. Aqui fede muito. Não tem iluminação nenhuma a não ser a claridade lá fora que não ajuda muito pelo céu estar cinza e cheio de nuvens. Consigo ver várias cadeiras juntas — algumas caídas —, um balcão com computadores quebrados, alguns cadáveres no chão, manchas de sangue na parede e no chão, uma maca caída e um corredor que não parece ter iluminação nenhuma.

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