Minha mente está totalmente confusa. Algumas coisas para mim começaram a fazer um pouco de sentido. Se esse laboratório chamado "LPB" for o mesmo que enviou aqueles cães de caça infectados para a delegacia... então deve ter sido o mesmo que causou tudo isso. O mesmo que espalhou o vírus por toda São Paulo.
Isso se encaixa e faz bastante sentido. Se eu estiver certa, quer dizer que ainda há muita coisa para descobrir. Isso também prova que a morte de milhões de pessoas foi provocada por humanos propositalmente. Nada escapou. Não aconteceu nenhum acidente. Estava programado para acontecer. Sinto-me como se precisasse começar a procurar sobre isso. Talvez seja apenas a curiosidade, já que eu sempre fui muito curiosa. Mas... é como se fosse uma obrigação minha agora.
E como eu farei isso? Vai ser impossível... Afinal, acho que não é tão fácil de encontrar pistas sobre essa tal de LPB por aí...
Estou na sala de treinamentos. Tem um alvo bem distante de mim. Estou com um arco e uma flecha, me distraindo enquanto pratico tiro ao alvo. Preciso de uma distração no momento. Miro no centro do alvo. Isso é fácil. Pra mim, é até demais. O alvo não se mexe, eu sei que aquilo não é um zumbi e não sinto absolutamente nenhum avanço nas minhas habilidades de arqueira. Queria testar algo diferente; já estou aqui faz umas duas horas fazendo a mesma coisa. Daqui a pouco vão avisar que está na hora do toque de recolher e que eu não posso mais ficar aqui.
Não atiro a flecha. Isso está chato. Repetitivo. Também não quero ir para o quarto agora. Sei que se eu for pro quarto ficarei pensando na LPB com Demi me lembrando a todo instante sobre o assunto, discutindo teorias e ideias, mesmo comigo falando que quero ficar afastada disso por enquanto porque estou nos meus primeiros dias como Sinistra ainda e tenho que focar no treinamento, em táticas e...
— Por que não atirou? — pergunta alguém atrás de mim.
Levo um susto e olho para trás rapidamente, apontando a flecha para a pessoa. Harry. Levo outro susto ao perceber que é ele, mas abaixo minha arma com tudo para não ter o perigo de lançar a flecha no cérebro dele.
— Nunca mais faça isso... — digo, respirando fundo e abrindo um sorriso. — O que está fazendo aqui?
Ele se aproxima um pouco com seus olhos grudados nos meus.
— Ouvi o barulho de flechas batendo contra alvos — ele responde. — Imaginei que fosse você.
— E veio aqui me observar silenciosamente até eu levar um susto e quase acertar você? — Ergo as sobrancelhas.
Ele ri.
— Mais ou menos isso... — brinca ele. Solto uma risada baixa. — Vim ver como você era treinando, mas você se recusou a atirar logo agora.
Aponto para o alvo cheio de furos perto e dentro do centro.
— Está vendo aqueles pontos pretos? — pergunto. — São os furos que fiz com a minha flecha. Já cansei de fazer a mesma coisa... — Coloco as mãos na cintura. — Quero experimentar uma coisa nova.
— O quê, por exemplo? — pergunta ele, cruzando os braços.
— Não sei — digo, dando de ombros. — Qualquer coisa...
Olho em volta. Meus olhos travam na mesa de armas. Tem um isqueiro e, ao lado, um recipiente de álcool com um pano em cima. Percebo que há um maço de cigarros também, próximo ao isqueiro. Presumo que um faxineiro tenha vindo aqui para limpar e acabou esquecendo essas coisas aqui.
Isso desperta minha imaginação e me faz ir até a mesa. Olhando para a flecha em minha mão e para o álcool na mesa, uma ideia se desperta em minha cabeça.
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Sinistra
ActionEm um futuro distante, um vírus consegue exterminar a América do Sul, transformando os infectados em mortos-vivos. Dois anos se passaram e agora os mortos-vivos tomam conta da cidade. Um enorme grupo de sobreviventes conseguiu criar uma sociedade e...