Capítulo Trinta e Seis

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Nós fomos para o meu apartamento. O caminho inteiro, pessoas pararam para me encarar. Eu estou com vergonha e me sinto constrangida até agora. Harry parecia bravo com todas as pessoas que me olhavam daquele jeito. Ou ele pode apenas estar atuando.

Por que estou pensando isso? Harry está comigo. Eu confio nele.

Mas será que devia?

— Quem mais morreu que eu não saiba? — pergunto, para me desviar dos meus pensamentos.

— Que você conheça, acho que mais ninguém... — diz Ariana.

Olho para baixo. Não acredito que James e Dan tenham morrido. James iria me ajudar. Eu estava ansiosa para o encontrar. Meu coração começa a apertar.

— Sinto muito — diz Harry.

Ele sabe o motivo de eu estar preocupada com ele. Sabe que nós dois nos curamos. Sabe que temos "poderes" por algum motivo. Uma das coisas que mais me preocupa agora, é que agora eu sou a maior probabilidade de ser aquela coisa chamada "Escolhida". O que será que é isso?

Queria pelo menos ter visto o funeral de todos. Deve ter sido bem bonito. Mas o funeral de Adam mexeu tanto comigo. Aquele provavelmente iria mexer mais. Por falar no funeral de Adam... Isso me lembra alguma coisa...

Aquele dia aconteceu alguma coisa. Uma coisa que estou tentando lembrar agora mesmo. Olho para o lado e agora observo a janela. Tem alguma coisa que era para eu lembrar. Eu assisti o funeral dele pela janela. Vi algo muito importante... O que era?

Ando até a janela. Coloco a mão no vidro e observo o térreo. Tento forçar o máximo a minha mente. O que estou tentando me lembrar? Então, um simples nome me vem a cabeça. Um nome que responde as perguntas que acabei de fazer. Um nome que me dá dor de cabeça.

Clarissa.

— Precisamos pegar aquele papel da Clarissa — digo.

***

Eu e Harry estamos no corredor que está o apartamento de Clarissa. Nós vamos pegar esse papel à força. Foi uma ideia mal pensada e eu já estou começando a desistir.

— Claire — diz Harry atrás de mim.

Eu me viro para ele. Ele parece um pouco preocupado.

— E se não for ela a garota da LPB? — pergunta ele.

É essa pergunta que venho me fazendo. Mas agora não adianta mais. Já estamos praticamente na frente da porta dela. O nosso plano é bater na porta e assim que alguém abrir, nós entramos bruscamente e procuramos o papel. Esse plano pode dar uma infração para nós dois. Mas eu não ligo. Só me preocupo com ele. E se ele ligar em ganhar uma infração?

— Temos que pelo menos ver o que era aquele papel — digo. Seus olhos estão fixados nos meus. Sua expressão descreve que ele não quer invadir o apartamento dela. — Você não precisa fazer isso se não quiser.

Seus olhos continuam fixos nos meus. Eu posso perceber que ele esconde algo. Tem alguma coisa que ele não quer me contar. Deve ser alguma coisa relacionada com a LPB. Ele deve saber quem é que está por trás disso. Mas por que ele não quer me contar? Ele me contaria quem fosse. Tenho certeza. Menos se...

Ah não...

— É você — digo num sussurro.

Ele sorri para mim maliciosamente. Como eu fui burra o suficiente para confiar nele? Como fui capaz de ser enganada desse jeito?

Eu avanço para cima dele com meus braços erguidos, para o empurrar. Mas ele segura os meus dois braços e me coloca contra a parede, me prendendo. Meu coração está em alta velocidade.

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