A tremedeira de Niall é claramente vista. Ele está em estado de choque. Ele acabou de perder o dedo médio. Puxo a flecha e a atiro contra a cabeça do zumbi com a faca. Eu me desespero e acabo esquecendo da presença de outras pessoas ali.
Uma mulher, um rapaz e ele. Pelo que eu saiba, eram grupos de cinco pessoas cada. E só tem três aqui. Será que os outros morreram?
Corro para Niall. Não sei exatamente o que fazer. A primeiro coisa que tento, é acalmá-lo. Eu o guio para a parede e o faço sentar no chão.
— Niall, esta me ouvindo? — pergunto.
Seu rosto está pálido e posso ouvir seus batimentos cardíacos daqui. Ele não responde. Está em um grande estado de choque.
Balanço-o, tentando fazer ele acordar de seu choque.
— Niall! — grito.
De repente, do duto, um corpo cai no mesmo balcão que caí. Demi. Ela se levanta e corre até Niall também.
— O que aconteceu? — pergunta ela.
A mulher do grupo de Niall chega atropelando Demi. Ela rasga uma parte da camisa de Niall e começa a amarrar em seu dedo, tampando o sangramento. Ela aperta fortemente em seu dedo.
— Precisamos levá-lo de volta para o condomínio, antes que infeccione... além disso, ele está bem exposto ao vírus com essa ferida.
A mulher fala como se fosse especialista.
— Quem é você? — digo.
Ela me encara. Não tem a pele branca e os cabelos castanhos. Seus olhos são da cor azul, uma cor que sempre admirei muito em olhos. Ela é bem bonita.
— Me chamo Mandy — diz ela. — Eu era médica.
Então, as coisas começam a fazer sentido. Do jeito de como está controlada, de como sabe o que fazer e de como fez tão rápido.
Michael cai do duto e logo depois Dylan. Lena demora um pouco, mas ela consegue. Assim que se levanta, diz:
— Eles entraram, destruíram uma das vitrines e entraram.
O rapaz que se manteve quieto até agora — por sua cara, devia estar assustado —, finalmente fala algo.
— O quê? Eles estão lá de onde vocês vieram também? — ele coloca a mão na cabeça e fecha os olhos, furioso. — Nós estamos presos então.
Olho para a porta de aço fechada com várias fechaduras diferentes. Estamos em uma cozinha. Por que essa porta tem tantas fechaduras?
Como vamos sair assim?
Niall ainda parece estar em outro mundo. Eu olho em seus olhos cheios de lágrimas e o balanço mais uma vez. Ele me olha, finalmente saindo de seu mundo paralelo. Então, me abraça fortemente.
Eu o abraço também. Sinto sua respiração passar pela minha nuca. Parece que ele nunca vai me largar.
— Está doendo muito — ele fala.
Sinto algo úmido em meu ombro e deduzo ser suas lágrimas.
— Eu sei — digo. — Vai passar, a gente vai te tirar daqui.
Ele se afasta um pouco e então olha nos meus olhos. Suor escorre pela sua testa. A dor deve estar imensa.
— Não, temos que achar suprimentos... — diz ele.
— Niall, se você ficar com o dedo assim aqui, pode ficar infectado pelo vírus, temos que tirar você daqui o mais rápido possível. — Respondo.
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Sinistra
ActionEm um futuro distante, um vírus consegue exterminar a América do Sul, transformando os infectados em mortos-vivos. Dois anos se passaram e agora os mortos-vivos tomam conta da cidade. Um enorme grupo de sobreviventes conseguiu criar uma sociedade e...