— Vamos fazer igual ontem! — diz Louis, quando paramos em uma rua. — As mesmas duplas. Vamos entrar nas casas.
Reviro os olhos. Por que ele quer que eu vá com ele de novo? Eu gosto dele, mas queria ir pelo menos uma vez com Demi ou Dylan...
Ele faz um movimento com a cabeça, indicando para eu ir com ele. Eu vou até ele. Nós arrombamos o portão de uma casa e entramos. Passamos pela garagem sem trocar palavras. Então, quando entramos na casa, ele diz:
— Por que não gosta de mim?
Nós estamos em uma sala bem grande. Tem uma passagem — que eu acho que dá para a cozinha — do lado da TV, um sofá caído e uma escada caracol.
— Quem disse que eu não gosto de você? — pergunto.
— Eu vi você revirando os olhos — ele do nada mira sua arma para frente. — Ouviu isso?
— Não — digo. — E eu revirei os olhos pois esperava ir com algum dos meus amigos hoje.
— Talvez na próxima eu deixe você ir com a Demi — ele sorri para mim. Retribuo o sorriso, que é cortado rapidamente por um som aterrorizante.
Ergo meu arco rapidamente. O som parece ser de uma coisa estranha, porém familiar. Esse som me lembra algo como um motor. Como uma serra...
— Ouviu isso? — pergunto.
— Dessa vez você ouviu também? — pergunta ele. — Vá para o andar de cima. Eu checo a cozinha.
— Acha uma boa ideia nos separar? — levanto as sobrancelhas.
Ele me olha, com duvida. Não sei ele, mas todos os filmes que eu assisti, quando as pessoas se separam, sempre acontece algo ruim e alguém morre. Eu não quero morrer no meu terceiro dia e também não quero que Louis morra.
— Deve ser só um zumbi — ele dá de ombros. — Tudo bem. Não vai ser difícil.
Ergo as sobrancelhas de novo, mas ele não percebe, já começa a andar em direção à cozinha. Subo as escadas. Entro em um corredor com o chão de madeira e paredes manchadas de sangue. Engulo o seco. Ergo o arco e puxo a flecha. Com o meu ombro, abro a primeira das três portas que tem à frente. Um quarto com uma cama rosa totalmente bagunçada. O guarda-roupa está caído e grande parte dele quebrado.
Saio do quarto e entro no próximo. Um fedor invade minhas narinas assim quando empurro a porta. Dois corpos caídos no chão. Parecem ser de dois adolescentes. Um menino e uma menina. Não me preocupo em verificar que eles estão mortos mesmo, pois tenho certeza. A menina está com um enorme e profundo corte na testa. O menino está com um dos braços arrancados e um corte profundo no peito.
O sangue parece estar fresco. Não tenho certeza e prefiro não checar mais de perto. Se eu me aproximar mais um pouco, eu vomito. Essa cena horrível me deixa tonta. Será que eles foram mortos hoje?
Seja lá o que for que tenha matado eles, não é um zumbi. Zumbis não fazem esses cortes.
Assim que vou sair, piso em alguma coisa que me faz parar. Olho para baixo e vejo um caderno preto embaixo do meu pé. Eu me agacho e pego. Está escrito na capa:
Diário
Após apocalipse
Alguém escreveu "após apocalipse" de caneta.
De repente, um barulho vem do ultimo quarto. Ouço o grito de Louis. Meu coração falha uma batida e meus pelos se arrepiam completamente.
Corro para o quarto. Assim que abro a porta, vejo do outro lado da janela, um zumbi tentando morder Louis. Corro até ela e solto o diário. Automaticamente, pego o arco e a flecha. Miro na cabeça do zumbi e atiro. A flecha atravessa seu crânio, fazendo até um barulho de "CRACK".
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Sinistra
ActionEm um futuro distante, um vírus consegue exterminar a América do Sul, transformando os infectados em mortos-vivos. Dois anos se passaram e agora os mortos-vivos tomam conta da cidade. Um enorme grupo de sobreviventes conseguiu criar uma sociedade e...