S*x on the beach

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A essa altura, Kyle Molina é a única pessoa na face da terra que me convenceria a pegar duas conduções no meio da noite somente para encontrá-lo.

Eu deveria ter pedido um Uber, mas estou economizando toda a grana possível. Preciso pagar a Ariana.

Se eu houvesse convidado a Dominique, aposto que ela tiraria o cartão black da bolsa e pagaria toda a conta no fim da festa, sem nem mesmo conferir a comanda, mas eu não a chamei, porque então eu dificilmente conseguiria ficar a sós com Kyle, e esse é o plano.

Demoro um pouco mais do que o previsto, porque o trem quebra bem no meio do caminho. Quando finalmente consigo chegar, sou barrada pelo segurança.

— O meu nome está na lista — explico. — É Barbara Bittencourt.

Ele caça no papel, deslizando a caneta lentamente, e ali está o meu nome, como prometido. Assinala.

— Preciso de um documento.

— O quê? — falo. Penso "merda", porque eu ainda não tenho o documento com meu sobrenome falso. — Eu sou amiga do Dj Galatic. Não dá para você só falar com ele?

Nega.

— Regras são regras, senhorita.

Esbravejando, eu me afasto para enviar uma mensagem para ele.

Eu: Onde vc tá?

Ele: Onde vc tá?

Eu: Barrada na porta.

Ele: Vou mandar alguém te salvar.

Eu: Ok.

Não demora cinco minutos e outro funcionário surge para autorizar minha entrada. De longe, vejo Kyle no camarote vip, segurando uma garrafa marrom de cerveja, como a visão de uma divindade na terra. A pele morena de sol, os olhos puxados, uma mistura étnica que torna a sua aparência única e irresistível. Eu não sabia que os seres humanos eram fabricados com esse nível de perfeição.

A luz do holofote reflete em seu rosto no exato momento em que ele sorri e pisca para mim. Aquele sorriso de cafajeste, que faz a parte mais íntima de mim se contorcer de vontade. Empurro alguns corpos suados para chegar às escadas.

— O meu show acabou há uns vinte minutos. Pensei que tinha me dado o bolo — reclama quando consigo alcançá-lo.

Eu não sou baixa. Tenho um metro e setenta e cinco, e estou de salto, mesmo assim ele parece cruelmente alto, e precisa se abaixar um pouco para me cumprimentar.

Segura a minha cintura, e me beija quase na boca. Quase. Apenas perto o suficiente para eu sentir o seu hálito de cerveja, e a sua mão quente sobre o tecido fino do meu vestido. Somente a distância necessária para me torturar.

— Por que não atendeu quando eu te liguei? — Pergunta.

Não tinha área na linha do metrô onde eu fiquei confinada.

— Desculpa, demorei um pouco para me arrumar — minto.

— Perdeu seu tempo — ele provoca, com aquele sorriso estampado no canto dos lábios. — Se quiser pode aparecer só de toalha mesmo da próxima vez. É menos roupa para eu tirar.

Dá uma piscadela, e eu, sem saber se me sinto mais ofendida ou mais elogiada, solto um riso breve.

— Você não presta — falo.

Ele ri.

— Vem cá. — Me puxa pela cintura. — Deixa eu te apresentar para uma galera.

Os amigos dele estão amontoados em um sofá cor-de-vinho, bebendo e conversando alto. Ele os apresenta pelo nome, mas eu não sou boa fisionomista e acabo misturando todo mundo. Cinco minutos depois esqueci quem é quem.

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