Barbie Feminista

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Durante a sexta-feira inteira, não consigo tirar da cabeça os acontecimentos do dia anterior. Sendo assim, o cair da noite me leva para o único lugar a onde eu, talvez, encontre algumas respostas para as perguntas que me atormentam: O bar do Harvey, onde Kennedy apresenta seus truques e Tabitha trabalha como garçonete.

Visto um jeans básico, e uma blusa de moletom rosa com estampa de flores, porque o tempo está frio e eu não quero chamar muita atenção hoje.

Chego cedo e o lugar ainda está quase vazio. Apenas duas ou três mesas ocupadas, e a garçonete parece entediada enquanto limpa alguns copos no bar.

— Kardashian. — Ela cumprimenta ao me ver. Nenhum resquício de ânimo em sua voz monótona. Eu me aproximo do balcão para falar com ela. Noto que o palco ainda está vazio. — O que vai ser? Sex on the beach sem açúcar?

Ela faz tom de deboche ao falar minha bebida.

Penso: Bom, Kennedy não é o único que sabe o que eu bebo, afinal. Poderia ter sido muita gente. Com certeza não foi ele! O que o mágico estaria fazendo em um dos restaurantes mais caros da cidade ontem?

— Terra pra Kardashian! — Tabitha estala o dedo diante do meu rosto. — Acorda! Vai querer o drink ou não?

Concordo.

— Pode ser.

Enquanto ela prepara a mistura de Vodka, pêssego e suco de laranja, eu puxo o assunto:

— Lembra quando você disse que alguém tinha entrado no seu apartamento?

Ela assente.

— Olha... Não precisa ficar noiada, e eu também não quero acusar ninguém. Não tenho certeza. É só uma daquelas coisas... quando você cisma que alguma coisa não está no lugar que você deixou.

— Aconteceu comigo também — solto. — Duas vezes. A última delas foi ontem.

— Alguém entrou na sua casa ontem?

Assinto. Ela me serve o copo de drink.

Você viu alguma coisa fora do normal? — Questiono.

Ela nega, sacodindo a cabeça e apertando os lábios.

— Trabalhei a noite toda.

— Tinha uma carta de baralho do Ken no chão — conto. — Mas eu não acho que foi ele... Ou talvez... Posso te contar uma coisa?

Ela ergue uma palma para o alto.

— Eu tenho escolha?

Debruça-se sobre o balcão. Não tem. Eu rio. Sugo um gole do drink alaranjado e prossigo:

— Eu estava em um bar ontem... Era longe daqui... Não era bem um bar... Era um restaurante caro. — Tabitha levanta uma sobrancelha, mas não me interrompe. — Eu estava esperando uma amiga, e aí... — Mastigo meu lábio, pensando em um jeito de contar.

— Desembucha logo.

— Alguém me enviou uma bebida.

Tabitha franze o cenho.

— Alguém te mandou um drink? Essa é a história? — Solta um riso debochado. Desvia o olhar para além de mim.

— Não era qualquer drink. Era um...

Sex on the beach sem açúcar? — A voz masculina vindo das minhas costas congela todos os músculos do meu corpo instantaneamente. Kennedy apoia o cotovelo no balcão, ao meu lado, e rouba o meu copo para provar um gole. — É só isso que você toma?

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