capítulo quatro

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Era segunda-feira.

Eu estava na portaria do apartamento do ex de Harry, esperando ele descer e trazer o resto de suas coisas. Harry me deixou com Florence para que ele pudesse trazer as coisas mais rápido. Eu poderia subir e ajudá-lo mas ele insistiu para que eu ficasse aqui embaixo.

Quando ele desce, eu o ajudo à colocar as coisas no carro, depois de colocar Florence na cadeirinha no meu carro. — Tenho muitas crianças na família.

— Então você deixou o restaurante com quem? — pergunta Harry, terminando de ajeitar suas coisas na mala do meu carro.

Não tinha muitas coisas então coube tudo facilmente. — Tirando o berço de Florence, que tivemos que colocá-lo amarrado no capô — desmontado, claro.

— Taylor — respondo, fechando a mala. — Ela administra melhor que eu às vezes.

Harry ri, se sentando no banco de trás, para ficar com Florence.

— Ela é profissional — comenta Harry, fechando o cinto de Florence e em seguida colocando o seu.

— Olha, eu arrumei as coisas no quarto de hóspedes lá — começo, revezando o olhar entre a rua e Harry, pelo reflexo do espelho. —, mas se você quiser mudar algo, tipo, o lugar das mobílias, fique a vontade, OK?

Harry assente, hesitante. Sei que ele ainda se sente relutante sobre passar um tempo na minha casa e não posso julgá-lo por isso; ele passou por muita coisa em tão pouco tempo, não seria justo culpá-lo por não querer ir para a minha casa. Também não posso julgá-lo por se sentir um fardo para mim — mesmo que ele não seja.

Como eu moro sozinho — com Clifford, meu cachorro —, não pensei duas vezes em chamar Harry lá para casa. Não ia incomodar ninguém e ia ser até bom para eu não ficar tanto tempo sozinho em casa. — Mesmo que eu passe mais tempo no restaurante do que em casa.

Ao chegar na casa, pedi para um dos funcionários ficasse com Florence e outro para nos ajudar à tirar as coisas do carro.

Terminamos tudo em menos de meia hora. Harry ficou para arrumar o seu quarto temporário sozinho — à pedido dele — e eu fiz uma papa para Florence comer, já que já era tarde e ela precisava de algum lanche da tarde.

— Acabei lá em cima. — Ouço a voz de Harry se aproximando. — O que vocês estão fazendo?

— Eu fiz papa para Florence e estou fazendo omelete para mim; não tomei café da manhã — comento, olhando para ele por cima do ombro. — Quer comer algo?

— Pode ser omelete também?

— Dois omeletes saindo, então.

Escuto a risada baixinha de Harry, me fazendo o olhar por cima do ombro de novo.

— O quê?

— Olhando assim, até parece que somos uma família.

Eu assinto, sem jeito, voltando à mexer os ovos para fritar.

— Desculpa, não quis-

Eu faço que não, antes que ele possa falar mais.

— Relaxa — eu rio. — Você não mentiu.

Sinto o clima ficar meio estranho e acho que até Florence percebe porque começa à chorar logo em seguida.

Vejo Harry pegar ela nos braços e andar pra lá e pra cá na cozinha, na tentativa de acalmá-la. Enquanto isso, eu termino os omeletes e sirvo na mesa.

— Você vai ter que aturar isso diariamente agora, ouviu? — diz Harry e eu o olho desconfiado.

— Você fez a menina chorar só porque queria que eu mudasse de ideia e te colocasse na rua?

𝙏𝙤𝙢𝙡𝙞𝙣𝙨𝙤𝙣'𝙨 𝙇𝙤𝙪𝙣𝙜𝙚 (𝗳𝗶𝗰 𝗵𝗲𝘀+𝗹𝘄𝘁)Onde histórias criam vida. Descubra agora