Capítulo 2: O valor de um amigo

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 O mundo que o recebeu era colorido, tão colorido que não existia um único espaço faltando.

 Era um espaço diferente, um mundo excêntrico, um lugar tão único que era difícil descrever em palavras.

 O corpo estava sustentado apenas pela impressão de estar pisando em algo, e quando ele notou isso, a percepção tardia de que estava caindo bagunçou sua mente.

 Por mais colorido que aquele mundo fosse, um ar nebuloso pairava sobre sua visão. Por mais estranho que fosse, havia uma sensação de esquecimento, e havia uma sensação feliz e familiar a esse esquecimento. Se ele pudesse sentir qualquer coisa, seja lá o que for, nesse lugar, talvez, ele poderia de alguma forma descobrir o que era essa sensação.

 Nesse mar de cores, onde até mesmo o próprio corpo fora tomado como tela, repentinamente aconteceu uma mudança, e o ambiente do mundo se alterou.

 - ...

 Nesse mundo exageradamente colorido, havia uma névoa espeça e escura como a noite apagando um pedaço daquele lugar.

 Era uma nuvem densa. Ele conseguiu compreender isso pelo menos.

 Se comparada ao ambiente, era nítido que ela não deveria estar ali. Mesmo o fato de ela estar cuidadosamente sumindo com aquele lugar servia como um suporte à esse pensamento.

 Esse encontro casual com aquilo- não, não um encontro repentino; isso parecia diferente.

 De alguma forma, o sentimento não era de casualidade. Era algo bom, mas que parecia incerto.

 A falta de uma boca o irritou. Ele queria pedir para que aquela névoa parasse de destruir aquele mundo colorido.

 A falta de dedos dele o irritou. Ele queria desfazer aquela nuvem.

 Ele ser apenas um pensamento à deriva o irritou, já que não havia o que ser feito. Naquela situação, ele era apenas um observador passivo.

 - ...

 No instante seguinte, a névoa consumiu um pedaço exagerado do chão, e sem conseguir aguentar tanta massa, ele se dissipou , quase que sumindo no mundo colorido.

 Entretanto...

 - ...?!

 As partículas quase imperceptíveis esvoaçaram-se e, após uma duradoura dança que certamente encantaria qualquer um, em um único giro, chocaram-se no ar e formaram uma silhueta negra.

 O rosto dela e os contornos de seu corpo eram tão incertos, que ele não era capaz de ter certeza de nada em relação a eles. E mesmo assim, o coração dele fervia.

 Assim como antes, ele continuou a manter seu silêncio. Mas a mente dele certamente virou em direção a ele, isso já era o suficiente.

 E aquela formação que o constituía como ser, ansiando por algo...

 - T... ...To...

 A voz era muito distante. Ele não sabia como conseguiu escuta-la.

 Por que ele se sentiu tão bem? Ali, naquele lugar em que nada fazia sentido.

 - Vo- ...nte... Cha... t...

 Era extremamente difícil para ele entender o que lhe estava sendo dito. Não havia nada que ele pudesse fazer para consegui-la escutar melhor, a não ser prestar mais atenção... Mas nem mesmo isso estava dando certo.

 -  ...Tisse... Coi- ...Ferno, hein?

 A voz pareceu estar mais alta, e passava um sentimento de raiva.

A Garota e a ChaveOnde histórias criam vida. Descubra agora