- Realmente aprecio pela sua ajuda. Mas, agora, eu posso resolver isso sozinho
- Tens certeza de que posso me retirar?
- Sim. Muito obrigado pela ajuda
Apesar de Theoto estar um pouco alarmado por uma possível insistência por parte da garota, ele acreditava que, devido à apatia dela em relação a situação, apenas agradecê-la seria o suficiente para deixá-la ir.
- Muito bem, então. Desejo-te um ótimo dia
- Igualmente
Assim como ele imaginou, ela não iria insistir ainda mais. Visto que não eram próximos o suficiente para que ela se importasse muito mais além disso, era óbvio que a garota simplesmente iria embora.
Então, certificando-se de que ela deu-lhe as costas decidida a não voltar, ele puxou do bolço as chaves do apartamento e destrancou a porta rapidamente. Tudo estava indo bem, até demais. Mas, infelizmente, Theoto acabou atrapalhando-se um pouco assim que ele viu a parte interna de onde ele morava. No mesmo instante, como que querendo entrar de uma vez, em uma passada, sua perna cedeu.
Pela segunda vez em um único mês, o sentimento de alívio ao entrar para o próprio apartamento o fez baixar a guarda inesperadamente. Assim, ele soltou um grunhido estranho enquanto respirava de forma cansada.
- ...Como imaginei; estás com alguma aflição - Theoto ouviu uma voz frágil que o rodeou enquanto ele estava imerso na própria dor excruciante.
O jovem rapaz optou por não virar a cabeça na direção dela. Não sabia o motivo de estar fazendo isso, mas ele simplesmente manteve-se alheio às palavras da garota.
- Não... precisa se preocupar. Eu estou bem, foi só um susto
- É inadmissível eu apenas deixá-lo nesse estado. Hei de entrar para que posso fazer algo à respeito da sua condição. Portanto, perdoe-me pela invasão
Apesar do tom mais sereno que ela utilizou, a garota não deixou margem para que ele pudesse recusar. Sendo assim, ele não teve outra opção a não ser apenas aceitar o que estava acontecendo.
O jovem rapaz foi puxado com algum cuidado, entrando em seu próprio apartamento acompanhado de uma garota que aparentava ter uma idade bem próxima à dele pela primeira vez em sua vida. Assim como Ryan sempre falava, era fato que ele não tinha uma namorada que o cuidasse, mas parecia que uma divindade benevolente permitiu que um de seus anjos descesse especialmente para cuidar dele.
Logo na entrada, haviam algumas peças de roupa jogadas de qualquer jeito pelo chão, como se alguém tivesse saído às pressas. Notando-as, Theoto mordeu os lábios percebendo que ela veria a bagunça que seu apartamento estava.
Mais alguns passos foram dados até que ambos chegaram na sala; as cadeiras estavam espalhadas pela sala, as cortinas meio-abertas e, no balcão logo ao lado da pia, diversos plásticos estavam jogados.
- És lamentável de olhar para esse ambiente - o anjo deu-lhe uma avaliação franca e cruel das suas condições de vida. Tal aspereza contrastava bastante com sua aparência estonteante.
Confirmando com os próprios olhos o estado deprimente que seu apartamento estava, ele não conseguiria nem argumentar. Desse modo, ele apenas engoliu qualquer pensamento que ele viesse a ter.
- Devo agradecê-la pelo ponto de vista?
- Não há necessidade para tal. Sinto que não seria a única que diria algo assim
- ...
À provocação de Theoto, a garota respondeu como que não se importando com os sentimentos do garoto, enfatizando que o fato de que o apartamento dele estava uma bagunça era um axioma.
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A Garota e a Chave
RomanceApós o início de mais um ano, começa o novo período escolar. O retorno dos dias pacíficos e maçantes teve início, mas logo fora interrompido por uma presença feminina um tanto quanto... súbita. "Você é irritante demais para ser ouvido--".