Capítulo 16: Eventos em Movimento e a Postura de Lavínia

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 Saindo da coordenadoria e adentrando no corredor que ligava a entrada do colégio até a biblioteca, Theoto caminhava com uma pequena folha nas mãos. Aquilo que segurava era o papel de justificativa dos dias que não compareceu ao colégio, e que agora precisava entregar para o professor de filosofia.

 Como o mundo não era um lugar que realmente se importava com as pessoas, tampouco com o garoto, seu objetivo era justamente a sala que ele menos tinha vontade de entrar.

 - É aqui...

 Ao que contou as portas, contorceu a boca no momento em que os olhos passaram pela plaquinha que indicava ser a Classe 3. Não que ele necessariamente tinha algum problema com a sala, mas tinha uma pessoa em específico que o garoto não desejava encontrar novamente tão cedo.

 Infelizmente para ele, se não entregasse a justificativa hoje, teria a nota zerada logo no primeiro semestre, e para alguém que fazia o possível para não estudar, se isso acontecesse, seria o pior cenário possível. Por isso, após tomar um momento para respirar, emancipou o corpo.

 - Veio me visitar tão cedo? Bem inesperado da sua parte, Theoto.

 - Por favor, não começa...

 No momento em que fez menção de cruzar pela porta, uma voz conhecida soou para dentro de sua cabeça como um imenso bloco de concreto, esmagando os próprios pensamentos.

 - O que foi? Logo de manhã e você já tá mal-humorado desse jeito? Vai morrer cedo, hein.

 - Acho que vou mesmo, mas por outras causas...

 Respondendo a brincadeira de forma dolorosa, o garoto virou para onde vinha a voz, apenas para encontrar uma garota baixa de cabelos curtos e cor amarronzado - era quem menos queria encontrar naquela ocasião: Lorena.

 - Como que tá o seu pé? 

 - O Ryan contou, é?

 - Isso! Ele me disse como você estava chorando igual criança pedindo ajuda, chega até a ser triste.

 - Para de ficar criando histórias na sua cabeça. Até parece que eu faria algo assim.

 Theoto ignorou completamente o tom jocoso como Lorena fez sua afirmação e mais pareceu ter ficado emburrado com isso. À reação dele, a garota apenas levou a mão até a boca para esconder o riso e disse:

 - Se ficar bravo, vai ser pior. Aliás, vou contar pro Ryan sobre essa sua encenação, aposto que ele vai rir bastante. 

 - Enfim, tomei alguns remédios fortes e voltei ao normal. Embora meu pé ainda esteja meio estranho, não tenho mais nenhuma dor ou algo do tipo. Agora, se me der licença, eu quero entregar a justificativa.

 - Ah, sim, sim! Tenho uma apresentação pra fazer agora, também. Enfim, nos vemos por aí

 - ...Não fala isso

 Tendo resgatado o assunto que já estava sendo desviado inconscientemente, Theoto escapou bem da ameaça e, quando finalizou o assunto, esperou que Lorena o ultrapassasse para finalmente entrar na sala. Desse jeito, os holofotes seriam direcionados apenas a ela, já que sua presença era muito mais forte que a do garoto. 



※ ※ ※ ※ ※ ※ ※ ※ ※ ※ ※ ※ ※



 Mais tarde naquela manhã, assim que o sinal que procedeu o fim do terceiro período tocou, Theoto se preparou para sair da sala de aula, esquivando-se do fluxo de estudantes, quando uma enorme sombra se aproximou silenciosamente.

A Garota e a ChaveOnde histórias criam vida. Descubra agora