Como de costume, ao chegar em casa, Theoto encostou a mochila em um canto do quarto e correu ao banheiro para tomar um banho e poder se livrar do suor infernal que estava fazendo naquele início da tarde de uma Sexta-Feira.
Dessa vez, mesmo que fosse adepto ao banho quente, precisou ceder e abaixar a temperatura da água para não acabar desmaiando no banho. Pela primeira vez em algum tempo, ele conseguia ver todo o banheiro enquanto esfregava o sabão pelo próprio corpo.
Mas, mesmo com uma temperatura amena, fez questão de abrir a janela ao seu lado para que um vento fresco pudesse circular, mesmo que esse não fosse o caso.
- Haahh...
Depois de se secar, botou a cueca e a bermuda e largou a toalha sob o pescoço. Fechou todas as janelas da sala e cozinha e, em seguida, ligou o ar-condicionado e colocou na temperatura mínima.
Era comum que de Janeiro a Março, fosse ridiculamente quente, mas hoje estava tão absurdo que os medidores nas ruas marcavam nada mais, nada menos do que trinta e sete graus. Ele não tinha a mínima ideia de como havia chegado vivo em casa, mas se o fizera, então estava tudo bem.
Enchendo sua garrafa com água e caminhando em direção à sala, deixou-a ao lado no sofá e se jogou, tomando todo o tempo do mundo para se acomodar de maneira adequada. Entretanto, por conta da sua ignorância ao simplesmente pular de costas no assento, a garrafa voou para o chão, espalhando a fonte da vida até mesmo para baixo do sofá.
- Oôôoo, merda!!
Caminhando até a dispensa somente com a força do ódio, pegou o mop giratório que adquiriu graças a uma recomendação de Ryan. Esfregou a poça visível com força, claramente não querendo fazer aquilo. Mesmo que agora, depois de mais um esporro de Ryan e um único empurrão da Ária, Theoto estava ativamente limpando o próprio apartamento com alguma frequência, mas não era como se ele realmente quisesse ou gostasse daquilo. Era uma obrigação necessária que, se deixasse de fazer, acabaria sendo xingado ainda mais do que era antes.
Movendo o sofá para o lado, esfregou o chão até que não restasse nem um pingo d'água. Após finalizar a tarefa, guardou tudo nos seus devidos lugares e, depois de se espreguiçar, sentou calmamente no sofá enquanto ligava a televisão.
Ao que a tela acendeu, um homem bem afeiçoado usando um terno claro estava atrás de uma mesa redonda, apresentando a mais nova manchete jornalística que havia sido mostrada pelos sites mais cedo nesse mesmo dia.
Devido a recente proporção que o Surto de Alzheimer teve devido ao mais novo caso depois de mais de vinte anos, era natural que essa notícia fosse o foco de todos os lugares, principalmente pelos médicos e cientistas estarem lidando com algo que vai além de todo o conhecimento adquirido até então.
Theoto fez menção de trocar de canal, afinal, não estava nem um pouco afim de escutar o que já sabia, uma vez que Lucca o infernizou a manhã toda por conta disso. Contudo, parou imediatamente quando...
"...Foi quando os médicos chegaram na sala. Mas, infelizmente, não havia nada que pudesse ser feito."
- Hum...?
Ao que foi dito pelo apresentador, o garoto teve sua atenção atiçada e inclinou o tronco para frente no mesmo instante. Contudo, aquilo foi a última coisa que o homem falou antes de trocar de matéria e, por fim, pular para os comerciais.
O jovem rapaz ficou em silêncio, escutando apenas o barulho da televisão e do ar-condicionado. Tentando processar a informação, buscou outros motivos que levaram a mais nova vítima do Surto de Alzheimer a cometer suicídio dentro do hospital.
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A Garota e a Chave
RomanceApós o início de mais um ano, começa o novo período escolar. O retorno dos dias pacíficos e maçantes teve início, mas logo fora interrompido por uma presença feminina um tanto quanto... súbita. "Você é irritante demais para ser ouvido--".