Por que se importava? Por que estava mais preocupada com Beatrice transando com Andras em vez de o que faria em relação a Mirela? Mais de duas horas e a bruxa enrolada não retornava. Permanecer na confortável sala de estar, sem nenhuma música enlouquecedora e com os homens a conversar sobre toda sorte de bobagem, davam a falsa sensação de normalidade.
Andras e Beatrice agarraram no sono?
Agradeceu a bebida oferecida por Nik com um movimento de cabeça. E suspirou de alívio ao que os dois irromperam no ambiente. Quis saltar e agarrar Beatrice pelos ombros. Contudo, afundou no sofá, incomodada com o beijo suave e carinhoso que Andras deu em Beatrice antes de se afastar. Inveja? Ciúmes? Que loucura, Ayla, que loucura!
Beatrice estava estranha, se é que algumas horas de contato fossem suficientes para julgar o comportamento da bruxa distraída. Enfiada no moletom ao qual caberia duas dela, tomou a garrafa de conhaque da mão de um dos membros da banda e caminhou em passos lentos. Ensimesmada, parou diante da janela e contemplou o vazio. O que aconteceu com os dois enquanto estiveram separados do grupo? Parecia que a energia da bruxa tarada tinha se transformado.
Defronte da janela, o dedo deslizou no vidro, a garrafa esvaziou um pouco mais, girou sobre os calcanhares e focou Gar. Balançou a cabeça em sucessivos "sins" enquanto Andras dizia alguma coisa no ouvido dela. Beatrice se jogou no sofá. Decidida em conversar com a bruxa enigmática para matar a curiosidade, Ayla se levantou e antes de a alcançar, o demônio interpôs-se em seu caminho.
— Não quer trocar de roupa, meu anjo? Está molhada e está frio hoje.
Conforto ou desconfiança? Tinha bebido o suficiente para afastar a sensação de frio, porém não o desconforto da roupa gelada ainda se agarrando ao corpo. O tecido do terno e da calça a ciciar como se estivesse por rasgar. E se estivesse com hipotermia? Estava bêbada demais para perceber se congelava ou não. Concordou e o acompanhou ao segundo andar.
Adentraram em um quarto amplo, duas estátuas de mulheres nuas em alabastro e os abajures produziam uma atmosfera delicada com a iluminação indireta. Os tons pasteis e os móveis em marfim ofereciam uma sensação aconchegante e calma. Ayla tirou o sapato, sentiu o carpete felpudo, quentinho e macio sob os pés frios e enrugados. Andras colocou um conjunto de moletom sobre a cama e uma camiseta. O encarou a espera do momento em que deixaria o quarto para se trocar em paz, porém o demônio não se movia. Para seu desespero, se sentou na cama confortável e a aguardou.
Seria deselegante demais gritar para sair? Pegou as peças de roupa e as examinou, absorta. Por que se sentia atraída? Andras a perturbava. Perceber que sempre sonhou com ele sem o conhecer pessoalmente a devastava. Como explicar para si mesma? Quem acreditaria nela? Deu a volta na cama envolta pelo dossel e permaneceu atrás dele em prol de conquistar o mínimo de privacidade. O demônio achou graça e se sacudiu no riso sufocado. O xingamento escorregou até a ponta da língua outra vez. Controle-se, Ayla! O capeta ao menos tentava ser gentil.
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E o Verbo Se Fez Carne ⚠️Completo⚠️
Fantasy🏆 Eleita como uma das melhores histórias de 2022 pelos Embaixadores do Wattpad🏆 Ayla de posse de um objeto de poder e sem conhecer o pai, atrai seres perigosos e considera seus poderes paranormais como meros transtornos mentais até conhecer Beatri...