9 - Eu Quero Um Pouco Mais

1.7K 77 9
                                    

— Não pode dizer que vai ao banheiro e não voltar mais

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

— Não pode dizer que vai ao banheiro e não voltar mais. Ah Bia, assim você me magoa.

Beatrice sujou de sangue o maxilar de Gar ao envolvê-lo e se entregaram ao beijo como se estivessem sob um lindo pôr-do-sol, e não num matagal sinistro no meio do nada. Os seres de fogo corriam de um lado a outro na estrada e os circundavam como sentinelas. As pálpebras pesavam. O pesadelo não acabava. Desejosos, as línguas iam de uma boca a outra, produzindo estalidos úmidos. As mãos escorregavam alvoroçadas entre cabeças e pescoços, lambuzando-os com o sangue de Beatrice. Não estava à beira da morte como ela não? Ayla se agarrava a cintura da bruxa beijoqueira para não despencar. As pernas bambas, o sacolejar involuntário do corpo, a energia vital escapava. Doía, ah como doía! Mal conseguia respirar.

— Eu voltaria um dia — disse a bruxa romântica, dengosa.

— Voltaria mesmo? — perguntou e encostou a cabeça na dela, enrolando o longo cabelo empapado de sangue nos dedos.

— Sim, gostei demais do seu perfume para não querer sentir seu cheiro de novo.

— Eu não queria atrapalhar o romance de vocês não, mas preciso muito de atendimento médico. Chamar uma ambulância ou me levar ao pronto-socorro seria de grande ajuda — resmungou Ayla.

— Desculpa não chegar em tempo de evitar que te machucassem, minha princesa. — Beijou os lábios dela com ternura, indiferente à Ayla. — Foi difícil convencer Nik me dizer onde você estava — suspirou. — E cheguei tarde demais. Vi os LeBlanc te enfiarem no carro por um grande golpe de sorte. — Segurou o queixo de Beatrice, examinou a cabeça dela, e disse, carinhoso. — Vou cuidar de você agora, princesa. Está segura comigo.

— Vou ficar bem — respondeu Beatrice. — Eu me curo rápido.

— Eu não, e estou morrendo — queixou-se Ayla.

Gar deixou Beatrice. Apalpou Ayla e examinou o abdômen. A tomou nos braços e a levou para o carro. Entendeu o elogio da tarada doida, o perfume dele era maravilhoso e inebriante, tão viciante que enfiou o nariz no pescoço de Gar. A colocou no banco de trás e a examinou outra vez sob a luminosidade. As mãos cálidas, se não estivesse imaginando, aliviava a dor.

— Tem cigarro? — indagou Beatrice ao se sentar no banco do passageiro.

— No porta-luvas — respondeu, ajeitou Ayla no banco e fechou a porta em seguida. — E você? Como está, princesa? — questionou à Beatrice ao ligar a ignição. — Precisa de hospital também?

— Preciso de um uísque — disse arrancando os cacos de vidros cravados na pele com o cigarro preso no canto da boca.

Parecia fácil e pouco doloroso. Ayla decidiu fazer o mesmo com o caco preso no braço. Contudo, ao tocar no fragmento, berrou, assustando ao casal. Como Beatrice conseguia? A dor era de lascar! Não tocaria mais. Os médicos cuidariam disso.

E o Verbo Se Fez Carne  ⚠️Completo⚠️Onde histórias criam vida. Descubra agora