33 - Vem a Calmaria

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Ayla jogou-se na cama e abraçou o travesseiro, o perfume de Andras estava impregnado nele, quente e almiscarado

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Ayla jogou-se na cama e abraçou o travesseiro, o perfume de Andras estava impregnado nele, quente e almiscarado. Não podia mais mentir para si mesma, estava tudo claro como uma manhã de verão. Podia não saber quais as espécies de sobrenaturais e quantas existiam no mundo, sem embargo não devia mais entendê-los como humanos. Inclusive o aroma, impregnado em todo o aposento desde a cama até as cortinas farfalhantes, não parecia ser desse mundo. O nervosismo a deixava trêmula, não sabia mais o que fazer com aqueles loucos. Insultuoso, sem dúvida, tratá-la como se fosse estúpida, sabia pouco a respeito do Submundo, porém não era idiota, algo errado demais estava acontecendo.

Enfiou-se sob a coberta, dava conforto embora não afastasse os pensamentos. Como Bia trouxe o demônio para o mundo? Com corpo humano, lindo, sim, lindo, nunca viu homem mais bonito antes, nem Andras superava a beleza de Saul. Ainda assim um demônio de carne e osso, se é que essa afirmação pudesse fazer qualquer sentido. E irritava ainda mais saber que a amiga se divertia, como se não houvesse nada de errado em trazer um monstro para o mundo.

Saul poderia fazer parte da trupe de demônios os quais as caçavam. E o tratamento suspeito de príncipes e princesa. Haveria alguma espécie sobrenatural reinante sobre outras? Um Nigba do sobrenatural? Bia não devia ser uma princesa embora soubesse ser incapaz de precisar, logo que a bruxa evocadora nem conhecia o pai, ou ao menos assim quis que acreditasse. Queria dormir e esquecer, pela manhã mais refrescada tomaria a decisão. A maciez da cama ampla a convidava, assim como o silêncio deixado na casa. Nenhum som no corredor, aparentemente nada mais estava se quebrando. Somente o vento insistente assoviava nas copas e fazia vibrar a janela.

Toda mulher sonhava com o príncipe encantado. Enxurrada de livros românticos flertava com o conto de fadas, a mulher pobre a qual o príncipe se apaixona e transforma sua vida. Sempre achou ridículo. Qual a possibilidade de ser absurda ao pensar que alguém como Andras pudesse se apaixonar por ela? Desde que chegaram, a rotina deles assemelhava-se a um devaneio romântico, o modo doce com o qual a tratava, a voz suave, as palavras afáveis. Gostava dela? As três batidas anunciaram a entrada, Andras irrompeu no aposento, ressabiado e cabisbaixo.

— O que aconteceu? Ouvi vocês.

— Eu e Faure nos desentendemos. Mas, resolveremos isso. E desculpe pelo caos que ela causou, quebrou tudo, vidros, porcelanas e cerâmicas. Está uma bagunça no andar inferior.

— Ela perdeu o controle de novo?

— Gar conseguiu controlá-la. Ela está bem, só precisa ficar fora essa noite. Disseram que estão indo para um hotel e Faure volta pela manhã para conversar com você.

— Como ele conseguiu a controlar?

— Não faço ideia. Gar leva jeito para isso. Às vezes gostaria de ser como ele. — Havia certo pesar em seu tom.

— Ao longo da minha vida desejei que meus defeitos fossem outros, ou que fosse outra pessoa, ou que pudesse lidar melhor com tudo que não sei lidar. Porém, ironia é sinônimo de vida. — Permitiu a carícia de Andras em seu cabelo.

E o Verbo Se Fez Carne  ⚠️Completo⚠️Onde histórias criam vida. Descubra agora