41 - Planos Frustrados

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Gar matou Bia

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Gar matou Bia. E sacudiu a cabeça. Gar matou Bia. E os pés tamborilaram no piso frio e brilhante. Gar matou Bia...

Detrás das vidraças das janelas o dia se apresentava lindo e morno, a grama verdejava, pássaros de variadas cores e tamanhos cantavam a glória da manhã saltando de um galho a outro no jardim. A luz natural invadia a sala ampla a preenchendo com um azul espectral e uma atmosfera de irrealidade, a manhã doce e calma não combinava com a notícia devastadora. O tempo parecia suspenso.

Procurava parar a repetição em sua mente, porém enojada diante da pele de Beatrice, curtida, para manter o símbolo feito por Andras retirado da barriga, como bacon carimbado, a impossibilitava de mentir para si. Bia estava morta e Ayla não queria acreditar. Não podia. Gar estava apaixonado, a amava. Gar a amava. O tal Oliver só podia estar mentindo, não havia outra explicação. Ambos sumiram. Oliver os matou. Sim, era provável. Matou ambos, Gar e Beatrice, e estava com o colar e o tal do bastão.

Andras avançou com passos pesados, tomou a pele de Beatrice nas mãos e analisou outra vez. Rosnou.

— Maldito Gar! Pediu para que me enviasse essa pele para me afrontar! Para me informar que é meu inimigo! Por que fez isso comigo? Era meu irmão! Meu irmão!

Atirou o couro nojento contra a parede e avançou para o balcão.

— Maldito Gar — Andras murmurou. — Maldito Gar! — exclamou. — Maldito Gar! — berrou e os vidros vibraram. — Não acredito que me traiu. Como não desconfiei? Como não pensei nisso? Agora está de posse do Bastão de Salomão e do Colar de Samael.

— E o que isso significa? — perguntou Ayla, encolhida, confusa, incrédula.

Estava furioso como jamais o viu, socava o tampão de madeira do balcão de alvenaria, fazendo os copos com líquidos acastanhados (uísque?) saltarem. O semblante ruborizado, as veias saltadas e azuladas pulsavam de puro ódio. O vermelho da ira escorria pelas pupilas esverdeadas. As narinas dilatavam e contraíam como touro pronto para o ataque. Levou a mão ao cabelo e inspirou fundo. O tom calmo e controlado ao se dirigir a ela a horrorizou, devotou-se a Ayla com o semblante impassível como se tivesse se transformado noutro homem em questão de segundos.

— Significa, meu anjo, que Gar tem o controle do inferno e de algumas hostes celestiais.

— Em outras palavras, Andras não tem quase poder algum. — Elias e Oliver seguraram o riso.

Sentado num tamborete atrás do balcão, Saul soluçava e soava o nariz. E Ayla nem sabia o que pensar, menos ainda o que dizer. Preocupava-se com a própria vida. Três dias desaparecidos. Acreditar significava considerar a possibilidade de acabar como Beatrice. Numa vala. Numa vala? A enterraram?

— A enterrou, Oliver? — disse Ayla.

— Joguei no poço. Tive de agir rápido, nossos informantes disseram haver muitos forasteiros em Pergamino aquela noite, a possibilidade de inimigos de Beatrice desejando o colar, ou possíveis aliados, se é que algum dia teve um. E depois cuidei da pele de Beatrice com o símbolo para entregar a Andras como Gar me ordenou, não tive muito tempo.

E o Verbo Se Fez Carne  ⚠️Completo⚠️Onde histórias criam vida. Descubra agora