26 - Jogos Mortais

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Gar tamborilava a porta do carro, o cotovelo para fora da janela, calado, não havia muito o que contemplar, apenas o terreno verdejante e rugoso, cheio de pontinhos brancos entre a vegetação

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Gar tamborilava a porta do carro, o cotovelo para fora da janela, calado, não havia muito o que contemplar, apenas o terreno verdejante e rugoso, cheio de pontinhos brancos entre a vegetação. Vacas? Carneiros? Enfrentar Beatrice não seria fácil. Como explicar para quem quer que fosse o quanto estava sendo difícil contatá-la e sentir-se estranho, desconhecido até mesmo para si. As emoções explodiam como erupção vulcânica apenas por sentir o contato de Bia e os pensamentos nublavam pela toxicidade e sufocação. Odiava perder o controle. A placa de sinalização, a curva perigosa a 50 metros. Detestava ficar perto de Bia. Abominava ficar longe dela.

Andras segurava o volante com tanta força que os dedos estavam esbranquiçados, e afundava o pé no acelerador, furioso. Não, não gostava daquela musica. Apertou o botão. E o que a louca estava fazendo? Por que não dava um minuto de sossego? Sequer devia perambular pela cidade. Estava curada? Continuava linda? Sentia saudade dele? E ele? Sentia falta dela? Por que não falou com Nik? Acendeu o cigarro.

— Faure descontrolada — rosnou Andras, depois de milhares de minutos silenciosos. — Terei que apertar a mão e controlar tudo por mim mesmo. Pensei que ainda estivesse no apartamento de Ayla. Como Faure deixou a casa há tanto tempo e não fui avisado? — Lançou um olhar desconfiado. — Espero que não estejam me sabotando. A propósito, por que você, Gar, não estava sabendo disso?

— Sabendo do quê?

— Você é mais inteligente do que isso, Gar.

— Como eu vou saber o que se passa na cabeça da Bia? Alô? Sabe bem de quem estamos falando.

— Gar, o que aconteceu? — questionou, ríspido e o focou.

— Eu não sei. Segui seus conselhos e ficamos juntos.

— E? — insistiu.

— E o que? Rolou sexo...

— E?

— Cara, eu não sei. Ela é confusa e eu sou o que sou.

— Você está fugindo da minha pergunta.

— O que infernos você quer saber, Andras?

— A verdade!

Gar gargalhou.

— E desde quando isso importa?

Andras o firmou outra vez.

— Desde que ela é realmente uma princesa! — vociferou. — Não estou falando de humanas, nem de demônios, deuses, anjos, fadas, nada... Eu estou falando de Faure! De quem você se encarregou de cuidar! — Baixou o tom de voz. — Ela está por aqui.

Gar sobressaltou-se, Andras não esperou pelo retorno na rodovia e os pneus cantaram ao som da buzina do carro detrás. Enfiou o carro no matagal, tornando o trecho um incômodo maior para Gar do que a maldita busca. Solavancos e trepidações o sacudiam, como a gama de emoções turbulentas as quais borbulhavam no âmago. Gar fechou o vidro para evitar o matagal e a poeira entrarem pela janela. E um estábulo! Estábulo? E Andras desacelerou. Como Beatrice encontrava aqueles lugares? Inspirou ao que o amigo estacionou ao carro. O pelo marrom e brilhante, a crina negra e reluzente, a corrida selvagem. Gostava de cavalos. Gostava de Bia? Assemelhavam-se os sentimentos? A porta fechou-se no ruído abafado.

E o Verbo Se Fez Carne  ⚠️Completo⚠️Onde histórias criam vida. Descubra agora