Karen se lembrara de onde conhecia aquele cheiro. O cheiro de chuva de verão não deixava seus pensamentos nem enquanto dormia, e por mais que tentasse parar, essa dúvida martelava em sua mente dia e noite. Foi quando em uma tarde em que Fenrys e ela estavam passeando pela cidade, tudo fez sentido.
Os dois haviam parado em uma loja de instrumentos musicais, a pedido do próprio feérico, que estava mais empolgado do que ela para apreciar os equipamentos. A loja era grande, espaçosa, e compunha uma variedade muito grande de instrumentos, porém, o que chamava a atenção de todos era o piano depositado no centro do lugar. Ele era branco e lustroso, o mais lindo que ela já vira.
Depois de admirá-lo por um tempo, a feérica estava pronta para seguir em frente quando foi impedida pela visão à sua frente. Fenrys se sentara no banco do instrumento, e começara a apertar algumas teclas aleatórias. Foi naquele momento, quando ela se aproximou e seu cheiro perpassou por ela, que uma lembrança invadira sua mente.
As pernas de Karen tremeram e suas mãos suaram enquanto se lembrava da primeira aula de piano que sua mãe lhe dera. Tinha sido a tantos séculos atrás, que a lembrança havia desaparecido. Mas, quando tentou entender porque aquela memória havia surgido, ela respirou fundo e compreendeu. O cheiro que exalava de Fenrys, era o mesmo daquele dia.
Depois disso, quando se esforçou ao máximo para não chorar no meio de uma loja de instrumentos musicais, ela soube que não poderia ser coincidência.
Ela sabia o que ele era. Sabia que havia constantemente algo que a ligava ao lindo feérico. Ela simplesmente não podia mais negar, pois sabia que ele também sentia alguma coisa. Não tinha deixado de notar suas nada discretas investidas na última semana, e também não tinha feito nada para evitar.
Seria fácil, se Karen não fosse tão complicada. Ela poderia corresponder e dar as próprias investidas também. Eles flertariam e ela o deixaria levá-la para cama. Mas, desde o último ano, nada mais fora simples em se tratando de Karen Bittencourt. Ela sabia que teria que contar para ele, sabia que, se tivesse a chance de lhe entregar seu coração, teria que ser honesta com o macho.
O que mais a surpreendia era que ela queria fazer isso, por mais que tudo aquilo fosse uma completa loucura. O conheço há uma semana, por favor. Mas teria que ser feito. Ele voltaria para Orynth em algum momento, e o medo de nunca mais vê-lo era esmagador. Karen o queria. Desejava ele enquanto dormia, em seus sonhos, e enquanto estava acordada, sentindo aquele bendito cheiro de chuva de verão.
Então, finalmente decidira que estava na hora de terem aquela conversa. Ela reuniu toda a sua força e o levou para o monte, com esperança de que ali ela tivesse mais tranquilidade.
Ele a estava olhando com os olhos arregalados quando perguntou:
- Seu pai? Na batalha? Como assim?
- Sim. – Karen respirou fundo – Eu e meu irmão fomos criados por nosso pai. Nossa mãe se foi quando éramos crianças e ele nos criou sozinho. Foi o melhor pai eu poderia desejar. Nos ensinou tudo sobre música, nos ensinou a controlarmos nossos poderes, e nos ensinou a lutar.
Fenrys apenas a olhava, atento a tudo o que dizia.
- Quando fui designada a comandante ele ficou orgulhoso, mas não surpreso. Teve décadas e mais décadas para nos treinar à perfeição, e modéstia parte, ele conseguiu. Os anos foram passando e quando finalmente voltaríamos para casa ele quis lutar.
Karen viu o feérico fechar os olhos por um instante. Continuou:
- Quando a rainha Aelin Galathynius e Rowan Whitethorn nos convocou para a guerra, meu pai já havia se decidido, e mesmo com Kaysen e eu implorando para ficar de fora, para ele era desonroso demais fazer isso.
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Um conto de Fenrys - uma fanfic de Trono de Vidro
FantasyEssa história é para aqueles que leram Trono de Vidro e torceram para que Fenrys tivesse sua história contada. É um presente meu para um dos personagens mais carismáticos e importantes para toda a saga. Fenrys merece uma história de amor, então cri...