Um conto de Fenrys - uma fanfic de Trono de Vidro

Capítulo 25- Karen

Já fazia pelo menos quinze minutos que Karen estava com os olhos fixos no horizonte. A festa de boas-vindas, que passou a ser chamada assim depois da quarta taça de vinho de Ren Allsbrook, durou mais algumas horas. Após a finalização de sua apresentação, os membros imploraram para que o show continuasse. Kaysen foi puxado e convocado para fazer dupla com a irmã. Várias pessoas do castelo se juntaram a todos, de criados, cozinheiros a lacaios, e até Lorde Darrow deu as caras. Ele cumprimentou os gêmeos, e levou Evangeline para a cama, deixando uma Lysandra risonha com seu esposo.

Muitas emoções tomaram conta da feérica naquela noite. Tocar na frente das pessoas mais importantes de Terrasen. Cantar, depois de tanto tempo, a música do dia em que conheceu Fenrys. Dançar até seus pés doerem, junto com quase todo o castelo. Assistir sua rainha, finalmente, tocar o piano de forma majestosa. Mas, o momento em que o coração de Karen transbordou de felicidade foi ao ouvir a declaração de seu parceiro.

Karen não pôde prever o que aconteceria, e foi pega completamente de surpresa. Ela jamais pensou no que sentiria se um dia escutasse aquelas palavras saindo da boca de Fenrys. O sentimento era indescritível, concluiu. Seu coração bateu de uma forma tão descontrolada, seu corpo todo tremia e ela agradeceu aos deuses por estar sentada na hora. A emoção de saber que ele a amava foi nova e avassaladora, assim como no dia que o conheceu, levando-a às lágrimas.

Dizer que suas esperanças de ser amada por alguém haviam sido destruídas, era um eufemismo. Depois da guerra, Karen não apenas acreditou que um amor assim não passaria por sua vida, como também acreditou que não o mereceria.

Sua covardia, seu medo, seu luto a fez acreditar não ser merecedora de uma dádiva como o amor de um parceiro. Porém, não apenas o último mês, mas todos os eventos que sucederam a batalha, a fizeram entender que erros sempre serão cometidos, e por mais que se arrependesse de cada um, eles a trouxeram para onde estava no momento.

Conhecer Fenrys, apenas foi a confirmação de que, por mais que sejamos falhos, se corrermos pelo certo e encontrarmos uma forma de superar o passado, ainda seremos dignos. De amor, de felicidade e de perdão.

E foi com esse pensamento que Karen se despediu de todos, decidindo aguardar seu parceiro no quarto, e ficou na sacada olhando adiante. Não para a cidade, que àquela hora já dormia, mas para mais longe. Em direção do lugar onde seu povo passou a habitar.

A ex-comandante evitou pensar sobre isso durante todo dia, e com os eventos que seguiram nem tivera tempo para refletir. Mas lá estava ela, olhando e pensando no que diriam quando a visse. Se se lembrariam dela, se a compreenderiam, se a perdoariam.

Karen sentiu sua presença antes mesmo de seu cheiro de jasmim invadir suas narinas.

- Seu parceiro teve que, quase literalmente, lutar com seus amigos para o deixarem voltar para o quarto. – Ela riu – Ele parecia muito ansioso para isso.

Karen olhou por cima do ombro, e sorriu para sua rainha. Quando a alcançou no parapeito da sacada, ela tentou se curvar, mas foi logo impedida.

- Pelos deuses, pare de fazer isso. – Aelin apoiou as mãos na mureta – Isso faz eu me sentir bem mais velha do que sou.

Rindo de sua inconformidade, Karen fechou os olhos para receber a brisa fresca que a madrugada lhes proporcionara.

- Prometo que tentarei, majestade. – Karen viu a rainha de Terrasen revirar os olhos.

Os segundos se passaram em um silêncio confortável. Karen não a questionou e apenas aguardou.

Depois de um certo tempo, Aelin se virou para olhá-la, e a feérica não hesitou em fazer o mesmo.