Fenrys acordou cedo. Por mais que o festival começasse de verdade mais tarde, ele já estava de pé ao amanhecer. Sozinho em seu quarto, ficou encostado no parapeito da janela, com os braços cruzados sobre o peito nu. Era raro não ter um sono sem pesadelos. Era difícil ter uma noite de sono tranquila, mas, coincidência ou não, aquela fora uma das melhores dos últimos tempos.
Ele não tinha sonhado com ela, mas tinha dormido e acordado com a fêmea ocupando seus pensamentos. E agora, olhando pela janela, se pegou relembrando dos detalhes da feérica que pôde notar. O rosto lindo, os cabelos cheios, o sorriso simpático, a risada gostosa, pensou na pele macia, nas mãos delicadas, embora fosse provavelmente uma guerreira letal, os olhos escuros como ébano, e a voz. Sua voz era linda e profunda até enquanto falava.
Para ele sempre fora fácil. Seu rosto costumava agradar a maioria das mulheres, então não tinha que fazer um grande esforço para conquistá-las. Mas algo naquela fêmea o fez refletir sobre qual seria a melhor abordagem. Porque ele a queria, como nunca quis algo na vida.
Ela não era qualquer uma, não só porque era desejada por todos os machos quando cantava, ou porque fora uma comandante do exército do povo perdido a pouco tempo atrás. Não, Karen tinha uma calmaria surreal, uma intensidade que ele tinha muita curiosidade de explorar. Não era exótica, como a maioria das fêmeas que atraía o feérico. Ela tinha algo, em seu coração, tão profundo que a tornava quase inacessível. E o impressionante é que pôde perceber isso com apenas alguns momentos de interação.
Por alguma razão, ele sentia uma necessidade enorme de mergulhar em toda a sua profundidade, de modo que ele pudesse compreendê-la e, quem sabe, fazer parte de sua vida. Tudo era assustador. Ele precisava entender tudo aquilo que estava sentindo e que nunca havia sentido antes.
Quando desceu para o café da manhã, não tentou negar que esperou ver a cantora no andar de baixo. Mas tudo o que encontrou foi alguns hóspedes mal humorados.
- Bom dia Sr. - Disse o dono da taberna quando o guerreiro sentou em uma das mesas. – Sua estadia está de seu agrado?
- Ah, sem dúvidas Sr. Johnson. Muito mais confortável do que nossos sacos de dormir usados normalmente. – Afirmou, com um sorriso simpático.
Dando uma risada rouca o homem falou:
- Fico feliz que pudemos atender suas expectativas. Nós prezamos pelo melhor atendimento tanto nos aposentos, como no bar, especialmente à noite.
- Por falar nisso. - Acrescentou o feérico olhando ao redor antes de cochichar - Se todas as noites tiver um show igual ao que vi ontem, talvez minha estadia aqui se estenda um pouco mais.
- Oh, sim. - Disse o homem dando uma piscadela. - Os irmãos Bittencourt ficarão aqui por pelo menos um mês.
Fenrys refletiu, enquanto o homem se afastava. Um mês. Ele tinha um mês com ela. Para o que exatamente, ele não sabia. Mas, como já tinham cumprido com as ordens dadas pela sua rainha, Vaughan e ele não tinham uma data exata para retornar. Ele só teria que convencer o amigo.
Enquanto desfrutava do café da manhã, o amigo se juntou a ele, já com um sorriso presunçoso no rosto.
- Incrível como já faz semanas desde que não o vejo tão disposto pela manhã – comentou Vaughan.
- Estava pensando a mesma coisa. – Disse o guerreiro, tomando um gole de sua bebida – Não dormir e acordar olhando para essa sua cara feia é revigorante.
O amigo riu com deboche antes de acrescentar:
- Sim, sim. Claro. Esse brilho estupido no seu olhar é por causa da ausência da minha cara feia.
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Um conto de Fenrys - uma fanfic de Trono de Vidro
FantasíaEssa história é para aqueles que leram Trono de Vidro e torceram para que Fenrys tivesse sua história contada. É um presente meu para um dos personagens mais carismáticos e importantes para toda a saga. Fenrys merece uma história de amor, então cri...