Karen nunca sentiu tanta vontade de matar o irmão como naquele momento. E ela já teve incontáveis oportunidades para isso.
Ela sabia o que ele estava fazendo. Estava lembrando-a de que eles ainda tinham opção. Se juntarem aos Musicaleiros era um ideal distante, e por mais que ela acreditasse que os gêmeos tivessem talento suficiente para fazer parte do grupo musical e tivessem condição financeira para lhes pedir um lugar, ela sabia que no fundo não era esse o verdadeiro desejo do seu coração.
Mesmo que este mesmo coração estivesse muito confuso, e constantemente palpitando por um certo feérico, Karen sabia que precisava ir para casa. Não apenas por ela, mas principalmente pelo irmão. No início, sabia que ele a acompanhava porque a amava, e que daria o tempo que precisasse para conseguir voltar. Mas já se passara mais de um ano, e o irmão também estava cansado da vida sem rumo.
Os quatro jantaram juntos e jogaram conversa fora por mais algumas horas, e então Karen se levantou:
- Vou levar os cachorros para o jardim.
- Quer companhia? – Questionou Fenrys na mesma hora.
Karen frequentemente evitava ter intimidade com os machos que encontrava. Tirando o seu irmão, nunca fez questão de estar na companhia deles por muito tempo. Mas Fenrys não era qualquer macho. Ela não sabia exatamente o que ele representava para ela, mas sabia que gostava de estar com ele. Gostava de ouvir sua risada, de vê-lo sorrindo para ela, e de olhar para aquele rosto magnífico. Então se obrigou a dizer:
- Eu adoraria.
Com o céu estrelado e um clima agradável para aquela noite, eles caminharam até o canil em silêncio, e enquanto ela soltava Ciara e Doug, o feérico perguntou:
- Você não sai com eles de dia?
- Kaysen costuma fazer isso. Eu sempre gostei da noite. Sou uma grande admiradora das estrelas e da lua. – Completou Karen.
Chegando no jardim e enquanto seus cachorros circulavam pelo lugar, Karen se sentou na beirada da fonte, que naquele momento estava desligada. Fenrys se juntou a ela um momento depois.
- Sou um lobo. A lua sempre foi uma boa companhia. – O feérico deu uma risada curta – Minha rainha ainda não se conforma com meu sobrenome.
- Ela me parece ser uma pessoa incrível, e muito poderosa.
- Ela é, embora tenha uma fração minúscula da imensidão que era o seu poder.
- Ela perdeu parte do que tinha, certo?
- Sim. Fez isso para nos salvar. – Ele olhou para longe, pensativo – Devo minha vida a minha rainha. Ela fez muito mais por mim do que qualquer pessoa já fez.
Karen contemplou o perfil do feérico e não conseguiu evitar olhar para a cicatriz em seu rosto. O quanto ele deve ter sofrido para ter aquela vida, pelo que ele pode ter passado e seus sacrifícios no caminho. Ela sentiu um aperto no coração e sem pensar muito no que fazia, estendeu a mão e segurou a dele, entrelaçando seus dedos.
Os olhos de Fenrys se arregalaram e foram de suas mãos até o rosto da feérica.
- Tenho certeza de que você merece ter uma vida feliz tanto quanto qualquer outro na corte da rainha. – Afirmou Karen se maravilhando com o calor que aquele toque transmitia.
- Posso dizer o mesmo de você. – Ele permaneceu olhando no fundo de seus olhos. – Sei muito bem o que a guerra pode fazer conosco, mas isso não quer dizer que não podemos seguir em frente.
Karen não conseguiu sustentar o olhar dele por muito tempo, desviando o rosto. Depois de um período silencioso ele a questionou:
- Você e seu irmão realmente não querem voltar para Orynth?
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Um conto de Fenrys - uma fanfic de Trono de Vidro
FantasíaEssa história é para aqueles que leram Trono de Vidro e torceram para que Fenrys tivesse sua história contada. É um presente meu para um dos personagens mais carismáticos e importantes para toda a saga. Fenrys merece uma história de amor, então cri...