Capítulo 3

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       Subimos por uma colina de grama, em uma parte privada dos arredores do lago Helena. O carro ficou para trás e agora só nós dois caminhamos, subindo a colina. Mesmo praticando corrida todos os dias, me sinto arfante e com dores nas costelas a cada vez que puxo o ar enquanto Andrew está subindo como se fizesse isso todo dia. Ele carrega duas sacolas com verduras para acompanhar o peixe que conseguimos pescar hoje. Ele está subindo sem nenhum desconforto aparente, o rosto suavizado e uma expressão de plenitude.

— Essa é uma das minhas áreas preferidas em Helena — comenta, subindo sem nem mesmo arfar.

Puxo meu ar, forçando meus pés a continuarem subindo e fazendo o possível para esconder meu cansaço.

— Deve gostar de caminhadas e subidas… — digo com o máximo de controle.

Ele olha para trás com um sorriso, o vento soprando seu cabelo negro para o rosto dando uma visão descontraída dele.

— Sim, adoro exercícios físicos. Cardio, principalmente.

— Notei pelo corpo.

O comentário saiu sem eu pensar direito e prender ele em mim. Já estou vermelha pelo esforço, fico feliz por isso, ele não poderá dizer que ruborizei de puro constrangimento. Ele olha para mim, parando rapidamente a subida.

Penso que fará um comentário, mas ele apenas estica o braço para que eu segure e timidamente eu o faço. Ele me ajuda a subir uma elevação até eu estar em um lugar plano.

Olho em volta daqui de cima absorvendo a vista. O lago a minha frente está calmo com os raios de sol deixando a água reluzente. Subimos uma espécie de montanha para chegar a um lugar sensacional.

Do lado esquerdo vejo um trailer parado. Estou olhando tudo com fascinação, plenitude e admiração. É um lugar lindo. Calmo e de tirar o fôlego. A subida valeu totalmente a pena, eu faria duas vezes só para ter essa vista.

— Venha, vamos — Andrew gesticula para o trailer e começa a caminhar pelo terreno plano. Eu o sigo olhando tudo com admiração, sentindo o sol na minha pele e o vento no meu rosto.

Andrew tira duas cadeiras de praia de dentro do trailer e varas de pescar. Ele também organiza uma churrasqueira móvel. O observo colocar as iscas no anzol e instalar as cadeiras perto o suficiente do lago.

Esse lugar com certeza é privado e deserto. Não faço idéia como esse trailer veio parar aqui, mas deve ter alguma estrada por perto. O trailer está bem conservado na cor prata.

Sento na cadeira de praia, pegando uma vara que já está lançada no lago. Andrew lança a sua e olha para mim.

— Tem cerveja, vinho e Coca-cola na geladeira do trailer. Quer algo? — Oferece.

— Não, obrigada. 

Ele vai até o trailer e volta com uma latinha de Coca e uma garrafa de cerveja. Coloca a Coca ao meu lado e a cerveja ao seu lado quando se senta. É atencioso da parte dele.

Ficamos em silêncio nos primeiros minutos, apenas sentindo o sol, observando a água verde do lago e ouvindo o som da natureza. 

Meu pai me levava para pescar, não é difícil, é um lugar de reflexão e paz.

Mas não me sinto tão em paz ao lado de Andrew Henderson. Me sinto inquieta. Criando pensamentos paranóicos.

Olho para ele.

— Não ache que aceitei seu convite porque você é você. Não foi por isso. Eu me arrependi de ter chamado você para tomar café no momento que convidei. Nem mesmo sei a razão de estar aqui.

Sr. GovernadorOnde histórias criam vida. Descubra agora