Capítulo 52

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Beatrice

  — Onde ele está, Bea? — Damon surge na sala, o rosto preocupado e uma expressão cautelosa.

— O que está acontecendo, Damon? Ele se trancou no escritório e não fala nem comigo. É verdade o que minha mãe disse?

— Ele mesmo vai te explicar. Nós dê um tempo, por favor.

Ele sai da sala, indo em direção ao escritório. Permaneço parada na sala, tentando encontrar uma justificativa para a atitude de Andrew. Eu o conheço, eu sei que ele nunca seria capaz de pedir a uma mulher para abortar um filho seu. Andrew é o homem mais honra que conheço. 

Estou tentando processar as informações que tenho, em saber como Leona chegou tão perto da nossa casa. Alguém está por trás disso, a ajudando. Conheço a mãe que eu tenho, sei que ela vai tentar se aproveitar ao máximo da situação. É por essa razão que mandei um dos seguranças a escoltar até minha antiga casa e vigia-la. De forma nenhuma vou deixar ela sair da casa.

Os minutos se tornam horas e nada de Damon ou de Andrew sair do escritório. Minha ansiedade e preocupação fala mais alto, avanço na direção da porta, girando a maçaneta e a encontrando aberta.

Olho na direção de Andrew que está em pé, perto da sua mesa, com um copo de uísque. Damon está próximo a ele. Os dois me olham, e eu presto atenção no rosto desolado de Andrew.

— Você vai me explicar essa história ou quer continuar trancado aqui dentro? — Questiono.

Ele passa a mão pelo rosto, os olhos azuis decaídos e uma expressão de perturbação.

— Deixo-nos a sós, Damon. — A voz dele sai em um sussurro duro.

Damon olha na minha direção, como se estivesse pedindo para eu ser compreensiva. Ele sai do escritório, me deixando a sós com meu marido.

Andrew bebe em um só gole o resto do conteúdo no seu copo e ergue os olhos para mim.

— A sua mãe não mentiu. Ela é uma víbora, mas dessa vez, não falou nenhuma mentira.

Sinto minha espinha gelar com suas palavras, um sentimento paralisante se apossa do meu corpo. Aborto é um assunto delicado para mim. Eu não sei falar sobre o assunto sem lembrar da minha mãe me contando desde os meus 8 anos de idade, que meu pai implorou para que ela fizesse o aborto, e a levou a uma clínica clandestina dizendo que seria ali o pré-natal.

Eu deveria ter te abortado. Você não é só inútil para seu pai, como é para mim.

Inspiro fundo e continuo olhando para Andrew, esperando que ele continue.

— Não me olhe assim, Bea. Eu não suporto ver esse olhar no seu rosto. — Lamenta enquanto se serve de mais uísque — Nunca achei que precisaria te contar sobre essa história. Achei que nunca mais falaria sobre isso.

— Foi Juliene? — Pergunto.

Ele assente.

— Eu não sabia se o bebê era meu ou de Jonah, o irmão dela. Eu havia acabado de descobrir sobre os dois. Estava com raiva, enojado e me sentindo enganado — confessa com a voz cheia de pesar.

Eu fico em silêncio. Não sei o que dizer. Essa história está tomando minha cabeça e me deixando pesada. Não consigo acreditar. Não vejo Andrew tomando essa atitude.

— Pelo tempo da gravidez, a criança podia ser sua? — minha voz sai em um fio.

Andrew passa a mão pelo cabelo, aturdido.

— Sim, e não. Eu não sei. A conta não batia, ou eu não calculei direito. Eu tinha 24 anos, ainda era um deputado concentrado no meu trabalho político. Já era uma figura notável na política e cotado para governador. — Ele inspira fundo — Eu surtei, Bea. Eu simplesmente surtei e a levei em um hospital e disse para ela abortar. Não me orgulho disso e se eu pudesse voltar no tempo e reverter isso... Eu faria.

Sr. GovernadorOnde histórias criam vida. Descubra agora