Capítulo 25: "Amor é ferida que dói e não se sente"

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-Você me deve. Vim buscar o que meu: você Grey!

Sento na cama suado e morrendo de sede. Demoro um pouco para perceber que estou no quarto de jogos. Aos poucos a lembrança da noite anterior começa a ventilar em minha memória.

Anastasia dorme tranquilamente, um sono pesado, que recompõe suas energias. Cheiro seus cabelos para me acalmar das imagens que povoaram meu sono e da voz que veio me cobrar: Leila! Eu realmente devo para ela. Algo que ela cobrou por tantos anos e eu não consegui dar, como bem diz Elena "o mundo de flores e corações".

Olho para a decoração do quarto de jogos e tudo o que nele contém: objetos de dor e prazer e memórias, muitas memórias... Memórias de prazer e muita dor... Dor causada no coração de algumas mulheres que por aqui passaram.

Mulheres... Tão fácil tê-las a meus pés e tão difícil decifrá-las, compreendê-las e torná-las felizes. Sou mesmo lobo faminto em busca de carne e quando sacio minha fome, rapidamente busco um novo alimento, pois é isso que elas são, meu alimento, minha energia.

Menos uma... A que repousa lindamente deitada nesta cama. Esta alimenta minha alma muito além do meu corpo. Olho ao redor e sinto no fundo das minhas entranhas que ela é uma peça solta em toda esta história, que ela não pertence a este ambiente, que não seria capaz de ser o homem que ela merece ter. Somos o casal Luz e Escuridão, tempestade e brisa suave, anjo e demônio. -Sim Grey, corpos que se entrelaçam e almas que não se alcançam...

Ainda nu, pego minha linda Anastasia no colo e a levo para dormir em meu quarto. Ela sequer percebeu a mudança de ambiente. Repousa tranquilamente trazendo-me paz e companhia, quebrando minha solidão. Olho para o relógio que está na cabeceira da cama, são três horas da manhã e o sono não vem. Visto minha calça de pijama, fecho a porta do quarto com cuidado para não acordá-la e vou para a sala.

As luzes de Seattle iluminam minha masmorra de vidro. Olho através das grandes vidraças e noto que a cidade dorme, algum carro aqui, outro ali passa em alta velocidade aproveitando as ruas desertas. Notívagos como eu. Perturbados em busca de algum consolo. Sirvo-me de um copo de água gelada, sento ao piano e piloto as teclas, faço como os desgraçados que teimam em adentrar a noite com seus carros em busca de aventuras e consolos.

Toco Bach, Vivaldi, Sibelius, Brahms e a música invade a aspereza de meu coração, a velocidade de meus pensamentos incontrolados. Só há um bálsamo que me acalma mais que a música... O bálsamo que caminha lindamente envolta numa centelha de luz, que invade a janela e que a recobre de uma aura magnífica. Vestida com o roupão, minha mulher caminha lentamente em minha direção.

- Você deveria estar dormindo. - Repreendo suavemente.

- E você também, são cinco horas da manhã. - Ela replica, não tão suavemente.

Olho para ela, meus lábios se contorcendo com um vestígio de sorriso.

- Você está me repreendendo, Senhoria Steele?

- Sim, Senhor Grey, eu estou.

- Bem, eu não consigo dormir. - Franzo o cenho tentando disfarçar minha raiva.

Ela senta ao meu lado no banco do piano, colocando sua cabeça em meu ombro nu para assistir meus dedos acariciarem as teclas. Faço uma pausa fracionada e então continuo até o final da peça.

- O que foi isso? - Ela pergunta baixinho.

- Chopin. Opus 28, número 4. Em E menor, se você está interessada. - Murmuro.

- Estou sempre interessada no que você faz.

Viro-me e pressiono suavemente meus lábios contra seu cabelo, me deliciando com seu cheiro e sua voz reconfortante.

50 Tons, Por Christian Grey (Completa)Onde histórias criam vida. Descubra agora