Capítulo 6: Charlie Tango

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-O que será que os elevadores têm?

Abro a porta do passageiro do Audi SUV para ela entrar. Ainda sinto as fagulhas que o beijo espalhou pelo meu corpo e tenho certeza que no dela também, mas mantenho a linha e não toco no assunto. Estou duelando com sentimentos confusos. Apesar de ter me deliciado em seus lábios, ainda sinto uma centelha de arrependimento, pois não tenho certeza se devo apresentar-lhe meu mundo cinza. - Que confusão, Grey!

Ao sair do estacionamento ligo meu iPod, preciso baixar a adrenalina a um nível suportável. Anastasia interrompe meus pensamentos:

- Que música é esta?

- É o Dueto das Flores de Delibes, da ópera Lakmé. Você gostou?

- Muito, é maravilhosa.

- É, sim, gosto muito dela.

Fico feliz que tenha gostado, pois não é uma música comum para jovens da idade dela, poucos costumam apreciar. Ela é mesmo uma garota incomum, muito sensível. Constatar isso só faz com que meu desejo aumente. A música acaba e ela me pede:

- Pode repeti-la?

- Com prazer. São vozes celestiais, não são?

- Você gosta de música clássica? Ela me pergunta.

- Meu gosto é eclético, Anastasia. De Thomas Tallis a Kings of Leon. Depende de meu estado de ânimo. E o seu?

- O meu também. Embora não conheça Thomas Tallis.

Volto o olhar em sua direção. Ela está realmente interessada neste assunto musical. Ou talvez esteja aproveitando o momento para focar em outro assunto e desviar a atenção do nosso delicioso beijo.

- Algum dia te mostrarei algo dele. É um compositor britânico do século XVI. Música eclesiástica da época dos Tudor. Parece muito esotérico, eu sei, mas é mágico, Anastasia.

Pressiono o botão novamente para mostrar Kings of Leon e minha música preferida: "Sex on Fire." Mas somos interrompidos pela chamada do meu BlackBerry.

- Grey.

- Sr.Grey, aqui é Welch. Tenho a informação que pediu.

- Ótimo! Mande-me por e-mail. Algo mais Welch?

- No momento não, senhor.

Desligo o telefone, pois não quero enfadá-la com assuntos de trabalho. Mas ele toca novamente.

- Grey.

- Welch mandou-lhe por e-mail uma informação confidencial, Sr. Grey.

- Bom. Isso é tudo, Andrea?

- Sim é tudo. Tenha um bom dia, senhor.

Desligo o BlackBerry novamente pressionando o botão do volante. A música recomeça e, de novo, volta a tocar. - Mas que porra irritante é esta? Justo hoje este telefone dispara desta forma?

- Grey. - Atendo irritado.

- Olá, Christian. Relaxou? - Ai caramba, agora Elliot vai falar merda!

- Olá, Elliot... Estou no viva voz e não estou sozinho no carro. - Ufa, em tempo de salvar a pátria. Suspiro aliviado, se é que dá para confiar nas merdas que Elliot possa vir a dizer.

- Quem está contigo no carro?

Balanço a cabeça irritado, tudo o que eu não queria era esta conversa, neste momento, mas preciso manter a linha diante dela.

- Anastasia Steele.

- Ah, olá, Ana! Tudo bem com você?

Ela responde sorrindo:

50 Tons, Por Christian Grey (Completa)Onde histórias criam vida. Descubra agora