Plano maluco

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Capítulo 43

# Ana Júlia

— O que? Você fez o que?

Eu comecei a chorar descontroladamente quando ele me apertou em seu abraço quente.

— Me perdoa Ana Júlia, me perdoa — Respondeu — Eu amo você, eu sentia uma enorme atração e tesão, mas já era paixão e…

— E por isso você pagou essa tal de assistente social? — Interrompi olhando diretamente em seus olhos — Para eu ficar em um beco sem saída e aceitar essa porcaria de casamento de conveniência?

Ele negou com a cabeça antes de voltar a falar:

— Eu te amo e não quero te perder. Inicialmente foi isso sim, mas eu não sabia que a atração e o tesão ia se transformar em um amor pleno e verdadeiro…um sentimento avassalador que toma conta do meu ser! — Ele suspirou — Ana me perdoa, eu não sei mais viver sem você, sem a nossa jujuba! Eu amo vocês!

Fiquei encarando os seus olhos em busca de qualquer rastro de mentira, mas eu não encontrei. De toda forma, aquele erro me trouxe para perto dele e me fez viver os momentos mais mágicos que já vivi, então aliviei a minha expressão e o abracei.

— Eu também o amo, mais que a mim mesma!

Christopher envolveu o meu corpo em seus braços fortes e beijou o topo da minha cabeça. Alguns segundos depois, sua voz irrompeu no ambiente novamente, num tom sério.

— Ana Júlia, eu tenho um plano! — O encarei — Nós vamos fingir que nos odiamos, vamos brigar na frente de todos e tentar enganar todo mundo, inclusive os empregados, pois não sabemos em quem confiar e quem pode ser aliado a ele.

Assenti para que ele continuasse.

— Vamos começar agora. Eu vou viajar com a Milleny para Europa atrás do médico que vai avaliar a situação da coluna dela. Também preciso visitar as filiais das empresas que eram do meu avô na Itália, França e na Inglaterra. Depois voltarei com meu irmão de dez anos que está em um colégio interno!

Concordei novamente.

— Você e a Juliana não vão, pois o juiz determinou que ela não pode sair do país nesses três meses de guarda provisória. O meu retorno será no máximo daqui um mês, e a minha mãe e a Catarina também irão.

— Eu concordo com esse plano maluco, mas como vamos nos comunicar? — Respondi, rápido demais.

— Vou te dar um celular com rastreador pra te proteger e você deverá gravar todas as conversas entre você e a assistente social — Falou — Se o Eduard te procurar, grave também.  Vocês duas irão andar com seguranças armados e a Juliana vai estudar em casa por enquanto. Ela ainda está na pré-escola então acredito que não tenha tanto problema, a minha intenção é evitar um possível sequestro!

— Eu entendi e vamos poder conversar todos os dias?

Ele respondeu:

— É claro que sim! Esse celular você só vai usar pra falar comigo, vamos conversar todos os dias, quero interagir com a nossa pequena Jujuba e também vamos fazer chamadas de vídeos quentes — Um sorriso sugestivo desabrochou em seus lábios — Quero bater muita punheta!

— Seu safado, tarado, ogro, gostoso!— Bati levemente em seus ombros arrancando risadas gostosas de sua boca.

Christopher me abraçou e me beijou com uma fúria fora do comum. Nossas
línguas entraram em um combate até que escutei alguém batendo na porta, só para atrapalhar.
Consegui escutar a voz da Catarina do outro lado do corredor perguntando se estava tudo bem e logo tratei de começar o teatro.

— Eu te odeio Christopher Giovanni Glecory! — Empurrei o seu corpo com as minhas mãos no momento que ela entrou — Você não vale nada, você é igualzinho o seu pai que seduziu minha mãe, engravidou e abandonou…Eu te odeio e eu quero o divórcio depois que eu conseguir a guarda definitiva da minha irmã!

Christopher também elevou a voz, gritando aos berros para todo mundo ouvir.

— Você é uma comédia romântica e patética mesmo por acreditar em mim! Eu só quis te comer, te foder e agora que eu já tirei sua virgindade fácil, eu não quero mais!

Meti a mão na cara dele com força, só para ser mais convincente. O barulho do tapa ecoou pelo quarto, fazendo minha amiga abrir a boca assustada.

— Quer saber Christopher? Não somos nada, esse casamento de fachada nunca vai dar certo!
É preciso mais do que amor para um relacionamento dar certo. Tem que ter paciência, respeito, comunicação e tem que abrir mão de algumas coisas.

Enxuguei as lágrimas falsas com as costas da mão e o encarei.

— Uma união só vai pra frente de forma positiva se tiver ajustes. Tem que identificar aquilo que não está legal, melhorar detalhes…se dedicar!
Às vezes requer uma certa demora para entender um pouco o universo do outro, mas quando se compreende tudo flui melhor. O amor é muito importante sim, mas é necessário mais do que isso pra um relacionamento funcionar — Tomei fôlego antes de continuar — E o único sentimento que eu sinto por você não é Amor é ódio!

Christopher saiu do quarto e a Catarina me abraçou, chorando junto comigo. Graças a Deus fomos convincentes. Esse plano maluco tem que dar certo!

— Ana do céu, eu não acredito que eu ouvi o que aquece desgraçado falou! — Disse, jogando os cabelos por cima do ombro — A minha vontade era de pegar uma faca na cozinha e cortar a varinha mágica dele pra dar para os pitbulls! Filho de uma puta, eu também o odeio muito!

Ela surtou. Observei o ódio tomar conta do seu rosto e o tom vermelho se apossar da sua pele. Tentei controlar o riso e continuei fingindo.  Lágrimas de crocodilo desciam pela minha face e acredito que toda aquela encenação deveria me render pelo menos um Oscar de melhor atriz. Enxuguei as lágrimas e resolvi botar mais lenha na fogueira, afinal era melhor ela ter ranço dele já que ela adorava abrir as pernas!

— Calma Cat — Suspirei — Ele só quis me usar, só queria sexo comigo e tirar a minha virgindade! Para ele, isso foi como um prêmio do nosso casamento por contrato de conveniência! Deixa ele, o que é dele tá guardado!

Ela arregalou os olhos para mim, irritada.

— Ana, eu quase estou tendo um siricutico de nervoso! Vim aqui para saber como foi a sua primeira foda, como foi perder o lacre com o poderoso chefão e invés de ouvir gemidos ouvi gritos!

Ela não me deixou responder. Catarina me deixou sozinha no quarto e saiu correndo porta afora. Segui aquela baixinha de 1,55 metros pelo corredor até que encontramos Christopher, parado em frente à porta da jujuba, com o celular na mão. Catarina foi logo se adiantando e enfrentou o meu marido de frente, como se estivesse a ponto de voar em cima dele, um verdadeiro anão da branca de neve contra os 1,85 do meu marido de pura gostosura, cabelos acobreados e olhos azuis intensos. Fiquei um pouco afastada, tentando controlar a minha risada.

— Calma Catarina não precisa dar show!

Ela ficou na ponta do pé para falar com ele, feito um pinscher raivoso.

— Olha senhor Christopher Giovanny Glecory, você pode ser meu patrão, mas eu não tenho medo de você!

Falou aos berros.

— O senhor se acha soberano, melhor que os outros, se acha no direito de usar a Ana Júlia como se fosse lixo descartável! Eu me sinto responsável por ela ter te conhecido pois fui eu quem a convenci trabalhar naquela boate e leiloar a virgindade.

Catarina cutucava o seu peitoral com o dedo indicador enquanto berrava em seu ouvido.

— Ela não teve coragem, por trezentos mil dólares e isso quer dizer que ela não é uma aproveitadora. O senhor pode me mandar embora, mas é o seguinte: da próxima vez que eu ouvir você humilhando minha amiga eu acabo com você!

Christopher ficou estático, em silêncio. E meu deus! Catarina avançou em sua direção lhe dando uns tapas e só saiu de cima dele quando a dona Brenda chegou. Não consegui afastá-la e foi preciso mais do que uma pessoa para retirar aquela fera de cima do meu marido. Minha amiga era fofoqueira, safada, às vezes sem noção, mas eu tinha a certeza de que ela era muito verdadeira.

O QUE VOCES ACHARAM DESSE CAPÍTULO?

Um casamento da conveniência ao amorOnde histórias criam vida. Descubra agora