visita inesperada

1.4K 126 19
                                    


Capítulo 7 visita inesperada

# Ana Júlia

Tem exatamente um mês que estou trabalhando na casa da família Glecory e graças a Deus, nunca mais me deparei com o troglodita do filho da minha patroa. Dona Brenda é uma pediatra muito ocupada e raramente dá atenção aos filhos. O filho caçula, que não é biológico, estuda em um colégio interno e até mesmo com a Milleny, ela é seca. Mas com relação ao trabalho, eu não posso reclamar: ela é uma boa patroa e graças ao meu primeiro salário de cinco mil dólares, consegui pagar as três prestações atrasadas do meu apartamento e a mensalidade do colégio da Juliana. Falando na minha irmã, hoje estou de folga e tirei o dia inteirinho só para ficar com ela. Eu tinha muitos planos para nós duas, confesso, e o primeiro deles era levá-la até o parque. Depois de alguns minutos sentada ao longe, observei a sua felicidade se desfazer e decidi ir ao seu encontro para descobrir o motivo.

- Princesa linda da irmã, porque você está triste? Eu sei que não tô tendo muito tempo pra você, mas hoje não vou trabalhar e você pode me pedir o que quiser!

Ela me olhou e disse:

- Mana, posso pedir o que quiser mesmo?

-Sim - Respondi com convicção.

-Então eu quero uma família de verdade com um pai e uma mãe! Semana que vem é dia dos pais na escola e eu sou a única que não tem pai. Ontem uma coleguinha me chamou de filha de chocadeira, o que é isso?

Respirei fundo ao perceber que todas as palavras tinham fugido da minha mente. E eu fiquei ali, sem reação, observando os seus olhinhos tristes até que resolvi puxá-la para um abraço apertado.

- Maninha eu também não tive um pai presente. Nossa mãe foi pai e mãe e é isso que eu sou pra você agora! Se você quiser, pode me chamar de mãe, mas saiba que eu nunca vou tomar o lugar dela no seu coração!

Depois do parque, levei ela no cinema, na praça de alimentação do shopping e comprei umas roupas, calçados, brinquedos e livros pra ela. Chegamos em casa às 22:00 da noite, Juh estava muito sonolenta e depois de muita insistência, consegui lhe dar um banho e colocá-la para dormir.
Tomei um banho também, coloquei um baby doll curto e antes que eu pudesse ir para cama, escutei a campainha tocar. Abri a porta e vi Catarina entrando para dentro do apartamento feito um furacão.

-Miga sua loka, que sacanagem! Esqueceu de mim? Estou morrendo de saudades e trouxe um vinho pra gente beber. Vamos ver aquele filme novo que saiu na Netflix, O 365 dni.

Ela se jogou sob o sofá e ligou a TV animada. 1 hora e meia depois eu estava sem entender o porquê daquela produção fazer tanto sucesso.

- Mas que filme é esse? Horrível cat, esse homem é asqueroso, me dá nojo!

- Ele é um gostoso! Olha só a boca dele amiga, imagina essa boca na sua perereca! - Respondeu ela.

- Cat sua loka - desliguei a TV sob os seus protestos - Vamos conversar um pouquinho antes de dormir. E aí, porque a senhorita está em casa em pleno sábado à noite?

Ela fez uma cara estranha, como se estivesse com dor.

-Eu pedi conta da boate, você tinha razão. Essa vida de prostituição não é pra mim não!

-Te conheço criatura! Me conta tudo, só pela sua cara sei que deu merda.

Ela respirou fundo e falou tudo de uma vez:

- Eu apanhei de um cliente, fiquei com olho roxo e quase fui estuprada!

- Cat, que barra pesada amiga - Respondi, tomando um gole do vinho para me ajudar a digerir o assunto.

Um casamento da conveniência ao amorOnde histórias criam vida. Descubra agora