Preciso do seu perdão

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Capítulo 60

# Cristhopher

Os dias tem passado lentamente, parece que eu liguei o meu modo automático.
Refiz os exames de espermograma e como o esperado, o resultado foi positivo confirmando que não tenho nenhum problema de infertilidade.
O arrependimento tomou conta da minha mente atormentada e me lembrei de cada palavra e atitude que me fez perdê-la naquela noite. O fato é que toda aquela saudade que eu estava sentindo da minha amada estava acabando com a minha sanidade mental. Eu morri por dentro. Estava feliz por saber que eu seria pai mas algo dentro de mim morreu. Não fazia sentido comemorar aquilo se ela e meu filho não estavam aqui comigo.

Mal conseguia dormir e me concentrar no trabalho se tornou um martírio. Passava 10 minutos do meu dia trabalhando e o resto do tempo ficava pensando em como me redimir com relação à minha atitude possessiva que fez a Ana se afastar de mim e voltar morar naquele muquifo que ela chama de apartamento.

Já se passaram algumas semanas desde o meu retorno para Nova York e parece ter passado um século. Sinto falta das duas. Sinto falta de chegar em casa e encontrar a minha esposa me esperando na cama, ansiosa pelo meu corpo. Sinto falta das nossas conversas e até mesmo das nossas brigas banais. Sinto falta dos nossos momentos de diversão com a Juliana e das risadas calorosas da minha pequena. Nada era igual e a dor parecia aumentar de tamanho com o passar dos dias.

Mesmo com problemas de concentração, resolvi ocupar minha mente nos problemas das indústrias farmacêuticas Glecory. No meio daquela pandemia, estávamos em uma correria total para encontrar uma vacina que fosse capaz de parar com aquelas mortes. Então quando eu não estava focado no trabalho, eu poderia ser facilmente encontrado em algum bar, me afogando em bebidas alcoólicas para esquecer a minha melancolia.

Saí da sede da empresa para evitar mais uma discussão com meu pai que resolveu anunciar o seu casamento com a interesseira da minha ex ordinária da Leah. Aquela notícia amargou ainda mais o meu dia que já estava péssimo, pois eu fico remoendo de minuto em minuto a saudade que eu sinto da Ana.

Fiquei mais de meia hora naquele maldito transito perturbador das ruas de Nova York quando o barulho das buzinas me trouxe de volta a realidade. Por ironia do destino ou não, olhei o retrovisor do meu carro e avistei a Ana Júlia caminhando na calçada do hospital. Ela estava sendo acompanhada pela Catarina e por um rapaz alto e de boa aparência, fazendo o meu sangue ferver em minha veias.

Estacionei o carro em uma vaga qualquer, atravessei a rua e corri em sua direção.

Ao me ver, ela cruzou os braços e me encarou com a mesma audácia de sempre dizendo:

— Senhor Glecory o que você veio fazer aqui no final do meu expediente?

Passei os meus olhos para o rapaz e sorri debochado.

— Ana Júlia você não vai me apresentar para seu novo amiguinho?

Um gosto amargo dominou a minha boca antes que eu pudesse cuspir as palavras rapidamente.

— Você é uma mulher casada e não pega bem ficar andando agarrada com outro homem por aí, ainda mais saindo do hospital que pertence a minha família.

Ana Júlia abriu a boca para me responder mas foi interrompida pelo homem ao seu lado. Assim que ele abriu a boca, percebi que na verdade ele não passava de uma libélula saltitante.

— Mona do céu esse homem é um Deus grego! Que desperdício você fazendo cu doce e dispensando um bofe desse enquanto eu tô aqui solitário. Se eu fosse você não vacilava pois o que mais tem por aí são piranhas sanguessugas de Ceos bilionários.

Não consegui parar de rir ao perceber que o rapaz era gay e não tinha perigo, pelo contrário era mais perigoso ele me atacar.

Fiz um sinal com a mão para que a Catarina e o rapaz nos desse licença, e assim que ele saiu de perto, voltei meus olhos para a amiga da Ana Júlia que ao contrário do que eu pedi, cravou os pés ao lado dela e ainda tentou puxar a Ana para longe de mim. 

Lancei um olhar mortal em sua direção.

— Nos da licença Cat, por gentileza?

— Cristopher pra você e Catarina Garcia e a Ana Júlia não quer mais conversar com você!

A Ana se soltou do braço da Catarina irritada e resolveu falar.

— Cat eu não preciso de babá amiga! Sei que você está preocupada comigo, mas eu realmente preciso conversar com o senhor Christopher sobre a guarda da Juliana.

Ela estreitou os olhos para mim e depois assentiu, derrotada. Assim que Catarina saiu, tentei segurar nas mãos da minha esposa, mas ela a tirou bruscamente e cruzou os braços na minha frente.

— Ana Júlia facilita! Nós precisamos conversar sobre nós dois, você está esperando o nosso filho e esse bebê vai precisar de um pai presente!

Ela começou a gargalhar ironicamente, atraindo olhares curiosos.

— Ah tá, agora esse bebê é seu?

— Christopher, você não acha que é meio tarde demais não? — Perguntou — Esse bebê é só meu desde o momento que foi rejeitado pelo próprio pai. Eu quero conversar com você sim, mas é sobre a Juh. Ela sente a sua falta por isso vou permitir que você vá visitá-la. Também estou com medo da visita da assistente social e por isso acho melhor a Juliana ficar com você por uns dias na cobertura, tudo bem?

Neguei

— Não Ana Júlia, você também precisa voltar. Se a assistente social ver a Juh sozinha comigo ela  vai achar estranho, você não acha?

Ela ficou em silêncio por alguns minutos, relutante em concordar. Em seguida, Ana Júlia fez uma careta e assentiu.

— Tudo bem Cristopher eu volto, somente por esse motivo, até eu conseguir a guarda definitiva da Juliana. Depois eu volto para o meu apartamento com ela.

— Negativo — Reclamei — Aquilo é um muquifo, eu vou deixar você morando na cobertura e me mudo pra outro apartamento no mesmo prédio. Depois da audiência da jujuba vou voltar pra Europa e ficar lá até conseguir adotar o Junior.

Ela me encarou curiosa. A partir de hoje decidi não me humilhar mais e tentar reconquistá-la. Chega de implorar por seu perdão. Se nem as minhas palavras eram capazes de fazer mudá-la de ideia, então irei usar as minhas ações.
Ana Júlia me olhou surpresa e pelo seu olhar percebi que ela esperava que eu me ajoelhasse aos seus pés novamente, implorando pra voltar.

— Algo mais Cristopher Giovanny Glecory?

Eu olhei dentro de seus olhos e comecei a falar, em um tom de voz mais brando.

— Ana Júlia eu te amo muito e sei que você também me ama, só que ainda está magoada e por isso não vou insistir por agora. Entretanto estou determinado a te reconquistar.

Ela soltou uma gargalhada gostosa de criança, daquelas que ela sempre fazia quando estava nervosa ou se sentindo intimidada.

— Agora vamos, vou te levar pra seu muquifo que você chama de apartamento pra você arrumar suas coisas e as da Juliana e voltar pra nossa cobertura.

Ela me encarou

— Vamos então, mas vai ser temporário mesmo só por causa da visita da bendita assistente social!

Concordei.
Ela entrou no meu carro e um silêncio total no envolveu durante todo o trajeto. Assim que chegamos, encontrei Catarina e Juliana nos esperando no sofá da sala. Nossa pequena fez a maior festa quando nos viu juntos, mas a Ana Júlia fez questão de falar que não somos mais um casal convencional, mas que iríamos continuar sendo pai e mãe dela, mesmo separados.

Elas juntaram as coisas e voltamos juntos para a nossa cobertura.

Sei o quanto ela está abalada e por isso resolvi não forçar a barra, mais com muito esforço e dedicação eu tenho fé que Deus vai me ajudar. Eu não sou muito religioso, mas acredito que tem um ser superior que rege as coisas e que sem ele não somos nada. A convivência com a Ana Júlia acabou despertando em mim essa fé, o contato com Deus por meio da oração. Graças a ela, passei a conversar com Deus todas as noites e só o fato dela ter voltado pra essa cobertura já era uma resposta divina de que eu estou no caminho certo e de que vou conseguir o seu perdão.

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Um casamento da conveniência ao amorOnde histórias criam vida. Descubra agora