vidas passadas que nada

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Capítulo 14 vidas passadas que nada

# Ana Júlia

Assim que Christopher foi embora, observei a Catarina saindo de trás da porta com a minha irmã e percebi que elas estavam escutando toda a minha conversa com ele.

-Nossa amiga, que história é essa de contrato de casamento? - Perguntou - Não entendi nada!

- Olha Cat, nem eu estou entendendo nada! - Respondi injuriada.

Com as mãos nos quadris, Cat ergueu uma sombrancelha, pensativa. Alguns segundos depois ela voltou a falar em um tom de certeza, como se tivesse acabado de descobrir a cura do câncer.

- Ele deve ser seu carma!

-Que?

-Isso mesmo amiga! É muito impressionante isso, vocês estão interligados! Isso é coisa de vidas passadas!

- Ah mais era só o que faltava!- Joguei as mãos para o alto irritada - Catarina, agora você virou espírita e sensitiva? Você sabe que eu te respeito, mas eu não acredito em vidas passadas, almas gêmeas, nada disso!

Ela fez um biquinho com a boca, descontente.

- E agora leva a minha irmã pra escola, por favor, estou morrendo de dor de cabeça!

Assim que elas sairam, mandei o modelo do contrato que eu mesmo fiz para o email do senhor cheio de querência. Ele pode ser dono da porra toda, mas nunca será meu dono, porque a escravidão já passou faz tempo! Será que ele pensa que eu sou burra? Ou será que ele acha que eu sou louca?

Ele acha que eu vou ser seu brinquedinho, uma boneca inflável, onde ele vai meter o pau quando e como ele quiser. Mas isso nunca, ele só vai me comer nos sonhos dele. Não vou mentir que eu também sonho com ele, mas ele não precisa saber disso: ou as coisas funcionam do meu jeito ou não terá acordo nenhum!

O dia passou rápido, conversei um pouco com o meu advogado, advogato segundo a Cat. Ela achou ele lindo e ele fez questão de vir aqui em casa pra que eu pudesse assinar uns documentos. Depois conversamos sobre o contrato de casamento e eu falei que eu iria me casar com um amigo gay. Preferi esconder o nome e sobrenome do meu futuro falso marido, pois já que ele é muito conhecido e bilionário, as pessoas poderiam me achar interesseira ou golpista.

Eduard ainda me alertou sobre a possibilidade do juiz descobrir que nossa união era somente um casamento falso. Se isso acontecesse, as coisas poderiam se complicar e eu correria risco de perder de vez a guarda da minha irmã. Por fim, me disse que se eu entrasse com o pedido de adoção depois do casamento, eu poderia facilmente registrar a minha irmã junto com o meu novo marido.

Antes de dormir, peguei o porta retrato da minha mãe e me perdi nas minhas lembranças. Na foto eu tinha apenas 10 anos enquanto ela tinha 30, exatamente 20 anos mais velha do que eu. Minha mãe morreu aos 38 anos, ela era bastante jovem e tinha muito o que viver ainda, mas o câncer, a doença mais cruel que existe no mundo, não permitiu isso. Ela era linda: loira, tinha os olhos claros e era natural de Florianópolis em Santa Catarina. A foto foi tirada no dia que chegamos nos Estados Unidos e estávamos cheias de esperança. Foi a dona Glória que nos ajudou, nos abrigou e arrumou um emprego para a minha mãe. Depois disso, nunca mais voltei para o meu país de origem.

Minha mãe sempre me dizia para nunca confiar em homem nenhum!
Me orientou a me entregar somente para um homem, depois de ter certeza dos sentimentos dele por mim. Por isso, eu dou graças a Deus por não ter me vendido naquele dia e posso garantir que nunca mais pensei em fazer isso de novo.

Antes de dormir, contei uma história de contos de fadas para a minha irmã, fizemos uma oração e assim que ela adormeceu, fui para o meu quarto tomar um banho para dormir.
Assim que saí do banho, vesti uma roupa confortável e deitei em minha cama. Acabei adormecendo em poucos minutos.

Um casamento da conveniência ao amorOnde histórias criam vida. Descubra agora