Me sentindo sozinha

629 60 20
                                    


Capítulo 55

Ele me deixou sozinha, sem resposta para tantas perguntas e a única coisa que eu conseguia me lembrar, era da sua última frase:

— Ana Júlia, eu não posso ter filhos!

Algo dentro de mim se tornou escuro e a minha mente confusa vagava pelas possibilidades: ou tinha algo errado com ele ou eu realmente não estava grávida.
O fato é que eu não consegui me segurar. Vê-lo arrastando a mala para fora do quarto sem ao menos me dar a chance de tentar lhe explicar e entender, foi desesperador para mim. Planejei aquele momento inúmeras vezes, tentei fazer uma surpresa que ficasse em nossas memórias e tudo o que eu consegui foi o oposto. 
No meio das lágrimas, abri a minha bíblia e li uma anotação da minha mãe.

"Quantas vezes você chorou por algo que não deu certo?
Quantas vezes você se lamentou por algo que não aconteceu do jeito que queria?
Quantas vezes você quis esmurrar a parede de raiva por causa de uma situação difícil?
Quantas vezes você questionou a Deus do porquê estar em dificuldades?
A verdade que não conseguimos controlar os nossos sentimentos; eles nos dominam de tal forma que fica difícil segurar.
A verdade é que ficamos tão focados nos problemas e na força de nossas emoções tão dominantes e avassaladoras, que não nos damos conta que muitas vezes deveríamos buscar mais a Deus do que focar nas adversidades.
Não é fácil, mas quando temos foco em Deus aí sim as coisas vão sendo transformadas por um poder maior do que nossos sentimentos, emoções e pensamentos fora de controle.
Esse poder se chama Deus.
Aqui estão todas as respostas de suas perguntas."

Depois dessa leitura, consegui me acalmar e parei de chorar. Numa tentativa falha em aliviar a mente, tomei um banho quente, coloquei um pijama e fui para o quarto da minha irmã para dormir agarrada à minha pequena.

Acordei com uma determinação que jamais imaginei que teria depois de ser rejeitada.
Determinada a lutar e a vencer as minhas batalhas diárias, tomei um banho, vesti uma roupa e tomei o meu café da manhã imaginando que aquele dia não seria nada fácil.
Quando olho para trás eu vejo como mudei de uns tempos para cá.
Pra algumas pessoas mudei para melhor; para outras mudei para pior e para outras ainda não mudei nada, mais eu juro que vou mudar.

Na verdade eu falo com sinceridade que mudei sim. Mudei de atitude com as pessoas à minha volta.
O que elas vão pensar de mim? Não sei e não importa.
O que importa é que sou humana e todos somos imperfeitos, tenho coragem para querer mudar de vida e ser mais feliz, independente do que vão falar ou pensar de mim.

Levei a minha irmã na escola com um monte de seguranças atrás de mim. Eu poderia ir na esquina de casa que eles estavam sempre me acompanhando e por causa disso, às vezes se tornava impossível fazer algo sem que o Christopher soubesse. Mesmo com as ordens do meu marido para que eu ficasse longe do  Eduard, eu desobedeci e comecei a colocar o meu plano em prática. Assim que eles se distraíram, fui até o escritório do meu antigo advogado e no momento que cheguei em seu prédio, encontrei a assistente social saindo. Ela não me viu pois eu estava disfarçada com óculos escuros.

Andei a passos rápidos e decidida até à recepção do seu escritório e encarei a secretária me lançar um sorriso simpático do outro lado do balcão. Ele não esperava a minha presença e assim que ele me viu parada em sua porta, seu semblante se iluminou e ele veio em minha direção.

— Eu vou direto ao ponto — Falei, dispensado a sua cordialidade falsa — Vim aqui porque eu me casei por vingança e quero a sua ajuda para destruir o Christopher Giovanny Glecory.

Ele me encarou surpreso e com os olhos arregalados. Empinei o nariz e enquanto esperava por sua resposta, fiz questão de não mover nenhum músculo da minha face pra tentar parecer o mais convincente possível. Eduard estreitou os olhos para mim analisando a minha feição e depois cruzou os braços.

Um casamento da conveniência ao amorOnde histórias criam vida. Descubra agora