Um casamento da conveniência ao amor

segredo da família da Catarina

Capítulo 75

No meio daquela confissão, dona Glória acabou desmaiando e o Christopher mais que rapidamente a amparou. Pedi pra que ele a levasse até o quarto dela e corri para pegar o meu aparelho para medir a sua pressão. Abri o meu estojo de primeiros socorros, conferi se o medidor estava lá e antes de seguir para o quarto da dona Glória, trombei com a Catarina no corredor.

Ela estava nervosa, principalmente depois de ver a mãe desmaiada e de ter espantado o Bryan no momento em que despejou a notícia.

— E agora o que você vai fazer? — Perguntei — Você vai contar a ele que você é a garota misteriosa que ele levou para o motel?

— Claro que não — Catarina se apoiou na parede do corredor e me encarou aflita — Definitivamente não! Eu vou falar que eu não sei quem é o pai do meu bebê, pois prefiro que ele me ache inconsequente do que uma prostituta de luxo contratada pelo pai dele. Você mais do que ninguém sabe que eu já tive essa experiência, ele vai descobrir que eu me prostituí e vai ser pior, prefiro ser chamada de irresponsável!

— Olha Cat, não vou me meter na sua vida, vai conversar com ele e depois me conta como foi a conversa! Agora eu vou socorrer a sua mãe, você podia ter preparado ela pra notícia bombástica, né? Sua mãe foi mãe solteira, criou você sozinha… imagina a situação dela, você não consegue se colocar no lugar da sua mãe criatura?

A Catarina jogou as mãos pra cima e logo me respondeu com um "me poupe do seu discurso". Mal tive tempo de responder já que ela saiu andando desaforada pela casa. Graças a Deus ninguém ouviu a nossa conversa.

Cheguei no quarto e encontrei a dona Glória ainda desacordada enquanto Christopher andava de um lado para o outro, apavorado.

— Ana Júlia a maluca da Catarina vai matar a mãe dela de desgosto — Falou — Pelo o que Bryan me disse, ele e ela nunca fizeram nada além de uns beijos no corredor do hospital.

— Cristhopher esse assunto é deles! — Falei abrindo a minha caixinha de primeiro socorros — Amor me dá licença para cuidar dela? Fica com a jujuba, vai brincar com ela, ela também precisa de atenção!

Ele assentiu. Depois de me deixar sozinha com ela, consegui acordar a dona Glória com o auxílio de um pano com álcool em gel e enquanto ela cheirava, medi sua pressão arterial e constatei que foi uma queda brusca de pressão.

— Dona Glória, a senhora quer um chá de camomila pra se acalmar?

Ela não parava de chorar. Eu a abracei sentindo o seu desespero e ali eu consegui imaginar a angústia dela, por ter sido uma mãe solteira e não querer o mesmo para sua filha.

Ela olhou em meus olhos e falou sem rodeios:

— Ana, a Catarina não pode está grávida do Bryan Smith pois ela é filha do pai dele, o Dr. John Smith.

Eu engasguei.
Arregalei os meus olhos para ela enquanto tentava processar a notícia em minha mente, mas foi inútil. A notícia caiu sob mim como uma bomba e eu não consegui controlar a minha ansiedade.

— Dona Glória me conta isso. Eu achei que o pai dela era brasileiro também, igual a gente…como assim, me conta essa história direito!

Ela esfregou as mãos, visivelmente abalada e constrangida pela revelação. Acredito que aquele era um segredo que ela nunca iria revelar, mas Catarina e Bryan se envolveram tanto, que agora ela se via coagida a confessar toda a verdade. Seus olhos pousaram nos meus quando ela desandou a falar:

— Então, ele veio para o Brasil em um congresso e ficou hospedado em um hotel. Eu trabalhava lá, de atendente na época, foi o meu primeiro emprego. Ele era lindo, simpático e como eu era a única do hotel que conseguia falar inglês, acabei me aproximando dele. Ele nunca mentiu pra mim, sempre me disse que era casado e que a mulher estava com depressão porque tinha perdido uma filha. Nós nos tornamos amigos e ele começou a vir para o Brasil mais vezes por causa das palestras e dos congressos…e uma noite aconteceu. Foi maravilhoso pra mim, ele foi o único homem que me deu um prazer inextinguível, entretanto, ele voltou pra vida dele, pra esposa e para o filho.