O primeiro ultrassom

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Capítulo 65

Saí do restaurante com o Christopher e antes de entrarmos no carro, encontramos com o velho gagá do seu pai acompanhado pela periguete da Léah. Assim que nos viu, eles apressaram o passo em nossa direção e eu mal tive tempo de atravessar o estacionamento e me esconder no carro. Ele começou a me insultar me chamando de vagabunda e logo em seguida a piranha começou a cacarejar, me chamando de oportunista e interesseira também.

Saí de perto deles deixando o Christopher naquele emaranhado de insultos e caminhei decidida a ignorar todas as ofensas. Eu mal tinha me distanciado quando de repente, um carro que estava parado no estacionamento acelerou e veio com tudo para cima de mim. Catarina, que também estava saindo do restaurante, correu em minha direção para tentar me salvar, mas não conseguiu. Acabei sendo jogada para o lado e caí de bunda no chão. Ela também quase foi atropelada e graças a Deus a Juliana não estava com ela, ou a desgraça seria maior. Até mesmo a minha bunda grande não foi o suficiente para amortecer a queda e assim que caí, senti a dor no pé da barriga.

Comecei a chorar baixinho, tentando controlar o meu desespero e Catarina veio logo me abraçando para também tentar me acalmar. Quando o Chris se aproximou, a mãe dele e a Milleny também já estavam no local e uma pequena multidão se aglomerou ao meu redor. Ele estava visivelmente irritado e abalado, falava aos berros no telefone enquanto tentava arrumar uma ambulância e não saiu de perto de mim nenhum momento. Quando o veículo chegou, os enfermeiros me colocaram em uma maca com cuidado e me levaram para o hospital. Christopher manteve as suas mãos unidas às minhas durante todo o trajeto enquanto repetia para si mesmo que tudo ficaria bem.

A Dra. chegou e se apresentou com o nome de Ema, já passei nela a primeira vez.
Ela e uma mulher loira, tinha olhos verdes, corpo magro e deveria ter uns 35 anos. Mesmo com dor, consegui reparar em cada detalhe dela, graças ao ciúmes que eu sentia todas as vezes que uma mulher chegava perto do Christopher. Eu não era assim antes dele, mas depois que eu o conheci, mal conseguia me controlar.  Depois de algumas horas tomando soro, e já me sentindo melhor, a Dra Ema veio me examinar e no momento que ela botou as mãos em minha barriga, senti dor. Eu estava amedrontada e pensava a todo momento que eu não conseguiria suportar se algo acontecesse ao meu bebê.

— Ana Júlia eu já te dei uma medicação para dor e estamos preparando a sala de ultrassom.

— Dra, cadê meu marido?

— Ele já está vindo — Respondeu. Ela girou a cabeça para trás e sorriu — Falando nele, é aquele homem parado ali na porta te admirando?

Ele estava todo paramentado, por isso não o reconheci, mas logo o identifiquei pelo seu olhar sério. Mesmo de longe, eu conseguia ver o quanto ele estava tenso, preocupado comigo e com o nosso bebê.

Ele se aproximou da minha cama, se abaixou e deu um beijo casto nos meus lábios.
Ele me olhou com ternura e me perguntou:

— Amor você está se sentindo bem?

Seus olhos estavam lacrimejando e senti pelo tom da sua voz o quanto ele estava se segurando para não chorar. Ele queria ser forte por nós dois, queria transparecer tranquilidade para tentar me acalmar e por isso, logo tratou de aliviar aquelas lágrimas que se formavam em seus olhos. Ele piscou algumas vezes e respondi um pouco tonta e com sono por causa da medicação.

— Dra. eu estou muito ansiosa, preciso saber como está o meu bebê!

— Ana Júlia, já vamos fazer o ultrassom, tá bom?

Christopher acariciou os meus cabelos delicadamente e voltou a falar com a voz serena.

— Amor está tudo bem com o nosso neném, tenho certeza que Deus não vai permitir um aborto espontâneo. Deus nos deu ele ou ela e vai dar tudo certo, vamos confiar em Deus!

Um casamento da conveniência ao amorOnde histórias criam vida. Descubra agora