2 Carona

250 18 0
                                    

No sábado de manhã, decidi tirar um dia de folga e chamar minhas amigas para irmos à praia, pois estava precisando relaxar.

- Foi exatamente isso, no sábado, e depois na segunda, duas rapidinhas, nada muito significativo. Estou notando que não é apenas da parte dele, mas também da minha. Parece que é uma obrigação, e pior, estou com a consciência pesada por fazer pouco sexo. Agora sinto que tenho a obrigação de fazer mais vezes. Não é que eu não tenha tesão nele, meu marido é lindo, mas nada do que fazemos nos tira dessa monotonia. - Nina desabafou.

- Nina, meu amor, por mais que você adore pizza, se você começar a comer pizza todos os dias, além de engordar, vai acabar enjoando. Você precisa experimentar coisas novas. - Carla falou enquanto prendia seu longo cabelo preto em um coque e entregava o bronzeador para Carola passar em suas costas.

- Acho tudo muito perigoso, você tem que tomar muito cuidado, dependendo do que fizer, pode correr o risco de perder o Jonathan. - Eu concordei com Carola.

- Espera aí, você disse que chegou ao banheiro e ele já estava se masturbando, e aí eu te pergunto, se masturbando para quem? - Carla provocou.

- Carla, eu te proíbo de fazer isso. - Carola suplicou.

- A verdade é que ninguém se masturba olhando para uma árvore ou uma nuvem, ninguém em sã consciência. - Carla continuou, fazendo Carola balançar a cabeça em negação.

- Carla, você está levantando a hipótese de que a falta de interesse do meu marido pode ser porque tem outra? - Perguntei, incrédula.

- Por que estão tão surpresas com isso? Jonathan é um sujeito bonito, rico e inteligente. Vocês acham mesmo que Nina seria a única pessoa na face da Terra a se interessar por ele? É por isso que eu faço swing, só assim ninguém tem que trair ninguém. Se Rodrigo gosta de uma mulher, tentamos fazer amizade com ela, a ponto de ter intimidade para oferecer uma troca de casais, e todo mundo sai feliz. - Carla explicou como se fosse algo muito óbvio.

Concluindo, fui para a praia tentando afastar um incômodo e acabei voltando com um elefante na mente.

...

Deixei minhas amigas em casa e, ao voltar, passei em frente ao shopping, onde vi Tessa esperando o ônibus. Sem pensar muito, parei meu carro e ofereci uma carona.

- Entra aí, eu te levo até em casa. - Falei, olhando pela janela.

- Não, obrigada, minha casa é muito contramão. - A garota, vestida com o uniforme da lanchonete, sorriu sem graça, mas eu insisti e estiquei o braço para abrir a porta para que ela entrasse. Tessa entrou no carro e sentou ao meu lado, cumprimentando-me com dois beijos no rosto, como se já fôssemos íntimas.

- Desculpa, como pode ver, saí da praia há pouco tempo, estou com mais sal e areia do que gostaria. Mas onde você mora? - Perguntei, empolgada.

- Santo Antônio. - A morena respondeu, e então parti com meu carro.

Tessa olhava para todos os detalhes do carro, e na tentativa de puxar assunto, perguntei:

- É um Tesla Model 3,  seu nome é Tessa, não é?

- Na verdade, me chamam assim porque meu nome é muito esquisito, me chamo Tessalonicenses. Minha mãe era muito religiosa. Com tantos nomes bonitos na Bíblia, ela foi escolher logo esse, que nem parece nome de gente. Podia ser Ester, Raquel, Rute ou até Maria... - Tessa comentou, revirando os olhos, enquanto eu segurava o riso.

- Quantos anos você tem? - Perguntei, ainda esperando o semáforo abrir.

- Tenho 18 anos. - Tessa respondeu, mantendo o olhar curioso sobre o carro.

Após algum tempo, chegamos a Santo Antônio, passamos pelo santuário e, seguindo as indicações da garota, entrei em um beco tão estreito que, se precisasse abrir a porta do carro por completo, não conseguiria.

- É aqui. - Tessa agradeceu pela carona, selou meu rosto novamente com dois beijos e saiu do carro, pedindo desculpas por ter usado mais força do que o necessário para fechar a porta. A casa para a qual ela entrou era extremamente pequena e antiga, com um telhado de eternit. Em resumo, era a casa mais humilde do beco. Antes de fechar o portão, Tessa sorriu para mim e esperou que eu arrancasse com o carro antes de entrar em casa.

...

No dia seguinte, aproveitei o pouco movimento na praça de alimentação para abrir meu notebook e pesquisar sobre o tal swing.

"Adeptos afirmam que o local serve para 'colorir' os relacionamentos, mas dizem que acordos prévios são fundamentais."

Eu realmente não me via em um lugar desses. Como assim, transar com alguém sem um sentimento genuíno? Mesmo que eu tivesse coragem, como faria a proposta para Jon? Ele aceitaria? Será que Carla está certa e já é tarde demais, e Jonathan já está me traindo? Preciso esclarecer isso. No meio de todas essas perguntas, uma bola de guardanapo foi atirada bem na minha cabeça, o que me fez fechar o notebook rapidamente por instinto.

- Oi, você não me disse seu nome. - Tessa falou, sorrindo.

Deixei meu notebook em cima da mesa e fui até a lanchonete em que a garota trabalhava e me apresentei:

- Olá, chamo-me Nina, que não é apelido, é nome de verdade. Qual é o melhor hambúrguer daqui? - Tessa sorriu e respondeu: - O mais caro, é claro.

Eu não sei o que estava acontecendo. Quando vim à praça de alimentação procurando um lugar para mexer no meu notebook, não havia percebido que estava bem na frente da hamburgueria onde Tessa trabalhava. Talvez isso seja um sinal. Pedi um lanche e depois de comer, escrevi o endereço de um café que costumo frequentar em um guardanapo, junto com um horário, e entreguei à morena quando levantei para guardar a bandeja.

Casamento perfeito.  (+18)Onde histórias criam vida. Descubra agora